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À medida que Owen invadia a boca de Addison com sua língua, preenchendo-a sem gentileza, mais vazia ela se sentia.

A força com que ele apertava suas nádegas. Grudava seus corpos. Sua barba rígida contra o rosto delicado dela. O cheiro pungente que imiscuía nas narinas dela todas as vezes que ele ofegava. A junção de tudo, causando nela uma emoção atípica, que comprimia seu peito como quando se percebe, subitamente, que se arrependeu.

Tomados pelas lágrimas que esgueiraram-lhe, os olhos de Addison brilharam, instantânea e intensamente. O impulso errático reverberando das orbes verdes. E, sem que Owen pudesse humanamente perceber, dela o choro silencioso desaguou, escoando mansamente por seu rosto. Lágrimas de dor e vida e inconsequência e vergonha e arrependimento, conferindo-lhe uma torrencial sensação de sufoco.

A sensação inflada de saber que, uma vírgula a mais, e fragmenta-se o peito, jorrando as incandescentes palavras não ditas.

E tudo que ela queria ter dito, ou pelo menos feito, era a força e a objetividade de um não”.

Já não mais apenas invadida, e sim perturbada pelo fardo que lhe enlaçava concomitantemente aos braços de Owen, Addison reuniu a força que lhe era cabível naquele momento e empurrou o homem pelos ombros. Mas ele sequer se moveu. E Addison se sentiu impotente perante a truculência dele.

Justo quando iria tentar afastá-lo outra vez, sentiu a boca dele deixando a sua e descendo diligentemente para a pele de seu pescoço. As mãos dele foram para seu cabelo ruivo, puxando-o com displicência, seu pescoço pendendo ainda mais para trás. O passe-livre que, no entanto, Owen acreditava não precisar, por imaginar já tê-lo, embora fosse mentira afirmar que não houvera mais gana nos lábios do homem, que avançou contra a pele dela com uma frenesi ainda mais agressiva. Como se ele fosse um animal e ela a presa.

Addison travou a mandíbula, as veias de seu pescoço rígidas contra os beijos de Owen.

— Estrela... — Ele gemeu baixo perto do ouvido dela, arranhando propositalmente a barba contra seu pescoço. Addison tentou se curvar para trás, sem sucesso. — Você não faz ideia de quanto tempo eu esperei por esse momento.

— Owen... — Ela tentou separá-los outra vez, as mãos certeiras nos ombros dele. Mas aquele tom de sôfrego murmúrio, Owen confundiu com luxúria.

— Eu sei, Estrela... Olha como você me deixa — disse, forçando seu corpo contra o dela, esfregando seu membro ereto contra sua barriga. Addison sentiu o pavor subir para seus olhos. Sob as mãos dele, seu corpo começava a estremecer. Sob a boca dele, como se estivesse lhe tocando por dentro, jazia um gosto amargo, a bile subindo por sua garganta.

Uma das mãos dele, que antes apalpava a cintura de Addison, escorregou direto para baixo e ele apalpou sua ereção por cima da calça. — Que tal se fossemos para dentro?

— Owen, me solta. — E sem qualquer consideração, o homem continuou a apalpá-la.

— Não faz assim... Eu sei que você quer.

— Owen, não! — Mas sua imposição exacerbada e com notas de lamúria defronte ele, novamente não ocasionou nenhuma coação. E como se toda a cólera, reprimida desde que Owen tocou seus lábios em um beijo, explodisse dentro do peito de Addison, ela gritou, e estapeou com força as costas dele. — Hunt, me solta agora!

E então ele viu que ela chorava.

Addison retrocedeu alguns passos para longe dele, parando obrigatoriamente quando trombou com as costas contra a porta do chalé. Ainda olhava em seus olhos claros, desentendimento e surpresa escorrendo em sua face feito o mel que se dissolve do favo.

Impermanência𓂃 ִֶָOnde histórias criam vida. Descubra agora