— Mas por quê?...
Arizona fez a mesma pergunta que Meredith fizera para si mesma durante o dia todo, interminavelmente, desde a hora que fugiu de Addison, deixando-a sozinha na cachoeira.
— Eu não sei... — Não foi com resignação que disse, mas ao contrário. Meredith tinha o perfil de alguém que havia sido derrotado. Sobre os ombros, tantos questionamento que os músculos eram incapazes de suportar, decaídos em sofreguidão. Os olhos baixos, uma névoa escura e desarmoniosa corrompendo a tão persistente sublimidade de antes, que qualquer um reconhecia apenas em olhá-lhos. Os membros trêmulos, movimentando-se tão compulsivamente quanto a frequência dos pensamentos desordenados, que transcorriam em sua mente.
E no emergir das nuances de sua ansiedade, a confusão e a angústia de não saber como as coisas iriam prosseguir a partir dali.
De não saber como lidar com uma dor, tendo consciência de que foi excepcionalmente o autor dela.
— Cara... Se ela falou que te amava, não tinha motivo pra fazer o que você fez. — Arizona bateu novamente na mesma tecla. — Isso é bom… Ou pelo menos deveria ser. — E lançou um olhar furtivo à April, que deu de ombros às margens, parecendo tão confusa quanto a si.
E quanto à Meredith.
— Eu não sei, tá legal?! Não sei... Eu só... — Meredith resfolegou, sem clareza alguma de como se explicar, de como exprimir o que por si só não compreendia. Duas vezes. Addison confessou amar-lhe, duas vezes. E o retrocesso intrusivo em seu estômago era o mesmo de quando ouviu aquilo.
— Mer, você pode dizer o que quiser pra gente. Não vamos te julgar jamais. — April interveio, dissociando a linha turva de raciocínio de Meredith, apaziguando-a, de alguma forma.
A garota entremeou os dedos pelos fios de seu cabelo loiro, depois esfregou rígidamente as palmas das duas mãos contra o rosto, como se fosse tão fácil assim se livrar das inconsequências que solapavam-lhe.
— Como foi quando ela disse? — A ruiva perguntou. — O que você sentiu?
— Eu senti... Senti um vazio. — A profundidade de um vazio, relembrou. — Depois senti raiva. E meu corpo inteiro começou a ferver.
Quando Meredith percebeu a forma com que suas amigas olhavam-na, sentiu o peso da inadequação em suas costas, tremendamente, como se ela tivesse na pele de um extraterrestre.
— É estranho, eu sei.
— É bizarro. Se uma mulher daquela estivesse apaixonada por mim, eu pulava no colo dela e não saía nunca mais — Arizona proferiu austera, recebendo uma cotovelada de April no momento seguinte. — Kepner!
— Cada pessoa reage de uma forma diferente, sua idiota — rebateu, em nota de incisividade, recebendo um sorriso caído e fraco de Meredith.
— Eu entendo o que você quer dizer, Ary, também pensava dessa forma… Até ouvir sair da boca dela. — E num ímpeto somente de grande coragem, Meredith ergueu o olhar para encarar suas amigas. — Eu não me lembro da última vez que alguém disse que me amava, nem minha própria mãe diz. Acho que por isso foi esquisito. Não sei… Como se eu não merecesse receber aquilo.
— Mas você merece, cara. Você merece tudo o que há de bom.
— Exatamente — concordou April.
— Não é tão simples asisim. E Addison está confusa, eu tenho certeza.
— Confusa…? — April questionou.
— Entre Owen e eu.
— Aquele ruivo escroto? Sério? — Robbins franziu o cenho, e uma náusea naturalmente acometeu-lhe.
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Impermanência𓂃 ִֶָ
FanfictionMeredith Grey ingressa no terceiro ano letivo do ensino médio, no L.A College, mas com o sentimento persistente de que não irá aguentar mais um ano de sua caótica vida. Mas, para sua surpresa, um fulgor de esperança reverbera sobre si quando seus o...