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— Então pode dizer — coloquei minhas pernas dobradas uma por cima da outra no sofá

— Eu não sei se você vai gostar ou não disso — fiquei olhando curiosa — mas eu aluguei um apartamento aqui nesse prédio — eu deixei a boca entre aberta

— E você conseguiu?? — eu disse supresa

— Não foi fácil, mas foi mais tranquilo, acho que assim vai ser melhor

— Não vejo nada demais — eu dei um sorrisinho — nesses últimos 3 dias ela só sabia perguntar quando a gente ia na vovó de novo, foi um saco 

— Tadinha — ele riu — eu fiquei com uma dúvida, e queria tirá-la com você

— Diga — me ajeitei no sofá

— O Henrique é seu pai, ele não está mais com a minha mãe, mas...pelas contas ele estava junto com ela na época que a Amélia nasceu, ele nunca disse nada sobre você ter uma filha, ele sabia disso?

— Sim, sabia — ele ficou esperando eu terminar — ele foi visitar ela quando ela nasceu, fiquei com receio dele te falar algo, comentar sabe — eu mexia nas mãos — acabei falando para ele a verdade, e ele brigou um pouco comigo, primeiro por eu ter ficado com você que era como meu "irmão", segundo por termos cidos irresponsáveis e ter deixado acontece de eu ficar grávida, e terceiro porque eu disse que você não sabia e que eu não ia contar — eu respirei um pouco — ele me deu bastante esporro, mas no final de tudo me apoiou, como todos os outros que sabiam

— Filho de uma puta — ele riu — eu estava em casa quando ele disse que viria para o Brasil para ver você, eu juro que quase vim junto — ele olhou sorrindo fraco para mim — mas poderia não ser bom, então eu deixei para lá. E depois disso ele chegou em casa com a cara de pau de saber e não me falar nadinha. Agora está explicado do porque que ele ficou me olhando torto por umas 3 semanas consecutivas — ele fechou a cara e eu ri

— Ainda tem contato com ele?

— Tenho, mas creio que ele é minha mãe não vão voltar, mas tão naquela de não saberem se tão fazendo a coisa certa, eu não disse nada a respeito — ele ficou me olhando — mas se duas pessoas se gostam, então que fiquem juntos, né. Ninguém ama alguém duas vezes, ou nunca amou, ou nunca esqueceu — fiquei reparando na forma como ele dizia olhando no fundo dos meus olhos

— Concordo — eu disse rápido

— É... — ele parecia pensar em algo — a Amélia sempre teve o cabelo ruivo? — ele mudou rapidamente de assunto

— Ela nasceu com o cabelo ruivo, com três meses caiu e aí ela ficou loira, e depois começou a crescer ruivo outra vez — eu disse sorrindo — bom, eu nasci loira, depois dos 1 aninhos que fui ficando ruiva

— Será que a Amélia vai mudar o cabelo de novo?

— Acho difícil, já teria mudado, eu acho, pelo menos — eu ri

— É, pode ser — ele ficou me olhando daquele mesmo jeito

— Você quer alguma coisa? Uma água? Um suco? — eu perguntei ja de pé

— Só uma água já está bom — eu concordei sorrindo indo até a cozinha que era separada da sala só por um balcão — então — ele chegou perto de mim e eu tomei um susto — relaxa, Sofi — ele riu

— Que susto, você estava lá até agora — eu continuei pegando a água — continua aí

— Eu acho que seria legal, se qualquer dia eu levasse a Amélia em algum lugar, oque você acha? — ele se encostou no balcão cruzando os braços

— Acho bom e não vejo problema nenhum, por mim tá tranquilo — eu entreguei a água para ele que segurou com a mão direita — em qual apartamento você tá?

— A uns dois andares abaixo daqui — ele bebia a água

— Preferiu ficar embaixo? — eu me encostei no balcão da pia

— Eu prefiro ficar por baixo — eu levantei a sobrancelha quando ele terminou de falar, ele logo notou oque disse e começou a tossir e eu rachei de rir

— Como é que é? — eu disse entre minhas gargalhadas vendo ele ficar completamente sem jeito, olhando pra mim mordendo o lábio de baixo tentando arrumar uma forma de concertar aquilo

— Meu Deus, não foi isso que eu quis dizer — ele colocou a mão esquerda na testa — eu ia dizer que fiquei no andar de baixo, que eu preferia o andar de baixo — ele parou de falar olhando para minha cara — esquece por favor

— Bom, e a informação desbloqueada hoje foi que você preferi ficar por baixo — eu disse implicando com ele que tava olhando pra parede de tanta vergonha — você não está com vergonha, né?

— Claro que não, Sofia, nunca fui disso. Só porque eu me embolei um pouco na frase, você vive fazendo isso, e está tudo bem — ele me olhou — não é como se você não soubesse disso — parei de rir olhando para ele sem esboçar reação alguma

— Oque? — agora quem ficou um pouco sem jeito foi eu — as vezes eu até esqueço que algo já aconteceu entre a gente

— Eu não. Fica meio difícil olhar para você e não lembrar, né?

— Eu não disse que faço diferente disso — eu parei de falar — isso não importa afinal — eu ri para disfarçar

Ele veio até mim ficando na minha frente e colocando uma mão de um lado da pia, a outra ele colocou o copo nela, eu não me mexi de tão travada que eu tava.

Eu sentia meu coração bater mais forte que o normal, meu corpo gelar, minhas mãos suarem, minha barriga criar um mar de borboletas, minha garganta que engolia em seco.

Ele estava próximo o suficiente de mim, eu sentia o seu perfumo com um cheiro maravilhoso. Minha cabeça estava para o chão por eu não conseguir olhá-lo nos olhos, mas ele não parecia se importar com isso.

Ele colocou a mão por baixo do meu queixo o levantando em sua direção, e finamente eu estava olhando em seus olhos escuros, enquanto os meus azuis iam em sua direção.

— Oque está fazendo? — eu disse baixo quando senti a mão dele entrar por dentro na minha blusa pela cintura, e começar a subir, eu respirava fundo

— Eu sei que você nunca me esqueceu, eu também não te esqueci — ele dizia perto do meu ouvido

Uma de minhas mãos estavam apoiadas na beirada da pia, a outra estava no peito do Gabriel, eu não conseguia não resistir a ele, porque eu ainda era assim? Ele deveria estar sendo apenas o pai da minha filha, isso claramente não será assim né

Ele me olhou nos olhos e desceu seu olhar para minha boca, e quando ele finalmente chegou perto o suficiente para nossos lábios se encostarem por uns 2 segundos, ouvimos a Amélia vindo correndo pelo corredor.

— Mamai, guardei — Gabriel saiu de perto de mim muito rápido, e eu fiquei estática ali só processando oque aconteceu

— É...então — ele começou a dizer — olha — ele abaixou na frente da Amélia — vou ir no meu apartamento porque preciso fazer umas coisinhas, e depois eu volto pra te ver, tá bom?

— Vai voltar mesmo? — ela cruzou os braços

— Vou sim — ele disse para ela logo dando um abraço nela e se levantando

— Vou abrir a porta pra você — eu passei na frente dele indo até a porta e abrindo ela — pode voltar quando quiser, tá — eu estava tentando o máximo para parecer tranquila com aquilo

— Tá bom — ele deu um sorriso rápido — até depois — ele logo saiu até o elevador

— Até -a eu disse mesmo que ele não fosse ouvir, logo fechando a porta e respirando fundo

Fui até a sala sentando no sofá com as mãos na cabeça, não acredito que fiquei bem por fazer aquilo, mesmo que no fundo eu soubesse que poderia dar merda, as vezes eu esqueço que não somos mais dois adolescentes e sim dois adultos donos de nossas próprias vidas.

(...)

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