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Flashback...

Eu tinha chegado em casa a poucos horas, estava deitada com o braço apoiando minha cabeça,com minha filha na exata cama em que ela foi feita, isso era estranho.

Eu estava reparando cada detalhe dela, ela nasceu com os cabelos claros, muito branquinha, suas bochechas eram gordinhas, dava vontade de morder, mais ela era toda pequenina.

— Posso entrar? — minha mãe deu leves batidas na porta do meu quarto, eu fiz que sim com a cabeça sorrindo — ela é tão linda — minha mãe disse sentando do outro lado, eu de um lado, Amélia no meio e minha mãe do outro lado, Amélia estava dormindo.

— Claro né mãe, foi em quem fiz — eu dizia sorrindo olhando para minha filha

— Não se gabe tanto, ela se parece muito mais com ele do que com você — eu parei de rir olhando para minha mãe que sorria, como assim?

— Oque? Eu não entendi... — ela me interrompeu

— Filha, eu sei quem é o pai dela, e não, não é porque ela se parece com ele — então como?

— Não é quem você está pensando — eu disse tentando reverter a cabeça dela

— O Gabriel é o pai dela, né? — meu coração quase saiu pela boca. Como ela sabia?

— É, mãe — eu não menti para ela, não conseguiria — ele é o pai dela — ela me olhava — como sabe? Da para outra pessoa saber do mesmo jeito? — eu dizia nervosa

— Não filha, não dá — ela disse rindo — eu vi ele saindo do seu quarto de madrugada, no dia que ele foi embora, e semanas depois coincidentemente, você fica grávida — é, ela tem razão — foi sua primeira vez?

— Foi — eu disse rindo

— Você deu uma sorte e tanto, em — ela disse rindo olhando para Amélia, eu concordei rindo — porque não contou para ele?

— Como sabe que eu não contei? — eu disse olhando para ela, que olhava para Amélia

— Se você tivesse contado, ele já estaria aqui a muito tempo, vendo a filha dele — é, verdade

— Mãe, a gente tá falando do Gabriel, ele não tem o menor juízo, você acha que ele iria gostar de saber que tem uma filha que acabou de nascer? — eu disse

— Sofia, de qualquer forma ele é pai dela, e isso é algo muito sério para esconder — ela falava — vai ser fácil esconder, até porque ele está em outro país, mas uma hora ou outra, a vida vai novamente colocar ele no seu caminho, e ele vai conhecer a filha dele, seja daqui a 1 semana, 3 meses ou 4 anos

Dias atuais...

E cá estava eu, 4 anos depois, a vida novamente vai colocar ele no meu caminho, e ele vai conhecer a filha dele, e vai saber que ela é filha dele.

Mas não pensa que eu não tentei contar, eu tentei, porém foi em vão.

Eu tinha perdido o número dele, então fui em suas redes sociais, e em storys do Instagram, lá estava ele, curtindo festas, e beijando várias garotas. Ele não tinha mudado, e não era aquele que eu queria como pai da minha filha, ele não sabe cuidar nem dele, minha filha não iria merecer isso.

— Mamai — sai dos pensamentos com Amélia me chamando

— Sim, Amélia? — ela estava sentada no balcão da cozinha, eu estava fazendo o café da manhã

— A genti vai na vovó? — ela perguntava balançando as perninhas no ar

— A gente vai hoje, volta daqui dois ou três dias — eu a repondi

— Vai ter muta genti? — ela dizia com aquela voz meiga

— Não sei filha, talvez, seu vovô tinha filho, e talvez ele venha — eu disse querendo estar errada

— A tia luh tamem vai? — ela dizia

— Vai sim, vai ajudar a mamãe a vigiar uma criança muito sapeca — eu fui até ela beijando sua barriguinha, a mesma deu gargalhadas

— Eu so um bebê mamai, não quiança — ela disse brigando comigo

— Aaah então tá certo — eu disse para ela me dando por vencida

Nós duas comemos juntas, ela ficava rindo pra mim, de uma maneira tão fofa.

Assim que acabamos, deixei ela na sala vendo TV e fui arrumar uma mochila para mim e para ela, já que vamos ficar na casa da minha mãe por dois ou três dias. Durante todo o velório do Rodrigo, eu tinha que estar lá pela minha mãe, ela estava lá por mim quando eu precisei dela, eu vou estar lá por ela agora.

A casa tava muito silenciosa, e quem tem criança e uma casa silenciosa tem alguma coisa de errado, e a Amélia as vezes brincava de humilhar a minha paciência, oque eu nunca tive muito, mas eu virei mãe, né.

— Amélia? — eu disse alto para ela ouvir, ela não respondeu — Amélia! — eu disse mais alto e nada

Eu levantei da cama do meu quarto, já que a bolsa dela já estava pronta.

Cheguei na sala, onde ela estava, porém não estava mais.

Nós temos um Golden, o Tommy, companheiro da Amélia, eu tinha era dois filhos que acabavam com a casa.

— Amélia? — quando eu cheguei na cozinha, tinha trigo pra todo lado, e o Tommy tava deitado lá no meio, de amarelo ele tava branco — AMÉLIAAAA!! — eu gritei seu nome

Logo a mesma apareceu na minha frente segurando uma vassoura bem maior que ela, também estava toda branca de trigo.

— Amélia, oque é isso? — eu disse sem acreditar naquilo, ela sabia que tinha feito merda

— A bebê ia lipa, mamai — ela dizia sobre a vassoura, eu tinha a boca entre aberta

— Filha olha o Tommy, tadinho — o mesmo estava rolando no trigo — tadinho nada, deixa pra lá — fui até ela pegando a mesma no colo, quando ela deu um tapa na própria roupa, voando trigo em mim — porra, Amélia — eu disse nervosa, ela dava gargalhada

— Poa mamai — ela repetiu oque eu disse

— Não, não pode — eu disse querendo rir — mamãe pode, bebê não pode falar palavrão, tá bom?

— Mamai podi, bebê naum — ela repetiu — tá bom — ela dizia

Levei a mesma para o chuveiro, enchi a banheira de espuma e dei um belo banho nela, agora cheirosa e limpinha.

Já coloquei uma roupinha nela, nós já chegaríamos arrumadas para o velório, pra não atrasar muito, já coloquei um vestidinho preto nela, ele era todo soltinho, de manguinhas curtas.

Fui lá limpar oque ela fez, pra constar eu tenho que levar o Tommy também, passei um pano molhado nele pra tirar aquilo, minha sorte que ele ainda era um filhote, não era tão grande assim.

Deixei eles lá e fui tomar um banho rápido, já viu que não pode deixar eles sozinhos.

Coloquei um vestido preto colocado, as mangas dele iam até o pulso, meu cabelo estava bem lisinho,eu ainda tinha aquele mesmo corpinho, minha barriga era chapadissima, mas depois da gravidez eu desenvolvi mais bunda e peito, eu nem parecia ter uma filha pelo corpo que tenho.

Esses tipos de vestidos me caiam muito bem, mesmo a ocasião não sendo a adequada para se arrumar tanto.

Coloquei um tênis preto, nada de salto, nunca gostei muito, gosto, mais quero estar confortável lá.

Coloquei uma sandalinhas de brilho na Amélia, até o Tommy colocou uma gravata preta, já que ele ia mesmo.

Peguei minha filha no colo depois de pegar as mochilas e colocar a guia no Tommy, fui com eles até o elevador, chegando no estacionamento do prédio.

Coloquei o tommy no carro, depois coloquei a Amélia na cadeirinha, coloquei as mochilas no porta malas, ainda passaria na casa da Luísa pra pegar ela.

(...)

Depois de pegar a Luísa na casa dela se dirigimos até a cidade vizinha, onde ficava minha antiga casa.

Lá vamos nós, né...

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