XXIX - "Love can be a poison"

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Eu estaria mentindo se dissesse que estava tranquilo com essa viagem.

Não, eu estava com medo.

Medo de que tudo desse errado, de que Tarquin descobrisse antes mesmo de conseguirmos pegar o livro.

Medo de criarmos mais um inimigo, quando eles pareciam ao menos neutros conosco, podendo ser nossos aliados em uma possível guerra...

Tinha passado a noite anterior tentando me distrair um pouco daquilo, mas só consegui ficar ainda mais irritado depois de Cassian e Az me limparem nas cartas.

Amren e eu já esperávamos no saguão quando Feyre apareceu. Linda, tão linda em um vestido lilás bordado com flores Noturnas e um belíssimo decote. As vezes eu me perguntava se ela tinha noção do quão linda era. Me perguntava se ela tinha noção que quase deixava de joelhos toda vez que eu a via.

E agora, ela com certeza deixaria a Corte Estival de joelhos também... isso também seria bom, poderíamos conseguir informações mais rápido, mesmo que eu me odiasse por usar Feyre dessa forma.

Sinceramente, eu precisava focar no que precisávamos naquele momento. O livro.

Atravessamos para Adriata. Uma das cidades da Estival, e uma das residências de Tarquin.

Como era esperado, um sol incandescente e um calor infernal. Já sentia saudades do clima mais ameno de Velaris, mas eu não podia negar que o lugar era lindo.

Então, meia dúzia de pessoas estavam a nossa frente. A frente dos outros estava Tarquin, o jovem Grão-Senhor da Corte Estival.

— Bem-vindos a Adriata — o Grão-Senhor nos cumprimentou.

Tarquin mantinha a postura um pouco arrogante que todo Grão-Senhor gostava de manter.
Uma que eu sempre mantinha, e não apenas um pouco arrogante, o que fazia maioria dos outros me odiarem profundamente.

— Bom ver você de novo, Tarquin. — Cantarolei.

Os que se posicionavam atrás de Tarquin trocaram olhares, suas expressões se tornando severas. Eu mal havia aberto minha boca e já criava desconfiança.

Se bem que dessa vez, eles tinham razão.

Todos os olhares então se desviaram para Feyre e Amren.

— Acho que conhece Amren. Embora não a tenha visto desde sua... promoção. — Disse, com aquela pontada de severidade,  gesticulando para Amren

— Bem-vinda de volta à cidade, senhora. — Disse Tarquin com um leve aceno.

Amren não fez nada além de olhar Tarquin de cima a baixo antes de responder.

— Pelo menos você é muito mais bonito que seu primo. Olhar para ele feria os olhos. — Disse Amren com aquela crueldade que não se esforçava nenhum pouco para disfarçar. Uma fêmea atrás de Tarquin não escondeu o ódio. — Minhas condolências, é claro.

Acenei então em direção a Feyre.

— Não acredito que vocês dois tenham sido formalmente apresentados Sob a Montanha. Tarquin, Feyre. Feyre, Tarquin. — Apresentei, sem citar títulos, para mim, Feyre não era inferior a ninguém ali, nem mesmo a Tarquin, afinal, ela é quem havia salvado a todos nós.

Os olhos de Tarquin se fixaram em Feyre. De uma maneira que me incomodou. Ele não sorriu.

Não, o desgraçado apenas deslizou o olhar do rosto até os seios de Feyre, acentuados pelo decote do vestido que quase tinha me derrubado um pouco mais cedo.

Filho da...

Tentei engolir o ciúmes que crescia crescia mim, eu não tinha esse direito, Feyre era livre, mesmo que uma partezinha de mim, por um miserável segundo, quisesse arrancar a cabeça de Tarquin.

A Corte do Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora