XIV - The last day

3.5K 332 344
                                    

⚠️ Pode conter gatilhos relacionados a assédio e abuso sexual.
⚠️ Não estou passando pano para as atitudes do Rhys Sob a Montanha. Estou usando as mesmas justificativas que a Sarah colocou no livro e é canon.

Após a segunda tarefa, Feyre se tornara outra pessoa.
Ela parecia apenas ser uma casca, vazia.
Ela não me fazia mais perguntas curiosas, não me insultava, não lutava contra mim, não me odiava.
Ela não sentia nada ao que parecia. Aquilo ia piorando cada dia mais, mesmo quando eu a provocava, quando a insultava, ela não reagia. Apática a tudo e todos.
Feyre estava afundando em si mesma, e eu tinha cada vez mais medo de não conseguir salvá-la.

Nuala e Cerridwen também haviam me informado de problemas. O Rei de Hybern não estava feliz com o comportamento de Amarantha.
Era claro que se nós livrássemos de Amarantha enfrentaríamos outro problema logo mais.

Faltavam apenas dois dias para a terceira tarefa. Dois dias para sabermos do nosso destino. Dois dias para tudo estar nas mãos de Feyre.

Então verifiquei ela pelo nosso acordo.
Estava tão solitária, triste. Ela estava morrendo, sua alma estava morrendo.
Eu precisava salvá-la, eu precisava salvá-la...

Me lembrei da melodia que sempre me consolava. Que eu sempre revivia em minha mente.
Era uma linda canção, tocada nas ruas de Velaris pelas bandas que faziam suas apresentações ali. Era a minha preferida desde que eu era criança. Tinha dias que eu saia de casa e ia a beira do Sidra apenas para ouvi-la.
É, eu sentia falta. Mas me lembrar dela sempre ajudava.

Então enviei para ela aquela música, aquela melodia tão doce e perfeita, a lembrança dela sendo tocada a beira do Sidra pelos melhores músicos de Velaris. Enviei aquele som carregado de sensações, carregado de felicidade, carregado da vida de Velaris, do pôr-do-sol pintado o horizonte e banhando a cidade conforme as pessoas passeavam, bebiam, e trabalhavam pelas ruas.

Então fiquei ali recebendo seus pensamentos, recebendo suas emoções, contendo a vontade de ir até lá, abraça-la, conforta-la.
Ainda havia emoção, ainda havia sentimento.
Ela não estava oca, não estava vazia.

Feyre resistiria. Eu rezava para isso.

🌌⭐🌌

A festa a véspera da terceira tarefa acontecia fervorosamente.

Uma feérica estava em colo, acariciando meus cabelos.
Uma obra de Amarantha enviá-la ali, com certeza.

Eu teria que ir procurar Feyre logo, ela sozinha em meio aquela festa por ser problema.

A busquei pela multidão, e vi apenas um vulto de seu cabelo castanho-dourado entrando em uma das portas que levava a corredores ocultos.
Que merda ela estava fazendo?
Busquei pelo salão outra vez e não encontrei Tamlin em lugar algum... era óbvio.
E os dois eram as pessoas mais burras que eu havia conhecido. Será que pensavam que Amarantha não perceberia? Seria questão de minutos até ela notar a falta de Tamlin.

Meu sangue fervilhou. Tamlin não imaginava que isso poderia dar muito, muito errado?

Me levantei retirando a fêmea que estava no meu colo de cima de mim e andei distraidamente pelo salão me certificando ué nem Amarantha ou seus capangas estavam me seguindo.

Atravessei até o local para que não vissem por onde eu tinha entrado e escutei os grunhidos e gemidos.
Claro, óbvio. Por um único momento Tamlin tinha a chance de ajuda-la. Quando ela estava machucada, quando estava definhando, Tamlin não procurava formas de se esgueirar de Amarantha, mas ali para foder com Feyre no que poderia ser seu último dia de vida, ele tinha conseguido escapar.
Minha respiração se acelerava e eu tentava conter o ódio crescente em mim.

A Corte do Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora