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𝙿𝚘𝚛 𝚂𝚘𝚏𝚒𝚊...

Já estava no final do dia, minha mãe e Luísa estavam lá para cima, Gabriel entrou para o quarto com a namorada e devem estar conversando até agora,bom e eu... eu estava na sala meio que deitada no sofá com a Amélia dormindo no meu braço direito, eu estava de comprido no sofá.

Logo eu vi o Gabriel descer as escadas e vim andando na minha direção. Não vou mentir, era estranho demais ver ele por essa casa depois de tanto tempo.

— A gente pode conversar? — ele chegou perto do sofá mexendo nos dedos

— Pode — ele ficou com receio, mas se sentou no sofá

— Ela parece comigo, né? — ele dizia com um sorrisinho de orgulho

— É, parece — eu disse sorrindo mexendo no cabelo dela — sobre oque quer conversar? Amélia?

— Envolve — ele também deitou no sofá virado pra mim — amanhã seria o dia em que eu iria embora — ele começou

— Essa histórinha de você ir embora é antiga — eu me lembrei da primeira vez

— Eu sei, mas...agora é diferente né — ele passou a mão no cabelo da Amélia — eu tenho que falar a verdade para a Vitória — ele disse e eu logo abaixei o olhar

— Claro — eu disse baixo — ela parece estar super incomodada com a sua relação com a Amélia — eu dizia olhando para a mesma

— Ela está, mas eu entendo ela, de verdade — ele me olhava — ela não pode ter filhos, e se sente culpada por não termos um filho — ele parou por uns segundos — hoje ela disse que se eu tivesse um filho, não seria com ela,mal sabe ela que eu já tenho uma filha — ele brincava com os cabelos da Amélia

— Desculpa ter que fazer você passar por isso, eu juro que se soubesse que iria ser assim, eu teria feito diferente — eu dizia tentando não chorar

— Tá tudo bem Soh — ele nem me chamava assim — aconteceu, você ficar grávida não foi uma opção, me contar foi, mas você estava fazendo oque achava melhor para a Amélia, mas isso não anula seu erro, entende?

— Eu sei — eu sempre evitava contato visual com ele, não sei porque — o quanto antes as coisas forem resolvidas, mas fáceis serão

— Vou falar com ela de noite, tenho certeza que ela vai ficar puta e ir embora o quanto antes, mas de qualquer forma — ele me olhou de um jeito que parecia estar com a mente a milhão — a Amélia veio antes dela, mesmo que eu não soubesse

— Não é estranho para você? Se tornar pai do dia pra noite e já tratar ela como sua prioridade? — eu dizia

— Sim, é estranho, mas ela é minha prioridade agora, não importa o que vem antes ou depois dela — ele deu uma risadinha — eu nunca ia imaginar na minha vida que a minha irmãzinha super gentil e meiga, seria a mãe da minha filha — ele me olhou com um sorriso pequeno, o que eu retribui

— Você acha que eu ia mesmo imaginar que meu irmão maria fumaça, super grosso e encrenqueiro, ia ser o pai da minha filha? — ele riu — acho que não né

— Meus planos era deixar só a pulseira como uma lembrança minha — ele olhou para Amélia — mas eu achei pouco e deixei algo mais especial — eu ri com seu comentário

— Eu sei, pergunta idiota, mas...jogou fora a pulseira que eu te dei? — aquilo ainda estava em minha cabeça

— Não — ele disse sem me olhar — parei de usar por um motivo bobo, mas que não foi bobo na época — eu não pude compreender oque ele queria dizer

— Então ela ainda existe?

— Sim, está guardada — foi tudo que ele disse

— Entendi

— Amélia, filha, você foi planejada em, não esquece oque o papai está falando, tá — ele disse debochando, voltando a conversar com ela. Não pude esconder meu sorriso e meu olhar de felicidade diante daquela cena — não me olha desse jeito

— Que jeito? — fiz a sonsa e continuei olhando do mesmo jeito

— A última vez que me olhou assim, você era apaixonadinha por mim, e fizemos uma filha — terminou com chave de ouro

— Eu não era apaixonadinha por você — eu mentiria mais não deixaria ele se gabar — nunca fui — ele deu uma risada debochada

— Tanto não era que tá aqui oh — ele apontou para a Amélia — fazer oque né

— Ah, acontece todo dia — eu disse rindo, Amélia começou a se mexer — está dormindo a tando tempo já

— Minha filha é linda cara — ele dizia como se estivesse orgulhoso — porra eu sou foda — acho que agora a ficha dele estava caindo

— Como é? — eu olhei pra ele

— É bonita desse jeito porque foi eu quem fiz, né — eu ri um pouco alto — você teve uma parcelinha no meio do meu trabalho bem feito, mas a sua foi bem pequena

— Eu carreguei ela por 9 meses, ela é parecida com você, mas tem meus olhos e meus cabelos — eu dizia o óbvio — tive que aguentar os chutes, meus pés inchados, meu longo e grande repouso porque a gravidez era de risco, tive que aguento os...

— Não pera aí, é oque? — ele me interrompeu — de risco? Você teve gravidez de risco?

— Ah, tive sim, com 5 meses eu tive um grande descolamento de placenta, tive que repousar por todo o resto da gravidez — eu bufei — foi um saco

— As vezes eu penso que já sei o suficiente sobre essa gravidez, e na verdade não sei de nada — ele dizia

— Não dá pra te contar oque aconteceu em 4 anos em 2 horas — eu ri e ele ficou me olhando — qualquer dia eu faço isso, até porque é uma longa história

— Ah e eu sei que a história é longa, afinal — ele começou a dizer e sorriu, mas logo parou, parecendo pensar em algo — sobre oque disse ontem, quando surtou — eu me lembrei na hora — eu não consegui dizer nada na hora, eu não sei, só não...não saiu nada. Eu nunca quis ir embora, eu não abandonei você como "um saco de merda" — ele fez aspas com os dedos — eu só nunca pensei que fosse realmente precisar de mim em algum momento, sabe o quão importante foi na minha vida, e isso nunca vai mudar. E se eu tivesse conhecimento sobre ela antes — ele olhou para Amélia — eu teria voltado, na hora. Eu realmente me sinto péssimo por saber que corroeu a mágoa por tantos anos e nunca decidiu sequer me ligar — ele me olhava, de um jeito diferente — teria evitado muita coisa se tivesse me ligado assim que descobriu, e jamais teria que passar por tudo sozinha — senti uma vontade enorme de chorar, e acho que ele percebeu quando esfreguei meus olhos

— Eu queria ter noção disso antes — eu limpei a lágrima rapidamente — eu deveria ter ligado — a lágrima caiu sem que eu percebesse

— É, deveria — ele passou os dedos com delicadeza em meu rosto, secando as lágrimas com um sorriso muito singelo no rosto — acho que remoer isso agora vai ser pior. Queria ter te encontrado aqui na sala muito antes, eu juro — ele sorriu, me fazendo rir por saber que ele se lembrava disso

— Eu não facilitei as coisas — eu confessei — foi mal

— Sabe de uma coisa, podia ter sido pior, quando eu... — ele ia começar a dizer algo, mas foi interrompido

— Gabriel, quero falar com você rapidinho — a Vitoria apareceu na porta da sala

— Claro — ele se levantou do sofá me olhando, logo indo até ela

Ela saiu andando na frente dele em direção das escadas, e bom...acredito que agora ele vá contar para ela sobre a Amélia, não consigo imaginar qual será a reação dela...

(...)

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