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Meredith Grey
: ˖𓂃 ִֶָ๋ 𖢆 ִֶָ

A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa, foi procurar pelo user da minha professora de biologia no Instagram. E encontrá-lo, não foi nada difícil.

Num primeiro momento, li a biografia dela e descobri que ela era vegetariana, tinha um cachorro e três gatos e praticava yoga. Depois fui vasculhar algumas fotos, que eram muitas. Visualizando algumas de suas milhares publicações, havia diversas fotos em que ela sorria, incontáveis na presença de seus animais de estimação, outras na companhia de pessoas que julguei serem seus amigos e também em festas. Tinha alguns vídeos sobre culinária, yoga, biologia, literatura... Formulei a percepção de que ela era uma mulher completamente versátil. Algo que achei tremendamente interessante.

Depois, fui ver as suas histórias do Instagram, e lá havia uma foto comentando sobre o início do ano letivo e outra que ela havia postado há poucos minutos, deitada em um gramado com seus bichinhos. Devo admitir que ela era uma mulher muito bonita, não apenas bonita como uma definição corriqueira, mas atraente. Do mesmo modo como quando se olha para alguém e é notável uma particularidade fascinante, que faz prender a atenção por longos segundos sem exatamente perceber. Acho que, essa tal particularidade, para mim são os seus olhos, seu sorriso e seu cabelo.

Ela tem olhos cativantes, que irradiam um brilho sem igual; um sorriso genuíno, que parece transbordar alegria provinda do fundo da alma, e não aqueles meros sorrisos forçados que as pessoas dão por aí; e seu cabelo ruivo é magnífico, tem ondas sinuosas e autênticas, como se ele mesmo decidisse como se portar.

Montgomery é uma mulher excêntrica, que jamais pode ser comparada à outro alguém, e tem características tão singulares que me fazem querer desvendá-la por inteiro.

Ou talvez eu esteja ficando louca.

: ˖𓂃 ִֶָ๋ 𖢆 ִֶָ

No dia seguinte, tivemos uma aula de educação física e duas de português nos primeiros horários, consequentemente, depois foi o intervalo. Como no dia anterior, fui no refeitório trocar a água da minha garrafinha e voltei para a sala, pois minhas amigas novamente faltaram. Continuei a ler o mesmo livro do dia anterior naquele total silêncio acalante. No entanto, algo me alarmou quando o ar que eu inspirei modificou-se, tornando-se carregado por um aroma refrescante. Subitamente, aquela famigerada noção de estar em uma ilha fresquinha me acometeu, e eu associei perfeitamente aquele cheiro a alguém que eu conhecia: a professora Montgomery.

Um sorriso, que eu não soube bem a origem, espontâneo como se tivesse vida própria para surgir, brotou em meus lábios assim que eu me inclinei para trás, desejando saber se era mesmo ela. E era. Perto da porta, sorrindo daquele mesmo modo alarmante de quando a vi pela primeira vez e de suas fotos. E o cabelo ondulado... Sempre captaria todo o meu atento.

— Sempre vou te encontrar aqui? — Sua voz nasal e divertida ressoou, dissipando por completo aquele anterior aspecto silencioso.

— Bom... Acho que sim. — respondi, com um estado de desconcerto lutando para irromper-me.

Enquanto a ruiva se aproximava em passos caracteristicamente vagarosos, eu a notava como um todo. Hoje ela vestia uma calça indiana com desenhos abstratos azuis e uma camiseta preta de alcinha, que deixava a pele de sua barriga sutilmente à mostra, consequentemente, descobri que havia um piercing em seu umbigo.

Quando ela chegou evidentemente até mim, foi que percebi que ela carregava um livro nas mãos, provavelmente o que ela me prometera no dia anterior. Concluí estar certa quando ela o deixou sobre minha mesa. Sua estética era bonita e minimalista, o fundo da capa preta, com duas flores ramificadas e desenhadas em linhas simples. Folheei algumas páginas e a disposição de poemas com alguns desenhos foi expressa no decorrer rápido delas. Fiquei estritamente curiosa para poder ler.

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