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Pela terceira vez, o ônibus de viagem parava na estrada do Condado de Orange, e da porta, uma certa garota loira saía desvairada, tão veloz quanto o rastro de um cometa, debruçando-se no meio-fio para vomitar. Enquanto a maioria dos alunos iam para as janelas do veículo servir de plateia, Addison, a diretora Bailey e as amigas de Meredith saíram para ajudá-la.

A ruiva foi a primeira a se aproximar do corpo curvado e sem vigor da garota, juntando seus cabelos loiros em uma mão e dando sustento para sua testa com a outra.

— Robbins... — chamou-lhe a professora. — Pegue uma garrafinha de água para Grey, por favor?

— É pra já! — respondeu Arizona, voando de volta para dentro do ônibus e buscando o que Addison solicitou dentro do refrigerador do ônibus.

Assim que voltou, entregou para a mulher a água, que ajudava Grey a se sentar na calçada.

— Está se sentindo melhor, meu amor? — perguntou a ruiva, enquanto olhava Meredith beber a água com vagareza.

— Se eu fosse você, não me chamaria assim perto dela... — falou baixo e com a voz trêmula, acenando disfarçadamente em direção à diretora carranca que estava a menos de quatro metros delas.

— Assim como?

— De “meu amor” — sussurrou, forçando um sorriso quando Bailey a olhou incisivamente.

— É a força do hábito... — A ruiva sorriu amarelo, secando o rosto suado da garota com um lenço de papel, que já estava em seu bolso desde o primeiro episódio de mal estar dela.

— Aposto que está grávida — apontou Bailey, com o cenho enrugado e os braços cruzados. — Essas jovens de hoje em dia não sabem se prevenir...

Addison conteve uma risada que incidiu-lhe na garganta, no entanto, Arizona não teve o mesmo controle e livrou uma gargalhada alta, causando alarme em todas as outras ali presentes.

— Grávida só se for dos dedos da Addi... — interveio Arizona, e Addison, no primeiro momento, exorbitou os olhos em direção à Meredith. Mas, para sua felicidade e prevenção, Robbins foi abruptamente interrompida pelo puxão de cabelo que April lhe deu. — AI CARALHO!

Miranda fitou as duas jovens com seus olhos castanhos nada amigáveis e a habitual carranca tão mais intensa.

— O que você estava dizendo, senhorita Robbins? — cerrou os olhos a diretora, buscando nos sorrisos desconcertados das garotas, uma resposta convincente.

— Ela não estava dizendo nada de interessante, senhora Bailey — Kepner não tardou em responder, evidenciando falsamente sua melhor feição meiga. A mulher assentiu, embora ainda desconfiada, e relanceou Addison. — Acho melhor entrarmos, não é Arizona?! — Com os dentes cerrados, proferiu a última parte, encarregando-se de puxar a loira para dentro do ônibus.

— Jovens... — Miranda revirou os olhos. — Termine com esta garotinha, Montgomery, e não demore... Se depender de vocês, chegaremos amanhã à praia — falou, subindo impacientemente os poucos degraus defronte o ônibus.

Foi só apenas o sumiço pleno da figura baixa e truculenta de Bailey, ônibus à dentro, que Addison voltou a respirar com eficácia e o corpo se despiu da tensão, instalada nos nervos desde o comentário inacabado de Arizona. Meredith não agiu diferente, esvaziou os pulmões comprimidos num respiro puro de alívio e, naquele momento, o enjôo que sentia tornou-se mero grão de areia. Insignificante, comparado ao problema que teria caso sua amiga tivesse terminado aquela frase.

— Eu vou matar a Arizona — confessou entredentes, embora nem tivesse forças o suficiente para tal.

Addison negou com a cabeça, mas acabou deixando ressoar de si, uma risada contida, que não era de todo divertimento, havia também certo nervosismo.

Impermanência𓂃 ִֶָOnde histórias criam vida. Descubra agora