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Estava uma galera na academia, estávamos malhando? Não, só se for malhando a língua, pois estávamos fofocando mesmo. 

Papo vai, papo vem, do nada a porta principal se abre. 

-Chegou gente nova! -Tiago gritou. 

Saímos de encontro a pessoa e nos apresentamos. 

-Prazer, Linna. -Ela me abraçou. 

-Mariana. -Sorri em sua direção. 

Não demorou muito e outro chegou. Arthur Aguiar. 

Ali meu lado rebelde ativou. Quase pulei no colo dele, mas me controlei, óbvio. 

O abracei, nos apresentamos e depois entrou outra pessoa. Jade Picon. 

Já tinha ouvido falar dela, mas não sabia quem era. A menina era linda demais. 

Assim como os outros, abracei e me apresentei. 

Depois de tudo no seu devido lugar, voltei pra casa, tomei um banho rapidinho e fui ajudar Naiara no almoço. 

-Nai, corta assim mesmo? -Questionei mostrando o que havia feito. 

-Isso, gata. -Ela assentiu. -Pode continuar. 

Continuei cortando os vegetais, mas logo Pedro apareceu. 

-Que ajudante ruinzinha que tu arrumou, hein, Nai? -Ele implicou chegando perto de mim. 

-Ela é boa demais. -Naiara me defendeu. 

-Toma, seu tonto. -Debochei. -Vou até temperar seu prato. 

-Eu nem estou com fome hoje. -Ele disse e eu dei risada. -Vou tomar banho. 

-Isso, vai mesmo. -Agora eu que impliquei. -Porque o negócio não está bom. 

-Me respeita, menina. -Ele empurrou minha testa pra trás levemente. -Aqui é perfume natural. 

-Tá bom, Pedro Scooby. -Debochei novamente. Ele estirou a língua em minha direção e foi pro quarto pegar sua roupa. 

Uma criança total. 

-Vocês dois... -Nai comentou baixo. 

-Tem nada. -Falei firme e tratei de mudar de assunto. -Aqui, terminei. 

A entreguei a tábua e fui mexer nas panelas. 

Tudo pra desviar o assunto. 

Chega de Pedro. 

A hora do almoço chegou, todos nós comemos e depois decidimos fazer uma rodinha para conhecer melhor uns aos outros. 

Chorei com alguns discursos, não vou mentir. 

E agora estava na vez do Pedro. 

-Vamos lá, como devem saber, me chamo Pedro. -Ele fez graça. -Tenho 33 anos, sou surfista, tenho 3 filhos e estou solteiro. 

Nesse último tópico, o bonitão ainda olhou pra mim. 

Quis me esconder de vergonha. 

E pra melhorar, Paulo André cutucou minha perna. 

Esse menino é terrível. 

Pedro falou mais algumas coisas e depois me chamou pra falar. 

-Bom, me chamo Mariana, mas podem me chamar de Mari. -Comecei a falar. -Tenho 26 anos, sou formada em Arquitetura e Urbanismo, estou solteira e tenho dois amores na minha vida: Meu irmão e meu sobrinho. Moro com eles aqui na capital e meus pais moram no interior. Digo que eles são meus amores pois eu vivo pros dois. Meu irmão é mais novo que eu dois anos, ou seja, já cuidava dele. Depois veio meu sobrinho, que é um presente em minha vida. Ele tem 6 aninhos e estava até comentando com o pessoal ontem, meu sonho é ser mãe, mas com o nascimento do Théo, aprendi muita coisa. A mãe dele faleceu e por isso ficou em nossa responsabilidade cuidar. Eu sinto tanta falta deles, que no dia que vocês me pegarem chorando por ai, pode ter certeza que é por saudade deles. 

Falei já em lágrimas. Muitos ali também choravam, mas não quis chorar mais. 

Por isso limpei minhas lágrimas e funguei, voltando a falar. 

-Minha família é tudo pra mim e é por eles que estou aqui. E acho que se eu falar mais, vou encher essa sala. -Brinquei limpando outras lágrimas que caíram. 

Como eu era a última, o pessoal apenas bateu palmas e cada pessoa foi pra um lado. 

Eu fui para o quarto sozinha e me sentei na cama, não demorou muito e Pedro também entrou. 

-Posso te dar um abraço? -Perguntou abrindo os braços. 

Assenti e me levantei o abraçando. 

Por incrível que pareça, me senti segura ali. 

-Se ficar mal... -Ele começou falando baixinho no pé do meu ouvido. -Pode me procurar, estarei aqui pro que precisar. 

Senti meus pelos se arrepiarem. 

Acenei com a cabeça e nos afastei, deixando um beijo em seu rosto, o que pegou o homem de surpresa. 

-Me mostra as fotos que tu trouxe. -Ele pediu depois que nos separamos. 

-Vem ver. -O puxei pela mão e nos sentamos em cima da cama. Peguei as fotos e o mostrei. -Essa é minha família. Meus pais, meu irmão e meu sobrinho. 

-Mas vocês são todos parecidos. -Ele comentou olhando a foto. -Qual são os nomes deles? 

-Meu pai é Márcio, minha mãe Ângela, meu irmão Marcos e meu sobrinho Théo. -Fui falando e apontando na foto. 

-Que maneiro... -Ele murmurou. -Quero conhecer todo mundo. Seu irmão tem cara de ser gente boa. 

-Meu irmão é incrível! -Disse. -Vocês se dariam bem, ele gosta desse lance de esportes radicais. 

-Então é comigo mesmo. -Ele se animou. 

Fiquei um tempo ali com Pedro e depois nós fomos nos arrumar. Hoje tinha programa. 

Depois de muito tempo, o programa começou e Tadeu comentou sobre as regras da prova de imunidade do camarote. 

Tudo explicadinho e o pessoal foi fazer. 

-Pedro? -O chamei baixo. Não queria chamar atenção. E ele se virou em minha direção. -Boa sorte! 

Fiz o mesmo sinal que ele fez pra mim. 

Ele abriu um sorriso e piscou em minha direção. 

Mas Pedro não foi muito bem, quem ganhou a prova foi Douglas e Arthur. 

-Mano, aquele negócio estava com raiva de mim, não é possível. -Ele tentava se justificar e eu só dava risada. 

-Mas está tudo bem também, Pedro. -Falei o olhando.

O tatuado me encarou intensamente.

Repetindo, eu parecia uma adolescente, pois senti fraquejar com esse olhar.

Pedro era surreal de charmoso.

- Só você mesmo, Mari. -Ele murmurou sentando ao meu lado.

-Fica triste não, bonitinho. -Passei a mão em sua nuca.

Fiquei passando a mão em sua nuca e Pedro até fechou os olhos.

-Bonzão isso aí. - Ele murmurou. - Eu vou dormir bem aqui.

- Vai nada. -Parei na hora e ele abriu o olho. -Vai trocar de roupa, quando abrirem a porta, a gente fica lá fora.

Pedro levantou em um pulo.

-Estou com fome. - Ele reclamou passando a mão na barriga.

- Acho que tem biscoito no armário. - Falei. -Depois tu pega lá.

-Show, já volto.

Ele avisou e saiu da sala.

Suspirei me jogando pra trás.

O quão perigoso está sendo minha aproximação com Pedro?

Jurei pra eu mesma que não me envolveria. Agora estou aqui.

Mas é tudo muito louco.

3 dias parecem 3 semanas.

Parece que conheço ele faz muito tempo.

Mas tenho que focar e deixar fluir.

Deixar acontecer naturalmente.





O Improvável  I Pedro ScoobyOnde histórias criam vida. Descubra agora