Capítulo 30 - Campo minado

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    De um lado, o alívio. O pendrive ainda não estava com os assassinos, e a mãe de Murilo ainda estava viva. Do outro, mais e mais preocupações, onde raios está esse pendrive?

    "Ahh, como não amar o cheiro do crepúsculo em Gallituba".

- O que isso quer dizer? - indagou Henrique, após Murilo e Evelyn retornarem ao carro com a charada.

- Quando éramos uma família feliz a uma década atrás - disse Evelyn -, minha mãe, toda santa manhã comprava pão aqui, na padaria do Muriel.

- O problema, é que hoje é domingo - disse Murilo.

- E a padaria está fechada - disse Henrique, apontando para a fachada do estabelecimento. - Olhem lá a placa, aos domingos, abrimos só até meio dia.

- Não brinca - disse Evelyn. - Juro que nem notei que estava fechada - ironizou.

- E onde fica a boa notícia dessa história? - indagou Lara. - O vilão nos deu vinte e quatro horas, e não sabemos mais quantas charadas encontraremos do seu irmão.

- Lara está certa - disse Murilo. - E se ele nos mandar pra outra cidade mais longe ainda? Estamos ficando sem tempo.

- O Muriel mora nos fundos da padaria, eu vou conversar com ele e ver se meu irmão passou por aqui.

- Eu vou com você - disse Murilo. - O Marcelo nos mandou para a padaria por alguma razão, temos que descobrir o motivo.

    Murilo e Evelyn saíram do carro, bateram palmas diante de um pequeno portão ao lado da porta da padaria.

    Repetiram as palmas duas vezes, até que alguém finalmente surgiu lá dos fundos.

- Pois não? - indagou o homem, apenas de camisa e samba canção. 

- Oi Muriel - disse Evelyn. - Não sei se o senhor se lembra de mim. Eu sou...  - Ela fez uma pequena pausa. - Eu era o Everton, irmão do Marcelo e filha da Teresa.

- Meu Deus - disse o homem. - Claro que me lembro, jamais me esqueceria dessas suas bochechas - disse Muriel.

- Será que eu posso ter uma palavrinha com o senhor?

- Claro - disse Muriel. - Eu vou apenas trocar de roupas, e já volto.

    Murilo fez sinal de positivo para Henrique, que permaneceu dentro do carro. E após dois minutos de espera, Muriel retornou. Ele abriu o portão.

- Antes de mais nada - disse Muriel. - Qual é o seu nome?

- Era Everton - respondeu ela, um tanto desconfortável -, agora é Evelyn.

- Everton uma pinoia. Você sempre foi e sempre será Evelyn - disse Muriel. - A garota com as melhores bochechas de Gallituba.

- É, sou eu - disse a garota, sorrindo. - Continua sendo o pior padeiro de Gallituba?

- Na verdade, perdi meu posto de pior padeiro, sou o segundo pior agora. Tem uma padaria nova perto da prefeitura e rola boatos de que o padeiro bate a massa de pão no chão - respondeu Muriel gargalhando. - É muito bom te vê, Evelyn. - Ele deu um abraço apertado em Evelyn.

- É bom ver o senhor.

    E em seguida, Muriel os convidou para entrar, e eles entraram. 

- Sai Bolinha - dizia Muriel, para a pequena vira-lata preta que pulava por sobre os jovens, enquanto ambos seguiam pelo comprido corredor esbarrando por sobre as roupas do varal em direção a porta de entrada da casa. - Ela não morde, quer apenas brincar - completou.

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