Depois de discutirmos o dia seguinte, levei Feyre de volta para Casa, ela precisava descansar.
— Hoje à noite... senti você de novo. Pela ligação. Passei por seus escudos? — Ela perguntou enquanto sobrevoavamos Velaris.
— Não — Respondi. — Essa ligação é... uma coisa viva. Um canal aberto entre nós, moldado por meus poderes, moldado... pelo que você precisava quando fizemos o acordo.
Uma boa desculpa o acordo, quando o que eu realmente tentava entender era o laço de parceria.
— Eu precisava não estar morta quando concordei. — Ela disse.
— Você precisava não estar sozinha. — Respondi. E era verdade, deuses, Feyre quase tinha se afogado em si mesma durante aqueles meses.
Nossos olhos se encontraram. E mesmo no escuro, eu conseguia ver aqueles inconfundíveis olhos azuis.
— Ainda estou aprendendo como e por que às vezes conseguimos sentir coisas que o outro não quer saber — admiti. — Então não tenho uma explicação para o que sentiu esta noite.
— Deixou que Amarantha e o mundo inteiro achassem que você governava e se divertia em uma Corte de Pesadelos. Tudo fachada... para manter o mais importante a salvo — Argumentou Feyre.
— Amo meu povo e minha família. Não pense que eu não me tornaria um monstro
para protegê-los. — Respondi.— Já fez isso Sob a Montanha. — Ela disse.
Eu sabia, e ainda doía ouvir isso. Mas... eu faria de novo e de novo caso necessário, não dava a mínima. Eu tinha algo mais importante para proteger do que minha própria reputação.
— E suspeito que precise fazer de novo em breve.
— Qual foi o custo? — Ela perguntou. — De manter este lugar secreto e livre?
50 anos sendo a vadia de Amarantha. Esse havia sido o custo. A Casa estava bem abaixo de nós, então apenas desci em direção ao terraço antes de responder.
Feyre se desveciliou de mim, mas antes que se afastasse segurei seu queixo, para que olhasse em meus olhos.
— Você já conhece o custo.
Em seu rosto era possível ler "A Vadia de Amarantha"
Acenei em confirmação.
— Quando ela me enganou e tirou meus poderes, deixando apenas migalhas, ainda me restou mais do que os outros tinham. E decidi usar o poder para entrar na mente de todos os cidadãos da Corte Noturna que Amarantha capturara, e de qualquer um que pudesse saber a verdade. Fiz uma rede entre todos eles, controlei ativamente as mentes a todo segundo de todos os dias, todas as décadas, para que se esquecessem de Velaris, esquecessem de Mor e de Amren e de Cassian e de Azriel. Amarantha queria saber quem era próximo a mim, quem matar e torturar. Mas minha verdadeira corte estava aqui, governando esta cidade e as outras. E usei o restante de meus poderes para proteger todos de serem vistos ou ouvidos. Só tinha o bastante para uma cidade, um lugar. Escolhi aquele que já estava escondido da história. Eu escolhi e agora preciso viver com as consequências de saber que restavam mais lá fora que sofreram. Mas para os daqui... qualquer um que voasse ou viajasse perto de Velaris não veria nada além de rochas estéreis, e, se tentasse andar pelo território, subitamente decidiriam pelo contrário. Viagens pelo mar e comércio estavam proibidos, marinheiros se tornaram fazendeiros, trabalhavam a terra em torno de Velaris. E porque meus poderes se concentravam em proteger a todos, Feyre, eu tinha muito pouco para usar contra Amarantha. Então, decidi que para evitar que fizesse perguntas sobre as pessoas que importavam, eu seria a vadia dela.
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A Corte do Príncipe Sombrio
FanfictionDurante a saga Acotar, conhecemos Rhysand, o poderoso Grão-Senhor da Corte Noturna pelos olhos de outros personagens. Mas e se dessa vez a história fosse contada pelo seu ponto de vista? A Corte do Príncipe Sombrio traz a já conhecida história da sa...