I can't stop staring at you || AFTG

Capítulo 12. a realidade

O cheiro do café forte preenche toda a cozinha. Enquanto aguardo a cafeteira terminar, olho pela janela da cozinha. O dia ainda está amanhecendo. Poderia dormir mais algumas horas, mas sei que essa seria a última coisa a acontecer se eu permanecesse na cama.

Aaron volta hoje e Nicky ficará mais alguns dias por aqui antes de precisar voltar à Alemanha.

Não sei como será quando Aaron voltar. Ou ele vai agir como se nada tivesse acontecido, ou continuar na briga do ponto que paramos dias atrás.

As coisas com Aaron sempre são confusas e aprendi a nunca esperar por nada em específico, pois geralmente isso não irá acontecer.

A festa com os amigos de Neil aconteceu há 2 dias e quando nos vimos novamente na farmácia, evitamos qualquer assunto relacionado com a conversa mais pessoal daquela noite. Fizemos o que eu disse que faria: fingir que aquele assunto nunca aconteceu. Mas, mesmo que eu não tenha comentado mais nada sobre isso com ele, não paro de pensar em tudo o que foi dito. Em como ele é sozinho. E isso me faz sentir algo que ainda não consigo identificar, mas estou com receio de que seja tristeza.

Outra coisa sobre ele que não sai de minha mente é a sua última frase naquela noite. Mas, ainda não consigo ter coragem para lidar com essa verdade.

Às vezes me sinto uma pessoa muito medrosa e fugindo da realidade por estar evitando esse assunto com ele, sendo que, obviamente, há algo que ele sabe e quis insinuar. Só que, talvez, eu só esteja tentando adiar um pouco o fim da ilusão que criei ao meu redor. Preciso aproveitar os momentos de calmaria antes da tempestade me atingir por todos os lados.

O ar gélido me traz para minha realidade e espanta um pouco a letargia de uma noite mal dormida.

A manhã está bem gelada e tudo indica que choverá ao longo do dia - e digo isso unicamente pelo fato de que a previsão do tempo em meu celular informou isso, pois não faço ideia de o que as pessoas veem no céu que indica tempo de chuva.

Os primeiros raios de sol estão começando a surgir e a iluminar a cozinha além da luz fraca vinda do corredor.

Quando a cafeteira termina o café, encho uma xícara com ele. Café preto, amargo. Para combinar com o clima dos últimos dias, meses e anos da minha vida.

Permaneço sentado na mesa da cozinha, olhando o céu ganhar uma nova coloração quando o sol nasce. Bebo algumas xícaras de café e só como algo junto por receio de acabar ganhando uma úlcera com tanto café preto pela manhã.

Quando o relógio marca pouco mais de 9 horas, o barulho de um carro entrando no terreno da casa atrai minha atenção. Não me levanto e aguardo os 3 garotos entrarem pela porta da cozinha. Nicky surge primeiro e sua expressão no rosto indica que as coisas não estão muito bem.

- Se prepara - ele me avisa, e vai em direção ao corredor do quartos, carregando sua mala de viagem.

Respiro fundo, bebo mais um gole de café e espero pelos outros dois. Escuto a voz de Kevin antes mesmo de vê-los, e seu tom de voz expressa irritação.

- Você pode fazer o favor de pelo menos tentar, Aaron. - Kevin fala pouco antes de surgir na porta da casa.

Ele solta a mala de Aaron no chão ao lado da porta e me encara.

- Bom dia - cumprimento meu cunhado, com um sorriso no rosto.

- Hoje não é um bom dia - ele retruca, e é empurrado pelo corpo de Aaron, que esbarra nele ao passar pela porta.

- Precisa ficar trancando o caminho, Kevin? - Aaron reclama em tom de voz elevado.

- Começou bem o dia, heim - comento, suspirando.