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—Pela Deusa! —Suspirou Mor.

—Fica calma amiga, já estamos chegando, vai ficar tudo bem, estou com você. . . eu sei. . . mas vai dar tudo certo. . .  —Lili pegou minha mão, a dela estava trêmula. —Em que hospital? . . . tudo bem. . . só fica calma. . . tá, vai lá qualquer coisa me avisa.

—Por quê. . .?

—Nossa mãe. . . nossa outra mãe também é chamada de G. e a mãe da Mari também.

—Minha madrasta é a mãe da Mari?! —Perguntei estupefato.

—Isso e ela está no hospital em estado grave. neste momento ta passando por uma cirurgia. . . o caso é muito grave Cass. . .

—Deus.

—Se ela se salvar talvez fique . . . tetraplégica.

—Meu Deus!—Soltei a mão dela segurando minha cabeça que parecia que ia explodir com aquela informação eu não consigo raciocinar, nem entender o que estou sentindo. É tudo tão confuso, mas eu daria tudo por minha mãe estar no lugar da G. e ao mesmo tempo estou com medo que ela também morra. Senti a mão quente e trêmula de Lili em minha cabeça e em meu pescoço. A abracei.

—Eu não sei se você precisa de mim. . .

—Preciso. Preciso muito! —Minha voz mal passava de um sussurro.

—Mari também precisa de mim Cass.

—Eu sei. . . eu quero ir pro hospital com você. —Respirei fundo. —Só não me deixa só. . .

—Está bem. . . Mor avisa a mamãe que vamos pro hospital.

. . .

No hospital estávamos indo até a ala de aguardo e Mari se levantou quando chegamos vindo abraçar Lili e se afastou.

—Eles disseram que ela ta consciente, mas só tem mais algumas horas ou talvez minutos. —Mari olhou nossas mãos e eu a abracei chorando.—Cass. . .

—Minha mãe. . . era ela . . .

—Sua mãe matou a minha! —Ela se afastou me empurrando.

—Não! Não! Minha mãe jamais. . .

—Sua mãe tava dirigindo! —Ela disse com tanto ódio.

—Mari para! —Disse Lilith segurando seus braços. —Ele acabou de perder a mãe dele, não faz isso!

—E eu vou perder a minha! —Gritou ela e então perdeu a voz e seus joelhos cederam fazendo barulho ao atingir o chão. —Vou. . . perder a . . . minha.

—Mari tenta se acalmar, isso não vai fazer bem pra você e nem pra passagem da sua mãe, deixa ela partir tranquila.

—Você tem sorte de poder dizer a ela que a ama. —Falei e ela olhou em meus olhos. —Eu não tive essa chance e eu daria tudo pra ta no seu lugar agora e poder. . . pela . . . última . . . vez. . .

—Cass. . . —Lili estendeu a mão pra mim e a peguei como um bote salva vidas.

—Oi Querida. —Disse uma enfermeira e ela se levantou rápido. —Sua mãe já está no quarto ela já consegue te ouvir.

Ela assentiu e ia seguir a enfermeira quando segurei sua mão.

—Fala o quanto a ama. . . —Falei. — Fala que eu. . . fui muito cabeça-dura pra admitir que gostava dela e que nossa partida vai ficar pra sempre no meu coração.

Mari deu um beijo na minha bochecha e seguiu a enfermeira. Lilith  virou pra mim limpando minhas lágrimas, com suas mãos delicadas.

—Eu sei que as coisas vão ficar ruins por um tempo, mas Mari precisa de você e você dela, porque só vocês sabem da dor que estão sentindo.

—Tem razão! — Assenti.

Sentei-me em uma das poltronas puxando Lili comigo. Esperamos Mari voltar. Ela abraçava o próprio corpo, olhando pro chão. Nos levantamos e ela me olhou.

—Mamãe quer te ver! —Murmurou. —Ela não tem muita força pra falar então chegue perto pra ouvi-la.

Segui a enfermeira e tinha um senhor sentado ao lado dela inconsolável. G. Sorriu ao me ver.

—Pegue minha mão! — Sussurrou e eu o fiz imediatamente.

—Perdão . . .

—Estou bem Cass. . .  —Neguei com a cabeça apertando a boca pra não chorar. —De verdade. . . estou bem, daqui a pouco estarei com sua mãe e seremos felizes.

—É . . .  o que eu mais desejo. . .  —Comecei a tremer tentando respirar pela boca. —Se poder. . . diga a ela que a amo, que eu sinto muito por ser um péssimo filho. . .

—Não foi Cass. . . sua mãe o amava e o ama e ela me disse ainda no carro, que tinha certeza que você mudaria e que se tornaria um grande homem e ela ia se orgulhar de você.

—Ela disse?

—Sim meu bem. . . e não se preocupe, estaremos de olho em vocês.

—Vou tentar me comportar.

—De uma olhada na minha Mari de vez em quando, sei que não se conhecem, mas. . .  —Ela parou um pouco pra respirar.

—Não se canse filha! —Saltou o homem se levantando e pegando a outra mão.

—Estou bem papai.

—Eu vou cuidar da Mari como se ela fosse minha irmã! —Falei.

—Você é um bom garoto Cass. . .

—E você uma boa mãe e . . . pessoa e eu a admiro e sinto muito pela mamãe estar dirigind. . .

—Sua mãe não teve culpa, o carro que nos ultrapassou foi jogado por cima de nós. . .

—Eu deveria ter ficado com ela.

—Não perca seu tempo achando uma culpa meu bem, viva seu tempo pro amor, tenha uma vida plena e depois me encontre pra uma partida lá do outro lado.

—Farei isso.

—E não se preocupe, sua mãe vai receber seu recado, já consigo senti-la. . .  —Ela olhou pra cima respirando lento e profundamente. —Já sinto seu perfume. . . sua mãe . . . foi meu último amor. . . seremos felizes.

—Vão ser sim . . . vão ser.

Fiquei de joelhos assim que aquela maquina apitou continuamente. Eu não soltei a mão dela só consegui chorar eu queria que ela a sentisse do outro lado, pra que ela soubesse que não a abandonei. O pai dela me puxou.

—Vamos filho!

—Não, deixe-me ter certeza de que ela chegou bem!

—Sua mãe já a levou, ela já está segura. Precisamos ir.

Ele precisou abrir meus dedos pra eu solta-la. Minha mente simplesmente desligou ali em diante, eu via flashes de pessoas falando comigo. Me abraçando. A única voz que me lembrava que eu estava vivo e em algum lugar era a da Lili. Eu ouvia meu pai falando ao longe, como se ele estivesse muito distante e eu não o ouvia.

—Cassian?
 
—Oi Lili. . .

—Vamos pra casa da minha mãe ?

Senti a mão dela na minha e voltei a mim. O enterro já havia acabado e eu não havia percebido. Anestesiado apenas a segui.

Deixe eu ser seu último Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora