Cassian
Eu não encontro o lago, não consigo parar de chorar. Estou arranhado com os pés ardendo dos gravetos. Nem pra me matar eu sirvo. Bosta de humano que sou.
—Que ódio!!!!
Minha respiração falha de tão desesperado que me sinto. Preciso . . . eu não sei do que preciso. Talvez eu precise cantar, como era mesmo aquela música idiota que a Lili estava cantando Chuva terra ar droga nem pra me lembrar. Desesperado comecei a correr novamente e vejo o lago ao longe. Respiro fundo, fecho os olhos e ouço a música como se a própria Lili estivesse cantando perto de mim. Acho que quando a morte está perto de você, ela te deixa a mente mais clara com as lembranças. Comecei a cantar junto a voz que chegava cada vez mais alta a meus ouvidos.
—Perdão por ser um escroto Lili?!
"pela chuva, vento e ar venham comigo a dançar. O vento sopra a folha cai e os espíritos estão a me abençoar. Pela floresta a fada mor me apresenta o caminho a trilhar.
Por terra, fogo, água e ar venham comigo a cantar. A chuva fina me ilumina. pai da floresta, deus cornífero abra a porta dos meus sonhos. Deusa da lua, mãe divina mostre-me o amor da minha vida. "
— . . . Mostre-me o amor da minha vida!
O calor de um abraço surgiu, reconfortante. Nem senti que me afoguei.
—Mãe?
❤ ❤ ❤ ❤ ❤ ❤ ❤
Lilith.
Pelos Deuses comecei a costear o lago entre as árvores, cantando sem parar. O encontro caminhando de olhos fechados em direção ao lago ele estava cantando a minha canção, se eu parar ele pode correr pro lago. Aquele imbecil quer morrer? Aquele ódio que eu estava dele no momento foi esquecido e quando ele pediu pela mãe a compaixão surgiu em meu coração.
—Não Cass. . . mas ela vai ficar bem! —Murmurei e ele me abraçou forte chorando, chorando muito. A ponto de perder as forças nas pernas e eu ter que me ajoelhar abraçada nele. Não deixaria que ele perdesse a vida só porque o odeio. E nem imagino o que seja perder uma mãe, mas pelo choro dele sei que a dor é muito forte. Quando dei por mim eu estava chorando com ele.
—Eu. . . eu me odeio! —Disse entrecortado entre o choro se afastando de mim e cobrindo o rosto. —Sou um merda Lili, um merda!
—Cass. . . —Puxei suas mãos.
—Ela morreu magoada comigo Lili! —Finalmente me olhou e tudo o que vi foi dor. —Magoada, triste, eu nem disse que a amava, eu nem ao menos desejei que ela fosse feliz porque sou um merda de filho, e agora eu nem posso mais pedir perdão.
—Cass ela sabe. . .
—Não, ela não sabe!
—Sim, agora mais do que nunca ela sabe. Falei apertando suas mãos quando ele tentou tirá-las. —Sua mãe não deixou de existir porque o corpo dela não tem mais vida.
—Mas eu preciso falar com ela!
—Pode falar, onde quer que você esteja Cass, ela sempre estará contigo!
—Mas não tá, não posso vê-la nem a tocar!
—Tem tanto a aprender Cass. —Suspirei procurando palavras. —Esse corpo é só uma casca, um templo pra sua alma, somos espíritos usando corpos para termos experiencias e aprendizado. . .
Ele começou a rir em meio ao choro.
—Claro kkkkk
—Cassian este corpo que você tanto tem nojo. —Apontei pra mim. —Isso não é o que eu sou, eu sou mais do que matéria, eu sou espírito, sou luz e você também.
—Mas eu preciso dela!
—Eu sei meu. . . eu sei! —O puxei abraçando-o.— Vamos dar uma trégua, e eu vou estar por perto se você precisar tá bem?
—Você me odeia!
—E você também!
—Me odeio mais! —Disse ele se afastando.
Deuses dai-me paciência, talvez eu sendo mais caridosa minha punição de tê-lo em minha vida diminua.
—Então vamos dar um tempo, vamos fingir que não nos odiamos nesse momento e quando você precisar de mim estarei com você como sua ''meia-irmã'' como eu sei que você morreria de vergonha de andar comigo em público, pode me procurar ou pedir minha ajuda quando não estamos. Agora vamos pra casa, você precisa de um banho e acho que vamos ter que pegar a estrada. —Peguei sua mão me levantando e o puxando.
Cassian não disse nada durante o trajeto. Seu pai o abraçou assim que cruzamos a porta e Cass começou a chorar e eu novamente, como se tivéssemos uma ligação e o seu sofrimento fosse o meu. Mamãe o abraçou forte ele pareceu reconfortado, minha irmã e depois Ângelo.
—Precisamos ir! —Disse o pai dele.
Cass assentiu e nos primeiros degraus da escada olhou pra mim num pedido silencioso. Apenas o segui e ele continuou. Ele pareceu ter entrado no automático, pegou uma toalha e entrou no banheiro enquanto eu arrumava as roupas, tirei a roupa molhada e peguei outro conjunto de moletom pra viagem e guardei todo o resto. Estava demorando.
—Cass? —Encostei o ouvido na porta e o ouvi chorar. Merda de coração o seu Lili. abri a porta. —Cassian?!
Ele estava sentado no box abraçando os joelhos negou com a cabeça, não tinha forças pra parar de chorar e falar. Acho que a perda da mãe o destruiu. Fechei a porta atrás de mim, entrei no box peguei suas mãos o levantando. Não o olhei. Apenas peguei o shampoo derramando na minha mão e lhe passei no cabelo, ganhei um sorriso constrangido do meio do choro. Nem abrir os olhos ele conseguia. Massageei seu couro cabeludo enquanto ele ia se acalmando, o peito chacoalhando enquanto ele tentava parar o soluço e eu sei que o pior ainda está por vir.
—Não se feche Cass. . . —Murmurei enquanto tirava a espuma do cabelo dele.
—Nunca fui aberto. —Sua voz saiu rouca e falha.
—Bom, eu preciso ter com quem brigar sabe, isso faz bem pra minha autoestima e não to a fim de ninguém além de você pra bater boca.
Agora ele riu. Peguei o sabonete e passei por seu peito e ele segurou minha mão sob seu coração que eu conseguia sentir na ponta dos meus dedos o quão estrondoso estava.
—Vou deixar você terminar.
—Já terminei.
Guardei o sabonete e esfreguei a mão em seu braço pra tirar o sabão. Sai do box pegando a toalha e lhe secando o cabelo.
—Sabe, a única coisa que gosto em você é seu cabelo! —Outro sorriso.
—Também gosto do seu! —Murmurou.
—Mentiroso! —Falei sorrindo e lhe entregando a toalha.
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Deixe eu ser seu último Amor.
ChickLitSer gorda não é uma coisa ruim, pensa comigo, você prefere abraçar uma barbie e dormir com ela ou prefere abraçar um unicórnio de pelúcia e dormir com ele? Uma barbie te machuca enquanto você dorme, o unicórnio de pelúcia jamais. Agora vou contar um...