Capítulo 33 - A corrida do pendrive

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    Eles saltaram o muro do cemitério central. E Américo, a única armada no quarteto, rendeu o coveiro. Disse ao homem que não iria feri-lo, só precisava saber onde ficava o túmulo de Brenda, e que estava apressada demais para pedir com educação.

    Após verificar nos arquivos, o coveiro os levou até o túmulo da garota. Que diferente do da mãe de Evelyn, não era subterrâneo. Era enorme e azulejado, bem florido.

    Américo clareou com seu celular, e eles puderam ver a foto da garota, junto do nome e das datas de nascimento e falecimento. E também, o tão famoso poema que a garota escreveu, inclusive as três frases das charadas. 

    Porém, eles não encontraram o pendrive. Murilo vasculhou todos os vasos de flores, e nada. Mas nem tudo estava perdido. Pois no poema, havia uma frase riscada com o que parecia ser uma faca.

    "Me sinto protegido, junto das almas caridosas". 

- O que quer dizer? - indagou Murilo.

- Eu não tenho ideia - respondeu Evelyn. - A alma da minha mãe era podre.

- Elizabete - disse Vitor.

- Quem? - indagou Murilo.

- A filha do prefeito, que faleceu a algumas semanas, era uma alma caridosa.

- Onde fica o túmulo dela? - indagou Américo, ainda com a arma apontada para o coveiro.

- Eu disse a vocês, se estão procurando por uma alma caridosa, ela descansa na quadra C.

    Estava ali. Dentro de um saquinho, num dos vasos de flores do belíssimo túmulo de Elizabete Gomes o tão valioso pendrive. Parecia mentira para eles, que tinham finalmente encontrado, ainda mais no cemitério. 

- Toda essa confusão por isso - disse Murilo, com o pendrive em mãos.

    Os jovens queriam comemorar a descoberta do tesouro, mas não eram capazes. Não com suas mentes focadas nas vidas que dependiam daquela pequeno objeto.

    Eles já haviam saído do cemitério, estavam no sedã, pelas ruas de Gallituba.

- O que faremos agora? - indagou Evelyn.

- Vamos ver o que tem nele - disse Murilo. - Não é possível que somente eu esteja curioso, né?

- Vocês tem um computador? - indagou Américo.

- Não - respondeu Murilo. - Mas, vocês tem, né?

- Não - respondeu ela. - Não é permitido isso no acampamento. No máximo celulares e televisões de tubo.

- Deve ser tedioso morar lá - disse Murilo. - Vocês dormem dentro de um lago também? - Murilo riu.

- O que? - indagou Américo, totalmente confusa.

- Caramba, foi só uma piada - disse Murilo, enquanto olhava para todos ali. - Referente aquele indigina que faz vídeos pra internet.

    Os três continuavam sem entender do que Murilo se referia. 

- Puta merda, é sério que vocês não entenderam? - indagou ele.

- Enfim, a respeito disso, reclame com o meu finado pai, as regras de não haver tantos dispositivos tecnológicos no acampamento são dele. Ele dizia que isso apodrece o cérebro, eu só pude abrir exceções para os celulares, e nem isso temos direito - disse a motorista. - Mas vocês deram sorte, tem um hipermercado aqui, ele fica aberto até às onze.

- Hipermercado? - indagou Murilo.

- Gallituba é uma cidade nanica, um fim de mundo - disse Américo. - Mas sim, temos um hipermercado.

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