Capítulo I

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Park Jimin

— Quem diabos ainda é virgem aos 25 anos?

Jungkook fez a pergunta, gesticulando com seu copo cheio de cerveja e jogando um pouco da espuma na mesa pegajosa abaixo. — Eu disse a ela que isso era besteira. Qualquer cara que afirma ainda ser virgem na nossa idade está mentindo para entrar no meio das suas pernas mais rápido. Ou ele tem um probleminha embaraçoso nas calças. Um dos dois.

Enquanto nossos amigos riam ao redor da mesa lotada, eu esperava que as luzes fracas do bar escondessem meu rosto enrubescido. Minhas bochechas estavam tão quentes que provavelmente vaporariam lá fora no frio ar de janeiro, mas no espaço lotado do pub, comecei a suar.

A risada de Seokjin se transformou em um riso de canto de lábios quando ele estendeu a mão no ar para que Jungkook batesse. Jin estava visivelmente mais bêbado do que o resto do grupo desde que saíra para tomar um drinque de aniversário com seus colegas de trabalho antes de se encontrar conosco no pub. Sua gravata estava frouxa sob o paletó caro e seus cabelos pretos se destacavam em pontas bagunçadas. — E se ele fosse gay... cara teria ainda menos chance de reivindicar um anel de castidade. — Ele se virou para mim com seu sorriso de marca registrada.

Parece até que sabe o que guardo no meu âmago.

—Essa porcaria de ser virgem é uma besteira heteronormativa. Estou certo ou não, Jimin? — Jungkook estendeu a palma no ar para mim.

Olhei para ele, imaginando como era possível que meu melhor amigo de vinte e oito anos não soubesse que eu ainda era virgem.

Mas é claro que eu sabia a verdade. Foi porque eu menti para ele anos atrás em um acesso de raiva e ciúmes.

—Você está certo — eu disse com o máximo de entusiasmo falso que pude ao unir minha palma com a sua.

Mas no fundo, eu sempre desejei que Jungkook me conhecesse o suficiente para ver a verdade, que eu estava esperando alguém especial em vez de desistir da minha virgindade por uma ficada aleatória. Que eu estava esperando ele.

—De qualquer forma — ele continuou — Eu disse a ela para dar um fora na bunda dele e encontrar alguém com mais experiência no quarto. Alguém que sabe como encontrar o lugar especial de uma pessoa. Alguém como eu.

Risos e aplausos vieram da mesa quando outro amigo o balançou pelos ombros. Jungkook levantou a mão para chamar a atenção do garçom para outra torre de cerveja, embora seu copo ainda estivesse cheio o suficiente para deixar poças grossas por toda a mesa.

Enquanto a conversa turbulenta se voltava previsivelmente para referências obscenas e contos de cada um envolto naquela mesa de mogno, dos quais eu realmente não podia participar sem mentir para os rostos dos meus amigos, eu me perguntava quantas noites mais eu poderia ter.

Quantos anos assim eu poderia aguentar. Chegou um momento em que eu precisava admitir a derrota. Nesse ritmo, Jeon Jungkook nunca seria meu. Ele nunca me daria uma chance, desde que eu fosse um virgem chato, sem experiência, e ele ainda estava se esforçando ao máximo para ser o bom menino hetéro que seus pais pensavam que ele era.

Lembrei-me da noite da formatura do ensino médio, quando estávamos no enorme quintal de Kim Irene, esticado lado a lado na grama fofa e úmida do sereno noturno, olhando para as estrelas. Ele segurou minha mão e disse que me amava. Mesmo que tivessem passado dez anos, eu ainda podia sentir a carícia suave de seu polegar enquanto ele se movia para frente e para trás em minha pele.

Jungkook encontrou meus olhos através da mesa pegajosa do bar. —Você está bem?— ele perguntou, inclinando-se para a frente para que pudéssemos nos ouvir melhor. Ele franziu a testa em preocupação, e meu coração palpitou como de costume.

Um voo para o amor - YOONMINOnde histórias criam vida. Descubra agora