Levou um instante de absorção. Parecia que aquela frase, principalmente do desespero que veio junto com ela, havia pregado todos no chão.
Alfonso: Nathaniel, onde está sua mãe? — Perguntou, virando o menino pra ele. Só que Nate chorava demais, não conseguia falar.
Alfonso desistiu e saiu correndo. Ouviu passos o acompanhando, mas não deu atenção. Tinha que achá-la, ela não podia ter ido muito longe, ele só se distraiu um minuto... Tinha que achá-la... E do lado da casa, na direção do lago, estava Anahí. Caída na neve de braços abertos, mole. Ele gemeu, acelerando o passo, e se jogou ajoelhado ao lado dela.
Alfonso: Ei, ei, ei. — Chamou, desesperado. Ele ergueu ela pelo peito e a cabeça dela tombou pra trás, mole. Madison e Kristen pararam no meio do caminho, chocadas com aquilo; era uma cena até familiar. — Anahí, não...
Robert: Sai. — Ele apanhou o pulso dela, olhando pra frente. Após alguns instantes apanhou a pálpebra dela, abrindo-a e passando o dedo a frente, mas não houve reação. — Eu vou tirar o carro. Não mova ela. — Disse, apressado, se levantando. Ian e Rebekah assistiam, atordoados. Christopher abraçou Madison. — Kris, tire Nate do caminho, deixe as crianças com minha mãe. — Kristen assentiu, dando a volta e saindo as pressas.
Mas tudo o que Alfonso conseguia ver e ouvir era o corpo dela em suas mãos. Frio, mole, sem reação, como fora por quatro anos. Era como se a vida, a felicidade estivesse sendo sugada dele.
Alfonso: É minha culpa. — Disse, tremulo.
Ian: Ninguém tem culpa. Se acalme. — Tentou, mas ele mesmo estava assustado.
Alfonso: Eu fiz ela reprimir as lembranças. O médico avisou que isso ia acontecer, mas eu fui egoísta e eu deixei... — Continuou, atordoado.
Rebekah: Irmão... — Suspirou, pondo a mão no ombro dele. Não funcionou. Ele apenas se balançava com Anahí no colo, pra frente e pra trás. Não fazia nem 12 horas ela disse que sempre amaria ele... Estava em seus braços... Disse a Nate que não iria a lugar algum, e agora...
Alfonso: Anahí, acorde. — Implorou, com a voz tremula. Alguma parte dele queria chorar, mas o desespero, a dor haviam bloqueado o corpo dele. — Baby, volte pra mim. — Não houve resposta. Ele se abaixou, arfando, e colou a testa com a dela. Ela estava fria.
O carro parou ao lado deles e Robert desceu. Pediu ajuda a Ian e tirou Alfonso do caminho, pondo Anahí deitada no banco de trás com todo cuidado possível. Porém, quando ela foi acomodada e eles fecharam a porta, o carro cantou pneu, jogando neve pra cima e saindo a toda velocidade. Robert olhou em volta, gemendo em seguida.
Robert: Alfonso... — Gemeu, correndo em direção a garagem de novo.
Alfonso podia ter atropelado e matado uma pessoa. Podia ter matado dez. Vinte. Ele não estava ligando. O pé dele estava no acelerador, e ele só ia tirar quando chegasse no hospital, que infelizmente ficava a quilômetros de distancia. Viu a Mercedes de Christopher se aproximar, sem conseguir emparelhar, e outro carro atrás. Não distinguiu quem dirigia. Olhava no retrovisor o tempo todo, na esperança dela acordar com o sacolejo do carro na neve, mas nada. Após o que pareceu ser uma eternidade o carro parou com um solavanco na porta do hospital, e de algum modo Robert já estava abrindo a porta dos fundos.
Robert: Idiota. — Rosnou, soltando os cintos que prendiam Anahí. Alfonso não respondeu. A Mercedes passou por eles, estacionando, e desceram Madison, Christopher, Ian e Rebekah.
Uma vez que Anahí foi recebida, só houve silencio. Robert entrou, sendo medico e sendo o medico que a acompanhou, apesar que o mais indicado era que Joseph estivesse ali. Alfonso não falava com ninguém. Apenas se sentou, com as mãos cruzadas na frente do rosto, e esperou. Não respondeu quando falaram com ele. Não sentiu nada, exceto o pânico e a dor. E esperou.
Se lembrou dos três em Hamptons, no verão. Ele pedalava, com Anahí a sua frente e Nate na cesta da bicicleta. Os dois riam. Alfonso se sentia bem. Se lembrou do filho brincando na areia, queimado do sol, feliz, então se lembrou do menino da ultima vez que o vira, chorando desconsolado pela perda da mãe. Se lembrou de Anahí no natal, do olhar dela enquanto lhe dava seus presentes, se lembrou do seu riso, do seu beijo, o cheiro... E agora ela se fora de novo. E, mais uma vez, ele só podia esperar.
E esperar.
Perdeu a noção do tempo. Talvez estivesse rezando, não tinha certeza, mas daria tudo o que tinha pra que ela voltasse. Então, depois do que pareceram ter sido três vidas, Robert apareceu na recepção. Parecia... Exasperado.
Alfonso: Como ela está? — Perguntou, rouco — Ela entrou em coma?!
Robert: Não, ela está bem. Está tudo bem, ela já acordou, está bem. — Disse, ainda com aquela cara estranha. Alfonso quase desmaiou de alivio. Houve uma breve comemoração na recepção; Madison abraçou Christopher. Kristen suspirou aliviada. Ian riu e bateu palma duas vezes. Rebekah abraçou o irmão, rindo. Alfonso se sentia dormente.
Alfonso: Eu vou fazer ela voltar pra terapia. — Decidiu, a mente nublada — Isso não vai acontecer de novo, eu... — Interrompido.
Robert: Não teve nada a ver com a memória dela. — Alfonso e todos hesitaram, o silencio se instalando de novo.
Christopher: Como não? — Perguntou, sem gostar de ficar um passo atrás.
Robert: É bem normal, até. — Disse, dando de ombros, e se virou pro irmão — Alfonso, ela está grávida.
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Enquanto Você Dormia (Efeito Borboleta - Livro 2)
Hayran KurguTRAILER OFICIAL: https://youtu.be/Um7zO-MwLKw Quando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das...