EMMANUEL SÁNCHEZ
98… 99… 100.
Deixo meu corpo cair na grama verde, completamente suado e com o corpo dolorido. Já havia feito a caminhada matinal, levantado peso e agora finalizando com flexões que por mais acostumado que eu estivesse a fazer isso, ainda era o pior dos exercícios.
— Menino, entre! Eu te fiz um bolinho delicioso, vem comer. — Minha avó apareceu na janela do primeiro andar do Casarão. Eu decidi passar um final de semana na fazenda dos meus avós, já que meus irmãos estavam ocupados com assuntos da máfia e eu fui encarregado de matar a saudade dos meus avós com a minha belíssima presença.
Me levanto, pegando minha toalha de rosto e secando parte do suor, tomando um pouco da água de minha garrafa térmica e seguindo na direção do Casarão, sendo barrado em poucos passos por uma menina. Ela era baixa, tão loira e branca que chegava a doer a vista. Uma camponesa que vivia na casa dos empregados. Provavelmente filha de algum empregado. Acabou virando minha sombra desde que cheguei, sempre muito prestativa e sorridente. Eu não era bobo, sei o que aquilo significava. Mas ela realmente não fazia meu tipo. Além disso, sou um pouco egocêntrico. Ela não é da máfia, nem comum, nem do Alto Escalão. Apenas uma simples camponesa correndo atrás de algum membro da Família esperando se dá bem. Mas não, isso nunca aconteceria, ao menos não comigo.
— Senhor… quer que eu prepare seu banho? — Questionou, e aquilo era realmente bom de se ouvir. Eu necessitava de um longo banho depois de estar treinando por 3 horas.
— Agradeço, Aly. — Falo e ela sorri, correndo para dentro do Casarão. Sigo na mesma direção, porém em passos lentos, sentindo as dores dos exercícios, mesmo que minimamente pela rotina, começarem a surgir.
— Você me lembra tanto o seu pai! — Vovó Magda comentou, me fazendo sorri, a beijando no rosto. Meus avós estavam vivos, coisa que é uma raridade no nosso mundo, mas por eles terem abdicado muito cedo do poder. Meu pai assumiu o poder da Colômbia aos 20 anos. Nesse meio tempo, ele já estava preparando o casamento com minha mãe e ambos estavam esperando pelos meus irmãos, Matías e Santiago. Meu avô se aposentou para cuidar de sua esposa e ter o restante de sua vida em paz, em uma fazenda afastada da cidade e extremamente protegida.
— Isso é um baita elogio. Vou tomar um banho e então eu venho comer seu bolo que deve estar delicioso como sempre! — Exclamo, sorrindo. Ela riu toda sem jeito, concordando. A beijo no rosto e subo para o quarto, vendo Aly no banheiro, preparando a banheira. Retiro minhas roupas, sem me importar com a presença da garota. Isso já era normal para os funcionários.
Adentro a banheira, me acomodando e suspirando ao sentir meu corpo relaxar de imediato.
— Senhor…? — Aly chamou timidamente, e mesmo estando de olhos fechados, eu pude sentir-me sendo observado por ela.
— Hm?
— El Mascherato… — Sussurrou, o que me fez abrir os olhos, a encarando seriamente, o que pareceu deixá-la mais nervosa ainda. Aly engoliu em seco, desviando o olhar.
— Venha aqui. — Ordeno, e ela arregalou os olhos, parecendo em um misto de medo e confusão. Mesmo assim, se aproximou, se abaixando próxima da banheira. A agarro pelo pescoço, não apertando de forma que seja dolorosa, muito pelo contrário. Colo meus lábios no dela, em um beijo intenso, notando o quão inexperiente ela era. Mas ela logo tentava retribuir, surpresa e tímida. Assim que cesso o beijo, vejo o quão ofegante ela estava. — Não repita essa palavra. Entendeu? — Ordeno, e completamente corada, ela assentiu rapidamente. — Não vou transar com você… hoje. — Falo, vendo-a arfar, então a solto. — Saia. — Não precisei falar duas vezes, então ela se retirou rapidamente.
Respiro fundo, afundando meu corpo novamente, fechando os olhos mais uma vez e ficando ali até sentir meu corpo satisfeito após horas de treino.
Após o banho maravilhoso, me visto com algo confortável. Esse dia permitia me livrar das roupas pretas e do uniforme da máfia. Portanto, vesti uma bermuda branca e camisa básica vermelha. Coloco meus óculos de grau e seco meus cabelos, então desço para a cozinha, encontrando minha avó brigando com uma das empregadas para cortar o bolo direito. Não importava a idade, minha avó continuava rígida como sempre.
— Ah, meu menino! Sente-se, vou te servir um bolinho! — Falou, com toda a doçura que há três segundos atrás não existia, me beijando no rosto e puxando uma cadeira para mim. Sorrio, me sentando na cadeira e vendo ela me servir três fatias de bolo e um bom café de acompanhamento. O cheiro estava delicioso. Nada se comparava ao bolo da vovó numa manhã de final de semana.
— Então, meu neto, como andam as coisas na cidade? — Meu avô Enri questionou, com seu tom marcante exalando seriedade. Esse era o tom normal dele.
— Ah, bem… nada novo. Carros ainda não voam. — Brinco, vendo minha avó ri. Meu avô revirou os olhos, dando um breve sorriso, totalmente discreto e com sua elegância de sempre.
— Não seja malcriado. Você já é um homem feito, não deveria estar procurando uma esposa? — Questionou, o que me fez ri, atraindo seu olhar questionador sobre mim, de como quem procurava o motivo da minha risada que quase me fez cuspir o café.
— Não, vovô. Não espere tão cedo isso de mim. Além disso, quem vai assumir o poder colombiano está entre Matías e Santiago. Eu não tenho essa necessidade de casar. — Falo o óbvio, mas o olhar do meu avô permanecia duro e intrigado em minha direção.
— Isso não te faz menos importante! Você é um membro do Alto Escalão e precisa se envolver com alguém da mesma altura. Aquela menina… como se chama mesmo? Charlotte. — Falou, atraindo minha atenção.
— O que tem ela? — Questiono, comendo um pedaço do bolo. Bom pra caralho!
— Ela é uma das mulheres mais bonitas da máfia. Além disso, ouço dizer que ela é bem treinada. A educação daquela menina me contagia. Ela é tão doce! Devia investir nela. — Falou, me fazendo ri novamente.
— Com a Charlotte?! Nem ferrando. É a mesma coisa se eu me casasse com uma irmã. Ela é minha amiga, não vai rolar casamento nem hoje, nem nunca. — Falo e ele suspira, desgostoso.
— Tendo amizade é melhor ainda. Não existe essa coisa de amizade entre homem e mulher. Ainda mais entre uma mulher bonita como a Charlotte.
— Se elogiar essa menina mais uma vez, você vai parar no hospital com dores na coluna, porque irá dormir no sofá, querido. — Vovó falou, com uma falsa doçura na voz. Meu avô limpou a garganta, passando o guardanapo de papel nos lábios e se colocando de pé.
— Bem, eu vou no estábulo ver como estão meus cavalos. Com licença, meu neto. Se cuide, esposa. — Falou, pela primeira vez desde que cheguei, com uma serenidade hilária, dando um selinho na minha avó e se retirando rapidamente da cozinha.
Minha atenção é desviada quando sinto meu celular vibrar no bolso. Pego o aparelho, checando a notificação de mensagem nova, arqueando as sobrancelhas ao ver que se tratava dele…
Sebastián:
“Verdade ou Consequência?”Sorrio ao ler a mensagem. E na mesma hora chega outra mensagem.
Sebastián:
“Para a noite da pizza. Não gosto de ficar devendo.”Penso a respeito. Desde aquele incidente passaram várias semanas. Ele não era muito de conversar, mas trocamos números de celular.
Emmanuel:
“Consequência.”Arrisco, com certo receio, pois Sebastián não parecia ser do tipo que pegaria leve em uma brincadeira como essa.
Ele acabou mandando um áudio, para a minha surpresa. Minha avó ainda estava na cozinha e eu não queria arriscar abrir o áudio e ela acabar ouvindo, seja lá o que for. Pego os fones sem fio, os colocando e escutando o áudio, arregalando os olhos ao ouvi-lo.
Sério… ele é louco.
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VERDADE OU CONSEQUÊNCIA? - Livro 3 da série A Ascensão do Alto Escalão
Romance"Mas você mentiu para mim. E isso vai me dá o direito de escolher uma consequência para isso. Não concorda?" PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3