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Com a maré agitada, as ondas cristalinas sob o revérbero do luar desaguavam na areia fina. A ventania densa que perpassava sentido norte, presenteava Meredith com o frio mas ao mesmo tempo com um aroma de maresia e ela o inspirava profundamente, como se seu estado de tranquilidade plena dependesse daquele cheiro paradisíaco. E dependia. À medida que caminhava vagarosamente na calçada, que dava visão total para o mar, o anterior estado da garota se apaziguou e ela conseguiu se recompor. E seguia a caminhar. Para lugar nenhum, sem destino, sem direção, apenas andava. Silenciosamente. Deixando a beleza noturna incidir em si.

Mas, em algum momento, parou. E fez isto para olhar unicamente o mar.

Já era tarde, o relógio de seu celular marcava poucos minutos para meia noite, não sabia onde exatamente estava, apenas sabia que estava longe de casa. E talvez fosse por isso que se sentia melhor. Longe de casa implicava longe de sua mãe e de seu irmão, e estar longe dos dois, era sua dádiva mais graciosa.

Ao menos podia respirar sem sentir que iria surtar, sem se sentir imprestável e odiada. Era bom.

Todavia, estava uma noite fria, e ela então se arrependeu de não ter vestido um casaco. E, também, aquele horário não era tão oportuno para estar sozinha. Certo que não havia muita movimentação, mas, ainda assim, Meredith encolhia-se quando alguém passava por ela. Mas para casa é que não voltaria mesmo.

Pensando por esta via foi que ligou para Arizona, mas, para sua infelicidade, descobriu que sua amiga estava ocupada demais assim que ela atendeu a ligação num estado ofegante de respiração. Por palpite, julgou que ela estivesse com Callie, então desculpou-se incontáveis vezes antes de desligar. Tentou novamente, e dessa vez contactou April, mas ela recusou a ligação e depois enviou uma mensagem de texto para Meredith, alegando estar numa reunião da igreja.

A garota então recuou, aquiescendo às suas tentativas falhas.

No entanto, segundos depois, uma ideia súbita incidiu em sua mente. Em seu inconsciente, já que era algo pouco suscetível para ser proposto no campo lúcido. No entanto, apesar de parecer algo absurdo demais, só restou uma pessoa que pudesse lhe ajudar.

E foi justamente para quem Meredith enviou uma mensagem de texto.

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Estava deitada em sua cama com seus bichos de estimação, assistindo a um interessante documentário sobre a natureza, quando seu celular vibrou entremeado entre a bagunça dos lençóis. Assim que abriu seu Instagram, surpreendeu-se com quem lhe remetera a mensagem. Meredith.

A garota enviara-lhe o anexo de uma localização, e logo abaixo pedia para que a mulher fosse encontrá-la. Addison não tardou em se levantar, mudar de roupa e sair de casa.

Durante todo o percurso, pilotando rapidamente pelas ruas iluminadas de Los Angeles, e seguindo mentalmente a localização de Meredith, Addison apenas conseguia pensar no que provavelmente poderia ter acontecido, já que não imaginava receber tão cedo, uma mensagem de Grey, não depois da última semana que passaram afastadas.

Logo que dobrou a última esquina, deparou-se com Grey de pé na calçada, abraçando seu próprio corpo, aparentemente com frio. Addison estacionou agilmente e desceu da moto num estado alarmante de rapidez.  Aproximou-se atenta da garota, averiguando minuciosamente cada milímetro de seu corpo. Percebeu no mesmo segundo, seus olhos opacos, vermelhos, e a palidez mórbida de sua pele. Até os lábios estavam mais claros que o habitual.

— Hey... Por que está aqui a uma hora dessas? E sozinha? — Aproximou-se às pressas e pousou, suavemente, uma mão sobre o rosto de Meredith, sentindo a pele gélida contrapor-se à temperatura elevada de sua mão.

Impermanência𓂃 ִֶָOnde histórias criam vida. Descubra agora