XX - 'Cause the war is coming, Feyre

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Pedi para que fosse feito o melhor café da manhã. Com todo tipo de comida que poderia ter ali. Que fosse atrativo o suficiente para que Feyre se alimentasse.

A palidez e a magreza excessiva poderiam ser dos vômitos que eu sabia que ela tinha toda noite, mas eu também desconfiava que ela não estava se alimentando direito.

Como é que Tamlin não percebia aquilo? Como ele não percebia que ela estava afundando em si mesma e adoecendo?

Pelos deuses, me bastou ver Feyre uma vez para saber que ela não estava nem perto de estar bem.

Nuala e Cerridwen tinham acabado de me avisar que Feyre estava acordada e deveria estar se arrumando naquele momento.

Mas ela estava demorando, comecei a ficar impaciente. Pelos deuses parecia que eu não conseguia ficar sob o mesmo teto que ela sem vê-la.

Então lancei um puxão pelo laço, a chamando.

Depois de mais algum tempo Feyre não tinha aparecido ainda. Não quis pedir para que Nuala e Cerridwen fossem atrás dela, então puxei o laço novamente.

Depois de um tempo, finalmente senti Feyre chegando.

— Não sou um cão para ser convocada. — Disse em cumprimento.

Bom, ao menos ela voltara a ser geniosa. Mesmo que fosse por raiva de mim, era melhor que nada.

Olhei para Feyre por cima do ombro e por um instante quase me esqueci do que ia falar.

As roupas da Corte Noturna ficavam perfeitas nela. Feyre sem aquele cabelo empolado, sem o vestido enorme e ridículo era muito melhor. Era linda.
Porém aquelas roupas evidenciaram ainda mais tudo o que Feyre havia sofrendo e estava refletindo em seu corpo.

— Não queria que se perdesse. — Respondi, tentando me manter inexpressivo.

Notei que sua atenção foi direto para a chaleira fumegante no centro da mesa.

— Achei que seria sempre escuro aqui. — Ela comentou.

— Somos uma das três Cortes Solares — Indiquei para que ela se sentasse. — Nossas noites são muito mais belas e nossos pores do sol e alvoreceres são exóticos, mas aderimos às leis da natureza.

Ela pelo menos não protestou quando se sentou.

— E as outras escolhem não aderir? — Questionou de novo.

Eu não sei se ficava feliz por aquela curiosidade ainda estar viva ou se me irritava com o fato de Tamlin não ter se dado o trabalho de explicar qualquer coisa sobre esse mundo para ela.

— A natureza das Cortes Sazonais está ligada a seus Grão-Senhores cuja magia e vontade os mantém em primavera eterna ou inverno, ou outono ou verão. Sempre foi assim, algum tipo de estagnação estranha. Mas as Cortes Solares, Diurna, Crepuscular e Noturna, são de uma natureza mais... simbólica. Podemos ser poderosos, mas nem mesmo nós podemos alterar o caminho ou a força do sol. Chá?

Ela deu um aceno em concordância.

— Mas vai descobrir — continuei, servindo uma xícara para ela. —  que nossas noites são mais espetaculares, tão espetaculares que alguns em meu território até mesmo acordam com o pôr do sol e vão deitar ao alvorecer, apenas para viver sob as estrelas.

— Por que está tão quente aqui quando o inverno está a toda lá fora? — Questionou.

— Magia.

— Óbvio. — Ela pontuou, bebendo o chá.— Mas por quê?

— Você aquece uma casa no inverno, por que não deveríamos aquecer este lugar também? Admito que não sei por que meus predecessores construíram um palácio digno da Corte Estival no meio de uma cadeia montanhosa que, na melhor das hipóteses, é levemente quente, mas quem sou eu para questionar?

A Corte do Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora