Capítulo 1

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Os céus estavam de prova sobre aquela situação, Arden nunca quis que a conversa anterior chegasse naquele tipo de cenário. Ele sempre pensou que estava apenas tentando ajudar um amigo, um colega de negócios, a se afastar de um alfa insignificante e inconveniente, mas ele não esperava encontrar o próprio Maximiliano Bianchi como a pessoa indesejada.

Desesperado em busca de apoio, Arden olhou em direção ao pequeno ômega ao seu lado, o qual estava focado apenas no outro alfa, enquanto demonstrava claramente a sua irritação conforme seus olhos piscavam sem controle.

"O que você quer?"

Desafiando qualquer pessoa naquele local a soltar sua respiração, o pequeno ômega gritou com ódio em seus olhos.

Esse imbecil virou um perseguidor agora?!

Era o que ele queria falar, mas como estava lidando com o vilão principal da novela, ele só poderia revelar sua insatisfação por meio de seu olhar.

"Quem te deu permissão para tocar na minha esposa?"

Max, alheio ao ódio do seu pequeno ômega, dirigiu sua raiva para o acompanhante do mesmo, um alfa com status, mas de família duvidosa. Essa transferência de sentidos fez com que Arden questionasse toda existência, e parasse na pergunta "O que é estar vivo? Vale mesmo a pena viver?", enquanto suas pernas escorregavam bambas de medo.

Por outro lado, Maximiliano apenas continuava seu olhar inquisitório. Investigações em seus antecedentes demonstraram que os dois estavam em um círculo próximo de amizade, então o Maximiliano não podia deixar de lado o rancor por aquele homem que tentava roubar a sua esposa, mesmo que eles ainda não estivessem em uma relação formal.

"Deixe o Arden fora disso, seu babaca".

O ômega tentando proteger seu amigo do filha da puta a frente, tomou a fronte, enquanto empurrava seu colega prestes a desmaiar.

Os dois atores principais se encaravam sem piscar, um empurrando seus feromônios sobre o outro. Era óbvio aos olhos do Arden, que nunca tinha presenciado aquele tipo de cena antes, que o alfa esbanjava sua essência tentando dominar sexualmente seu oponente, enquanto afastava os outros concorrentes do local, vulgo o próprio Arden, que não parava de tremer. Já o pequeno ômega ao seu lado, esvoaçava seus feromônios raivosos tentando afastar o alfa a sua frente, mas conseguindo apenas o efeito inverso de seu desejo.

Naquele momento, todos que assistiam a cena entraram em um consenso mutuo, seria muito mais benéfico se aqueles dois entrassem em um quarto e resolvessem as coisas com sexo, do que fazer com que metade das pessoas na festa desmaiassem com a pressão.

Arden se afastou ainda mais daqueles dois, agora seu corpo estava prestes a correr do local. Se ele voltasse alguns meses atrás, antes de toda essa situação, ele teria dado uns tapas na cara do Leo, mesmo ele sendo seu chefe, para prevenir este momento.


.............................. Alguns meses antes .............................. 


Leo suspirou pela milésima vez naquele mesmo dia. Quem diria que ele, de renomado homem de negócios no seu mundo, iria morrer afogado depois de cair em uma piscina bêbado para reencarnar em uma novela BL de omegaverse, sendo apenas um personagem extra que nunca sequer apareceu em qualquer página do livro. E para acrescentar à sua lista de maravilhas atuais, o proprietário original daquele corpo estava sendo expulso de casa, por ser considerado um ômega feio que não conseguiu se casar com um homem rico para trazer dinheiro à família.

Leo não conseguia entender como ele foi parar naquele lugar, era simplesmente por causa de seu amigo Caio, aquele pervertido de merda que tinha indicado o mesmo livro para ele.

"Porra...".

"As flores mudam na estação", um livro merda de quinta categoria com personagens previsíveis e história ainda mais monótona. O enredo se resumia a um ômega que nasceu em uma família considerada abastada, que se vê afundando nas dívidas por causa do vício do seu pai em jogos, bebidas, ômegas e drogas. Ele decidido a mudar sua situação, vai até um magnata qualquer e faz um acordo de casamento falso. Os dois juntos conseguem lutar contra as adversidades do amor, e vencem o vilão final, conseguindo assim um belo epílogo feliz com dois bebês. O personagem principal da história, o ômega, era tão inocente e burro que causava raiva no Leo.

Que se dane o perdão, eu quero vingança e dinheiro. Talvez sexo.

Se bem que ele confessa que persistiu na leitura de merda apenas pela classificação +18, juntamente com as cenas quentes de sexo entre os personagens.

Olha, onde mais no mundo real você vai conseguir um homem que dure mais do que 2 minutos na cama, e consiga ejacular várias vezes por muito tempo?

Apenas de lembrar das cenas lidas, ele sentiu sua bochecha corar e garganta secar.

Só na literatura.

Leo era um homem gay, que tinha uma vida sexual bem pacata, na verdade em todos os seus 25 anos de vida, pelo menos a anterior a está, ele nunca havia sequer beijado alguém, sendo sua única companhia os sonhos molhados com atores porno baratos. Sendo um viciado no trabalho, e tímido ao excesso, ele nunca tinha se aventurado em qualquer relacionamento, ou deixar qualquer pessoa se aproximar.

Ele bufou mais uma vez rindo da sua própria desgraça.

"Deveria ter devorado aquele maldito pedaço de pizza e dado em cima do porteiro gato do meu prédio".

Leo sentia que a única coisa que ele ganhava todo dia, era mais dor de cabeça, tanto pelas situações que estavam ocorrendo, quanto pelas memórias que eram sobrepostas na sua cabeça. Acontece que recuperando as lembranças do seu corpo atual, ele conseguiu compreender sua situação atual. Filho mais velho da família Borgia, ele se viu encurralado quando seu irmão mais novo conseguiu o comprovante de alfa, abrindo assim uma porta para o sucesso. A sua madrasta, vendo assim uma chance de se livrar do Léo, que agora já era maior de idade, justificou sua expulsão de casa por meio de uma falha proposta de casamento com um alfa de baixa qualidade social. O matrimônio falhou por causa da incapacidade do pequeno ômega em liberar seus feromônios, fazendo assim com que ele fosse incapaz de dar a luz.

As lembranças bateram na sua cabeça mais uma vez. A não ser por aquele pedaço de papel idiota, e cara bonita do seu corpo, Leo não tinha nenhuma garantia de ser um ômega. Afinal, nunca um alfa se sentiu seduzido por ele ou tentou qualquer aproximação, mesmo sem seu aroma.

O que o pequeno rapaz não sabia, era que sua beleza fria, herdade da sua mãe, fazia com que vários alfas e até mesmo ômegas sentissem intimidados, impedindo aproximações. Como seu ex-prometido nunca tinha se encontrado com ele antes, ou visto qualquer foto, a proposta de matrimônio foi retirada sem mais explicações. Depois disso, o trauma de abandono e inferioridade começou a ser ainda mais forte, tornando o belo jovem em uma beleza triste e trágica, mas isso não remetia ao Leo. Sendo criado por pais amorosos e compreensivos, toda a sede que ele tinha por atenção já foi suprida por sua família real, tornando as memórias recentes apenas rancores, e despertando o desejo de justiça, na verdade, vingança, pela pessoa que era proprietária original do seu corpo.

Prestando mais atenção nas memórias, ele descobrio que também nunca tinha feito nada de mais nesta vida, e isso incluía sexo, seu contato com pessoas exteriores da sua casa se reduziram a apenas aos professores e vizinhos, que em sua maioria tinha mais do que 50 anos.

Virgindade eterna, esse é meu karma.

Sendo abandonado e sem ajuda por perto, sua única solução momentânea era procurar a auxílio da sua família materna atual, pelo menos um amparo de moradia de curto período, enquanto decidia suas decisões futuras. Com esta nova perspectiva, o ômega levantou da calçada em que estava sentado e decidiu percorrer o caminho ao qual ainda carregava na memória.

With Love LeoOnde histórias criam vida. Descubra agora