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Por Sofia

Já estávamos em casa. Depois do velório víamos embora, já que o clima estava muito pesado la, não que tenha mudado algo até aqui.

Eu estava deitada na cama, Luísa dormia em uma ponta, Amélia no meio, e eu do outro lado, quando eu quanto a Luísa estávamos viradas para Amélia, Tommy dormia na ponta da cama.

Senti uma sede absurda e levantei da cama com a intenção de ir até a cozinha beber um copo d'água, bom... para meu "azar" quando eu desci o último degrau da escada, Gabriel estava lá encostado no balcão da pia, virado para minha direção com um copo d'água na mão direta, ele tinha sua cabeça para baixo. Eu tentei voltar para cima de novo mais ele me viu antes que eu pudesse sair dali.

— Volta — ele disse quando eu tentei subir de novo, eu respirei fundo e me virei ainda no penúltimo degrau da escada — Porque está fugindo de mim?

— Eu não tô fugindo — eu caminhei até a geladeira disfarçando — eu só pensei que Amélia tinha me chamado — eu coloquei a água no copo

— Ah, claro — ele colocou o copo na pia me olhando sério — você disse que a gente conversaria mais tarde — ele cruzou os braços — pode começar

— Começar? Começar com oque? — eu coloquei o copo de água na boca

— Por favor, não se faz de idiota — ele estava virado na minha direção

— Oque quer que eu fale? — eu coloquei o copo na pia tbm

— Eu acho que hoje já aconteceu coisa o suficiente, né? — ele já começou a encher os olhos de lágrimas, mas as engoliu — eu mudei um pouco depois que fui embora, não vou mentir que senti sua falta como nunca senti a de ninguém. Eu confiei em você por todo o tempo em que eu estivesse aqui, e mesmo depois que fui embora — ele respirou fundo — então se tem alguma coisa para me falar, fala — ele dizia baixo

— Eu não tenho nada para fa...

— Você tem sim! — ele disse um pouco mais alto depois de me interromper, me assustando brevemente — para de mentir, você nunca foi uma mentirosa, então para!

Eu coloquei as mãos na cintura respirando fundo.

— Por favor, me fala — seus olhos tinham gotas de lágrimas

— Gabriel — eu não sabia nem por onde começar — quando você foi embora — ele prestava atenção — eu fiquei péssima, o suficiente para não querer sair do meu quarto, isso me afetou bastante — eu mexia nos meus dedos — até eu começar a passar mal, mas poderia ser pela falta que você tava fazendo, até que... — era aquela fala que não saia — por conta próprio eu decidi fazer um...um teste — ele mudou a expressão em seu rosto — e eu estava...eu estava grávida — ele descruzou os braços fechando completamente a cara — eu não fiquei com outra pessoa só com...você.

— Mentira — ele passou as mãos na cabeça — você não fez isso, não fez, você não fez — ele disse mais alto — você não faria, né? Óbvio que não, a santa Sofia JAMAIS — ele deu ênfase — esconderia algo assim de mim, né? — ele ria de nervoso — sua filha não é minha filha, não é? — ele já tinha seus olhos vermelhos

— Eu sinto muito — ele abaixou a cabeça rindo de nervoso — eu queria ter te contado mas...

— Você faz ideia do que você fez! — ele deu um tapa no balcão — oque você pensou que estava fazendo?!

— Eu só fiquei com medo — eu dizia mais baixo

— Medo? Você tinha medo?! — ele falava desacreditado — você não tinha que ter medo, você tinha que ter noção! — ele claramente estava nervoso — você escondeu uma filha?! Uma filha, Sofia! Não é uma boneca, porra!

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