Lilith
Comecei a chorar no meio do caminho pra casa. O peito doendo de ódio, sentimento que abomino. Que raiva de mim mesma por deixar ele me abalar de novo. O que eu fiz de errado?
Respirei fundo assim que cruzei a porta. Corri pro banheiro tomei um banho rápido, coloquei meu moletom e fui pra minha cama. Eu queria dormir. Me concentrei na respiração pra afastar os sentimentos ruins de dentro de mim. Senti a porta do quarto e a do banheiro. Dorme Lili dorme pro tempo passar.
" Procure por ele Lili.
Não quero
Se não o encontrar ele vai morrer.
Quem vai morrer?
Cante Lili e vai saber"
Estou só no meio da floresta, a voz se foi. Não sei o que cantar nem quem procurar. Comecei a cantarolar qualquer som e olhar em volta. Eu estava com vontade de correr e como gosto de facilitar aos meus instintos deixei minhas pernas me guiarem. Lembrei de uma música.
Venham bruxas a lua é cheia o mar ta calmo e a Luz clareia.
Venham bruxas o rito é forte deem as mãos o . . .Não é essa música . . . havia uma mão dentro do lago. Corri. A mão começou a afundar e saltei na água a puxando, desesperada. A trouxe de volta. O rosto começou a emergir branco.
Cassian?!"
Acordei com o susto, virei para o lado e ele estava deitado me olhando, mal piscava.
—Sinto muito. . . —Sussurrou ele.
—Não sente não.
Cassian virou de barriga pra cima. Peguei meu telefone e já são quase 19 hrs. Dormi demais.
—Eu. . .
Toc toc.
A batida na porta interrompeu o que ele ia falar. A porta se abriu era o pai dele e minha mãe fez sinal pra mim.
—Filho precisamos conversar! —Sua voz não era nada boa.
Mamãe fechou a porta.
—O que houve? —Sussurrei a acompanhando pra sala.
—A mãe dele estava viajando e . . . o carro que estava atrás dela resolveu ultrapassar em uma curva. Uma carreta bateu de frente colidindo com o carro dela e ela veio a falecer na hora.
—Deuses!
—E parece que Cassian estava brigado com ela.
A porta lá de cima bateu com força e ouço passos correndo e o choro dele. O pai de trás.
—Cassian para!
Ele não respondeu, saiu porta a fora. O pai dele segurou a cabeça se abaixando e chorando, mamãe o abraçou.
—Ele vai ficar bem! —Disse minha mãe e o sonho me veio à tona.
Eu não poderia ta tão conectada com a deusa a ponto de ela vir me alertar. . . droga Cassian.
—Vou atrás dele!
—Não! —Falei olhando pra porta. —Eu sei onde ele está, só me dê um tempo e eu o trago de volta.
—Está escuro. . .
—Não se preocupem! —Falei já a porta.
A chuva estava apenas uma nebrina fina e congelante. Corri para o pier olhei o lago chegava a estar negro por causa das nuvens pesadas. Olhei em direção a floresta onde eu estava e corri pra lá.
—Cassian?! Cassian!? Merda não acredito que vou ter que cantar por sua causa.
Respirei fundo. Fechei os olhos me concentrando.
—Pela chuva, vento e ar venham comigo a dançar. O vento sopra a folha cai e os espíritos estão a me abençoar. Pela floresta a fada mor me apresenta o caminho a trilhar.
Por terra, fogo, água e ar venham comigo a cantar. A chuva fina me ilumina. pai da floresta, deus cornífero abra a porta dos meus sonhos. Deusa da lua, mãe divina mostre-me o amor da minha vida.
❤ ❤ ❤ ❤ ❤
Cassian.
Quando sai do banheiro Lili estava dormindo ou fingindo dormir. Eu me pergunto por que a beijei, por que gostei, por que a desejei se não gosto dela, não a amo, não. . . a deixei confusa eu sei, terei que pedir desculpa, mas isso é sinal de fraqueza. Não sei o que pensar, agir ou fazer. Estava quase pegando no sono com a imagem do beijo me voltando a cabeça quando ela começou a murmurar e acordou assustada. Eu preciso dizer algo.
—Sinto muito! —Não era àquilo que eu queria dizer, eu não sinto muito porque eu gostei e ela tinha razão quando disse que eu estava mentindo. Ok bora pedir desculpas de verdade, ou não.
—Eu. . .
Meu pai entrou com uma cara de que algo muito sério aconteceu. Lilith saiu do quarto e me sentei na cama, ele ajoelhou na minha frente e meu coração disparou. Medo corroeu meus ossos.
—Pai. . .
—Sua mãe. . .
—Não!
—Espera, deixa eu falar. . .
—Minha mãe está bem!
—Filho ela estava dirigindo . . .
—Não pai. . . você vai me dizer que ela fez um arranhão e tá no hospital. . .
—Gostaria de dizer que sim. . .
—Não pai!? —Comecei a chorar com a dor explodindo no meu peito. —Ela morreu? Minha mãe está. . . morta?
—Sinto muito filho!
Eu queria gritar, eu queria que o mundo explodisse. Eu . . . to sufocando aqui dentro. Eu preciso de ar. Preciso respirar. Eu corri pela floresta, queria poder encontrar aquela paz em que Lili estava hoje cedo, mas tudo o que eu via era lembranças da minha mãe, das nossas brigas. Da mágoa do rosto dela comigo. Eu não posso ter . . . eu nunca vou poder pedir perdão. Queria gritar precisava por pra fora eu queria um abraço dela, queria ela brigando comigo agora. Mas tudo o que eu fiz foi . . . eu não consegui desejar a felicidade que ela merecia. Eu sou um merda, um bosta de filho, eu só vi a necessidade do meu pai e não a dela, eu não mereço nem estar respirando agora, deveria ser eu no lugar dela. Bati em minha cabeça de raiva. Eu não presto pra nada nem pra ninguém nem mesmo pra Lili, só destruo o coração das pessoas. Eu preciso falar com a minha mãe, preciso vê-la só mais uma vez nem que isso me custe a vida. O lago.
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Deixe eu ser seu último Amor.
ChickLitSer gorda não é uma coisa ruim, pensa comigo, você prefere abraçar uma barbie e dormir com ela ou prefere abraçar um unicórnio de pelúcia e dormir com ele? Uma barbie te machuca enquanto você dorme, o unicórnio de pelúcia jamais. Agora vou contar um...