Alfonso precisou de tempo pra processar aquilo. A informação caia a pequenos pedaços, e ele passou os dias que vieram muito calado. Mal respondia quando falavam com ele, e estava sempre pensativo, os olhos distantes. Anahí não acordou. Completados um mês do acidente Alfonso recebeu alta, pronto pra outra, e ela continuava no coma. Ian ia lá todos os dias vê-la, e passava um bom tempo apenas observando, como se esperasse capturar algum detalhe que houvesse passado, algum indicio de que ela estava acordando, mas não havia nada. Estava abatido, não tinha mais aquele sorriso no rosto.
Alfonso: De novo aqui? — Perguntou, entrando no quarto. Ian estava parado, como sempre, olhando Anahí, e Rebekah o abraçava.
Ian: Eu sou amigo dela. — Lembrou, quieto.
Alfonso: A propósito, muito obrigado por montar um esconderijo pra ela. Foi muito útil. — Ian desviou o olhar, encarando Alfonso.
Ian: Do que está falando? — Perguntou, sem entonação nenhuma.
Alfonso: Havia uma fortuna na casa. Dinheiro seu. — Acusou, e Ian franziu o cenho.
Ian: Perdi aquilo pra ela em Las Vegas. — Disse, quieto. Alfonso ergueu a sobrancelha.
Alfonso: Quase 20 milhões. — Ressaltou. Ian deu de ombros.
Ian: Eu pago minhas dividas. Ela me pediu pra colocar o dinheiro lá, e eu coloquei. — Disse, voltando a olhar Anahí — É dela pra fazer o que quiser. Não tente me culpar pelo que aconteceu. Não fui eu que joguei ela de uma ponte.
Alfonso ficou quieto, se aproximando. A barriga de Anahí, na porta dos 3 meses, estava crescendo. Robert estava preocupado. O corpo dela não tinha suporte pra uma gestação do jeito que estava, seria um milagre conseguir se ela não acordasse logo. Mas, apesar de ela continuar do mesmo jeito, o bebê resistia, e a cada dia Alfonso se perguntava até quando. Havia desespero nessa pergunta — a possibilidade o apavorava.
Ian: Se quer um conselho, aproveite o momento. Seja homem o suficiente pra sentir remorso. — Disse, impassível — Porque se ela morrer, Alfonso, o sangue vai estar nas suas mãos. — Completou, e parecendo cansado, pegou a mão de Rebekah e saiu, deixando Alfonso lá.
Alfonso tocou o rosto de Anahí. Os poucos cortes, superficiais, já estavam sarando, mas ela continuava pálida, a pele fria. Respirava pelo impulso do oxigênio no tubo, era muito superficial. Ele baixou a mão, tocando a barriga dela, e contrariando tudo ao redor essa estava firme, ganhando volume gradativamente.
Alfonso: Vamos, acorde. — Pediu, em um murmúrio angustiado — Acorde e me faça me afastar aos gritos, como sempre, mas acorde. — Completou, observando-a.
Anahí continuou imóvel. O monitor não se alterou. Ele suspirou, com o peso do mundo nas costas. Nos dias que vieram ela continuou imóvel, como uma boneca de cera. Sabendo disso você pode entender sua surpresa quando, poucas semanas depois, ao chegar no hospital (como fazia todos os dias), encontrou a cama de Anahí vazia, e a dona dela de pé.
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Alfonso piscou repetidas vezes, totalmente em choque. Estivera lá na noite anterior, estivera... Havia algumas enfermeiras em volta dela, e Robert estava lá, mas decididamente ela estava de pé! Ele podia ver o topo a da cabeça dela atrás das enfermeiras, estava de pé! Ele tropeçou pra dentro do quarto, quase se batendo com a porta de correr de vidro, totalmente tremulo. Deus o perdoara e o ouvira.
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Enquanto Você Dormia (Efeito Borboleta - Livro 2)
FanficTRAILER OFICIAL: https://youtu.be/Um7zO-MwLKw Quando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das...