Capítulo 32 - Matando o tempo

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- É aqui - disse Vitor.

    Eles entraram na barraca, onde um velho homem estava deitado lendo um velho livro. 

- Pai, ela chegou!

    O homem guardou o seu livro, e se levantou ao ver sua filha. Mas pela expressão da mesma, ele pode notar que ela não estava afim de abraço. 

- Você deve ser o Murilo - disse o homem.

- É, sou eu.

- Pelo visto, você se acertou na vida - disse Evelyn.

- Eu tive que tomar uma decisão.

- Sem enrolação - disse ela. - O Marcelo te entregou uma coisa, e eu preciso dela agora.

    O homem mexeu em seus pertences, e pegou um pequeno papel. Claro, mais uma charada, ele entregou para a garota. 

- Ele disse alguma coisa sobre isso? - indagou Evelyn.

- Não - respondeu seu pai. - Ele apenas disse pra mim guardar, que em breve você e o Murilo viriam buscar.

- Obrigada - respondeu ela, se retirando.

- Espere!

- Eu sabia - resmungou ela, se virando para ele novamente.

- Sei que não fui um bom pai…

- Nem comece - interrompeu ela.

- Eve - advertiu Murilo.

- Você não conheceu ele antes - disse a garota. - então, não se intrometa.

- Você também não conheceu o meu pai antes - disse Murilo. - E se intrometeu quando eu estava prestes a matar ele. Deveria no mínimo ouvi-lo.

- Está tudo bem garoto - disse o pai de Evelyn. - Um dia a gente conversa.

- Isso - disse Evelyn. - Um dia.

    Eles se retiraram da barraca. E seguiram até o local onde Américo estava em reunião com Henrique e Lara.

- E aí? - questionou Henrique ao ver Murilo.

- Mais uma charada - disse Murilo.

- É, só que essa não tem nada haver comigo.

- Sério? - indagou Murilo.

- Eu saberia se tivesse - se justificou a garota. - A primeira, eu só demorei entender porque não sabia que fosse algo tão pessoal assim, a segunda eu peguei de primeira. Mas essa, não é pessoal.

- Tem que ser pessoal - disse Henrique. - Temos vidas dependendo disso.

- Você acha que eu não sei. Eu não consigo desvendar essa.

- Deixa eu tentar - disse Lara, pegando o papel da mão de Evelyn. - "Você veio me salvar e passou direto. Como não me viu?"

- Espera aí - disse Américo -, repete isso.

- "Você veio me salvar e passou direto. Como não me viu?" - repetiu Lara.

 - É um poema - disse Américo.

- Como assim um poema? - indagou Murilo.

- Quantos anos seu irmão tinha mesmo? - indagou Américo.

- Vinte e seis - respondeu Evelyn.

- Eu sabia - disse ela. - Acho que sei como desvendar essa charada.

- Como? - indagou Murilo.

- Eu explico no caminho, agora vamos.

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