Meredith Grey
: ˖𓂃 ִֶָ๋ 𖢆 ִֶָInicia-se hoje o terceiro ano letivo do ensino médio, e eu ainda nem decidi que rumo vou dar para a minha vida. Bem vindos ao caos.
Já se passavam das sete horas da manhã, e eu não me preocupava, nem que minimamente, em seguir para a sala de aula. Sabe aquele momento em que você para, imerge em si mesmo, ouve os ecos de seu coração e percebe que lá dentro tudo encontra-se em uma completa desordem? Era o que se passava comigo. Enquanto eu visualizava aquele amontoado de alunos perambulando e fazendo um escarcéu enorme no pátio da escola, dentro de mim ocorria a mais desenfreada confusão. Eu nunca soube lidar muito bem com os meus sentimentos, tudo sempre parece ocorrer de modo intenso para mim e estar de volta neste lugar, que me faz sentir ignorante e medíocre, apenas maximiza esse fato.
Ansiosamente eu corria minhas mãos sobre minha calça verde militar, na tentativa de secá-las pelo suor que já transpirava, e admirava as flores um pouco secas no jardim, perto do banco onde eu estava sentada. Atentando-me àquele aspecto mórbido que a falta de água, e talvez nutrientes, proporcionou às pétalas, nem percebi quando o segundo sinal tocou, evidenciando já ser sete e quinze da manhã. Só mesmo me atentei de que deveria encaminhar-me mais do que depressa à sala, quando a diretora Bailey, com sua completa carranca, alertou-me que “a escola foi feita para estudar”. Como eu a odeio.
De modo que a minha sala se localizava no segundo andar, subi as duas rampas íngremes, até chegar lá efetivamente.
Da janela, ainda do lado de fora da sala, observei como estava cheia, havia mais alunos do que eu imaginava, ou seja, mais algazarra. Meus olhos, após analisarem o lugar como um todo, pousaram-se curiosos sobre a mulher que se encontrava na parte superior da sala, claramente a professora. Ela falava numa vagareza que era tão delicada, e enfatizava com os gestos árduos de suas mãos, que acreditei nunca ter visto uma professora tão atraente como aquela.
Contemplei em fascínio a forma como seu cabelo ruivo, perfeitamente ondulado, se movia com graça, e como seus lábios se curvavam em diversos sorrisos entremeando-se à conversa. E neste momento, ela me viu. Calou-se abruptamente e olhou em direção à janela. Até suas mãos, que antes mexiam-se sem cessar, ficaram prostradas no ar. Por milésimos de segundos, que pareceram durar mais do que uma eternidade, ela manteve-se daquela forma. E, enquanto meus olhos estavam nos seus, o que eu mais quis foi desaparecer.
Com a maior vergonha dos séculos, após poucos passos pus-me diante da porta. Os olhos daquela mulher, que de longe pareciam azuis, varreram meu corpo exponencialmente, mas permaneci amena, fazendo de conta que não era comigo. Senti alguns olhares sobre mim, além dos da professora. Alguns alunos acompanharam a direção para qual ela olhava e descobriram que era à mim, o que fez ascender meu desejo de sumir a partir de algum super-poder milagrosamente conquistado. Foi então que ela me transmitiu um sorriso largo, assim como quando estava a falar infindavelmente, e fez um gesto com a mão, insinuando que eu entrasse.
Caminhei sorrateiramente até a frente da sala, sentindo o complexo de meu corpo vacilar diante do olhar de praticamente todos os alunos. Não obstante, havia aquela professora, que me sorria de modo singelo e apontava para que eu me sentasse na primeira carteira da terceira fileira, exatamente defronte a qual ela estava de pé.
Querendo não prolongar por mais tempo aquele momento silencioso e aterrorizante, sentei-me o mais rápido que fui capaz e deixei minha mochila no chão. Mas, maldita hora quando eu decidi erguer minha cabeça, pois aquela ruiva estava lá, com as mãos nas laterais da minha mesa, lançando-me um olhar inexpressivo. E só então fui descobrir que seus olhos eram verdes escuros, como uma floresta num final de dia, enegrecendo.
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Impermanência𓂃 ִֶָ
FanficMeredith Grey ingressa no terceiro ano letivo do ensino médio, no L.A College, mas com o sentimento persistente de que não irá aguentar mais um ano de sua caótica vida. Mas, para sua surpresa, um fulgor de esperança reverbera sobre si quando seus o...