Capítulo 25 - O traidor

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- Murilo? - indagou Evelyn. - O que você está fazendo?

    Enquanto Henrique permanecia no chão, Murilo sacou a arma e apontou para ele. 

- Esse merda aí, nos traiu!

- O que? - indagou Evelyn.

- Comece a falar!

- Eu não sou um traidor - disse Henrique.

- Tem certeza? - indagou Murilo, totalmente eufórico.

- Por que acha que ele faria isso? - indagou Evelyn.

- Eu aposto que ele fez um acordo com os assassinos. Como explica o fato deles terem nos encontrado na pousada e aqui? Enquanto estávamos levando o Elton pro hospital, ele ficou lá. E eu aposto que ele foi pego e fez um acordo.

- Está falando merda - disse Henrique. - A troco de que eu faria isso?

- Tá bem na sua cara, que você seria capaz de qualquer coisa para sobreviver.

- Tá - disse Evelyn. - Mas e quando eles nos encontraram na Base B? O Henrique não tinha nem ideia de que estávamos sendo caçados.

- Mas aposto que seu pai sabia, não é? - disse Henrique.

- O que quer dizer com isso? - indagou Murilo.

- Coitado, não conhece o próprio pai.

- Me fala agora - disse Murilo. - O que tem o meu pai?

- Qualquer coisa que eu disser, não será útil sem o pendrive.

    E antes de qualquer outro questionamento de Murilo. Lara entrou no quarto. 

- Está tudo bem por aqui?

- Sim, está - respondeu Henrique.

- Não, nem um pouco - disse Murilo, ele ainda estava muito confuso.

- Se não for puxar a porra do gatilho, eu sugiro que guarde esta merda agora - disse Henrique.

    Porém, Murilo continuava imóvel e com a arma apontada para ele. 

- Murilo? - chamou Evelyn. Na tentativa de fazê-lo voltar ao normal, já que ele parecia estar viajando em sua mente.

- Ele está assim, porque a ficha caiu. E ele sabe que de alguma forma, o que eu disse não foi bobagem.

- Eu acho que o seu pai chegou - disse Lara.

    Foi então que Murilo retornou do transe. Ele guardou a arma na cintura e foi até a janela verificar. 

- Você disse que seria um sedã preto, né? - disse Lara.

    Porém, tudo o que Murilo respondeu, foi: 

- Ninguém sai lá fora! - Ele se retirou do quarto.

   Murilo foi se encontrar com seu pai no portão, e do sedã preto, desceu um homem esbelto e forte, com o cabelo curto e barba rala. 

- Oi filho!

- Fique aí mesmo - disse Murilo

    Seu pai permaneceu imóvel ao lado do veículo, e com as mãos amostra. 

- Murilo, você está me assustando.

- Você é um deles, não é?

- Deles quem?

- Dos caras maus - disse Murilo. - Admite, você sabe tudo o que está rolando já!

- Meu Deus. O que você está querendo dizer?

- Tudo se encaixa pai. A Eve é a protegida por ser irmã do Marcelo, e provavelmente a única que poderia saber onde ele escondeu o pendrive. E eu sou protegido por ser seu filho.

- Murilo, eu não entendo.

- Você sabia que o único lugar pra onde eu fugiria, era a casa do Elton. Você não esperava que eu acabasse me envolvendo, mas como me envolvi, você teve um problema.

- Escute filho - disse seu pai. - Que tal a gente…

 - Eu disse pra não se mexer - interrompeu Murilo, enquanto colocava a mão sobre a arma.

    A ação do garoto assustou ainda mais seu pai, fazendo com que ele imaginasse como seria levar um tiro do próprio filho. 

- Filho - disse ele, lacrimejando. - Eu não sei que merda está acontecendo com você essa noite. E também, mal posso imaginar o inferno que você e seus amigos passaram para chegar até aqui. Mas uma coisa eu sei, você é o meu filho! E eu te amo. Te criei durante vinte anos, com todo amor e carinho. E fiz de tudo pra te proteger e fazer você feliz. Confesso que queria ter feito mais. Tudo o que eu tenho pra te dizer é isso. Confie em mim, eu vou ajudar você, e ninguém vai fazer mal algum com você e com nenhum de seus amigos essa noite, eu prometo!

    Foi então que a mão sobre a arma foi levada ao rosto. E num choro de alívio, Murilo se entregou.

    Seu pai precisou de poucos segundos para alcançá-lo e abraçá-lo com força. 

- Me perdoe pai - disse Murilo.

- Está tudo bem meu filho, está tudo bem.

- Por um momento, eu achei que…

    Murilo travou, e seu pai desfez o abraço para poder lhe olhar no rosto, para entender o que havia acontecido com a fala do filho. 

- Murilo? - indagou seu pai. - O que houve? 

    Murilo estava com os olhos arregalados e passou a ficar ofegante. Medo, tristeza e ódio foram os primeiros sentimentos a aflorar no garoto. E ele sabia que se não agisse agora, em poucos segundos, seria tarde demais.

    O garoto acertou a perna esquerda de seu pai, com seu próprio joelho e com o máximo de força que conseguiu. E assim que ele gritou de dor já ajoelhado. Murilo sacou a arma, e com uma só coronhada, apagou seu velho.

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