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A primeira aula que tivemos foi de artes, uma ótima deixa para que eu dormisse durante aqueles cinquenta minutos. A segunda foi de matemática, onde apenas entreguei a atividade que fiz pela madrugada e voltei a dormir. No entanto a terceira aula foi de biologia, e eu acordei no momento em que Arizona cutucou-me nas costas.

— Bom dia, queridos... Como estão? — O “bem”, grandiosamente alto e prolongado que todos os alunos proferiram em uníssono, fez com que meus sentidos acabassem de despertar. — Todos com muita saudade de mim?

— A Grey sim, professora — Arizona falou atrás de mim, embora sua voz ressoasse baixo. Virei-me, repreendendo-a com o olhar. — Credo, Meredith, você está parecendo um defunto. Que baita olheiras são essas?!

Revirei os olhos e, sem respondê-la, me virei novamente. Entretanto, meus olhos se encontraram subitamente com os da professora, e toda sua face, antes entusiasmada, retorceu-se por completo em um estado notório de estranheza. Abaixei minha cabeça sobre a mesa, esquivando-me de sua análise.

— Vocês... Ahn... — ouvi-a balbuciar e depois pigarrear. — Vocês fizeram o relatório sobre o sequenciamento de DNA que eu havia pedido ontem?

— Sim! — Gritos fizeram doer minha cabeça.

— Ótimo, para aqueles que fizeram, tragam até minha mesa, por favor.

— Professora, está valendo quantos pontos? — ouvi caracteristicamente a voz de Arizona.

— Ainda não decidi, Robbins. Mas pode ficar tranquila, pois sempre avalio o esforço de vocês e não a quantidade de acertos. — Depois disso, ouvi um som categórico dos pés da cadeira arrastando-se contra o chão. — Vou acompanhar os nomes pela chamada.

Senti algo incômodo e rígido colidindo-se repetidas vezes contra minhas costas e só então abri meus olhos em um susto repentino. Era Arizona. Eu havia dormido de novo.

Levantei minha cabeça desnorteadamente e percebi que Montgomery me olhava fixamente, ainda com aquela nuance intensa de preocupação.

— Você fez a tarefa, Mere.. Senhorita Grey?

— Ahn... Fiz, sim — respondi, bocejando. Então peguei as duas folhas de papel grampeadas em minha pasta e me levantei.

Caminhei sorrateiramente até a mesa da professora e deixei os papéis lá, voltando para minha mesa em seguida.

— Grey... — ouvi-a me chamar, e me virei para vê-la. — Pode vir até aqui, por gentileza? Há... Um pequeno detalhe que precisa ser corrigido.

Resfoleguei impacientemente e andei até lá novamente.

— O que há de errado? — perguntei desanimada, coçando meus olhos que ardiam.

— O que aconteceu com você? — sua voz ressoou em um quase sussurro.

— Nada — menti, sem olhar para aqueles seus olhos fascinantes, pois eu sabia que me afetariam ainda mais do que eu já estava.

— Mas não parece, Meredith.

— Era só isso? — perguntei, suspirando impaciente.

— Você sabe que eu me preocupo, não é?!

— Uhum...

— Certo... Era apenas isso, Grey — voltou então a falar no volume normal e eu retornei à minha carteira.

Não demorou nadinha para eu pegar no sono, pela quarta vez.

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— Meredith... — Ouvi bem lá no fundo uma voz leviana a proferir meu nome. Meu corpo regozijou quando se aqueceu por um toque de origem desconhecida. — Meredith... Acorda. — Foi então, que aquela voz soou exatamente no meu ouvido e um sobressalto acometeu-me.

Impermanência𓂃 ִֶָOnde histórias criam vida. Descubra agora