PRÓLOGO

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O bar se encontrava em destroços. Pessoas gritavam e corriam, assustadas com o homem que parecia ter sido consumido pelo puro ódio. Seu olhar escuro transmitia apenas raiva. Pelo o quê? Ninguém saberia dizer exatamente o motivo. Sua primeira ação ao ser banhado por essa sede de raiva foi despedaçar um copo com bebida pela metade ao arremessá-lo na parede, assustando alguns clientes. E então, o caos se iniciou.

Emmanuel Sánchez, filho do membro colombiano da Corte, ouviu a gritaria ao passar próximo ao bar. De início, ele pensou ser algum tipo de assalto, mas não faria sentido, pois os seguranças estavam parados do lado de fora, como se fossem proibidos de intervirem. Nem ao menos cogitavam segurar suas armas. Aquilo era estranho. Emmanuel então seguiu até o bar, tentando passar com certa dificuldade pelas pessoas que corriam para fora do bar desesperadas, esbarrando umas nas outras. Até mesmo uma criança estava em meio aquele caos, e acabou sendo empurrada pelos adultos, caindo no chão e chorando pela mãe. Emmanuel notou a menina, e que ela morreria esmagada já que ninguém parecia muito preocupado com a criança aos prantos, enquanto a mãe se desesperava a alguns metros de distância, tentando passar pela multidão alvoroçada. O colombiano se abaixou, empurrando quem quer que se aproximasse, puxando a menininha pelos braços, que se agarrou no estranho para se livrar daquelas pessoas que poderiam matá-la a pisadas.

— Filha! — A mãe gritou, com o tom se sobressaindo aos gritos da multidão. Emmanuel a olhou, sorrindo para a menininha e a devolvendo para os braços da mãe, que agradeceu emocionada, antes de sair dali às pressas.

Emmanuel retornou seu olhar para dentro do bar, caminhando a passos determinados, até perceber o motivo de tanto caos. E por algum motivo, ele nem ao menos ficou surpreso ao ver Sebastián em um ataque de fúria, quebrando mesas, cadeiras e garrafas de bebida.

Um dos seguranças tentou segurar Emmanuel, para ele não acabar sendo alvo da fúria daquele italiano, mas Emmanuel o tranquilizou com um simples gesto. Apesar de sua aparência mais delicada, ele não era nenhum ser indefeso. Ele fazia parte da Família do Alto Escalão e era devidamente treinado para isso.

No entanto, ele também sabia do que diziam sobre Sebastián Fontana. O homem cuja força é sobre-humana. O italiano simplesmente usava a força para destruir a quem quer que o incomodasse. E quem seria o louco a fazer algo assim? Bem, existe louco para tudo, não?

Emmanuel avançou passos cautelosos na direção de Sebastián, que em seu ataque de fúria não deixava passar mesas e cadeiras, muito menos garrafas de bebida. Uma dessas garrafas quase atingiu Emmanuel, mas ele desviou a tempo.

— Sebastián! — Emmanuel gritou, mas Sebastián pareceu não ouví-lo, ou simplesmente decidiu ignorá-lo. O colombiano se aproximou mais. — Sebastián! — gritou novamente, segurando o braço do maior. Em uma ação inesperada, Sebastián o empurrou contra a parede, erguendo o punho fechado que ia na direção de Emmanuel. Ele fechou os olhos, em espanto, esperando o soco, mas o barulho próximo ao seu ouvido o fez abrir os olhos novamente, vendo que Sebastián havia atingido a parede ao seu lado, conseguindo rachá-la.

Emmanuel respirou fundo, o olhando calmamente. Os olhos negros de Sebastián brilhavam, exibindo a fúria que se apossava dentro de si, uma fera sem controle de suas próprias ações.

— Verdade ou Consequência? — Emmanuel questionou de repente, com um breve sorriso, deixando Sebastián confuso pela pergunta estranha, não sabendo ao certo se voltava a quebrar tudo ou tentava entender o que aquele garoto queria dizer.

— O quê…? — Sebastián conseguiu questionar, mesmo com sua respiração ofegante pela adrenalina.

— É um jogo. Sua infância foi tão chata assim? Escolhe, vai. Verdade ou consequência? — Questionou novamente, com um sorriso leve, no objetivo de distrair Sebastián da sua raiva. O italiano parecia perdido com a pergunta, mas arriscou responder.

— Consequência...

— Ótimo. Sua consequência é… me pagar uma pizza. — O colombiano falou, e mesmo estando ofegante, Sebastián riu sem humor, desacreditado. Emmanuel pousou suas mãos nos ombros do maior, buscando respirar lentamente para que Sebastián acompanhasse seu ritmo até normalizar sua respiração. — Está mais calmo? — Questionou, e Sebastián assentiu, olhando em volta, notando a bagunça que causou naquele bar. Depois voltou seu olhar para Emmanuel, se afastando.

— O que você fez? — Questionou, parecendo não entender. Emmanuel sorriu graciosamente, dando de ombros e enfiando as mãos nos bolsos.

— Nada… mas você fez uma bagunça e tanto. — Insinuou e ele novamente olhou em volta, balançando a cabeça e seguindo para a saída. — Hey! — Gritou, e Sebastián o olha por cima dos ombros. — Ainda me deve uma pizza. O jogo precisa ser seguido severamente. — Provocou. Ele não respondeu, apenas saiu dali. Emmanuel sorriu, resolvendo ajudar o coitado do dono do estabelecimento, que chorava de pavor, não parando de agradecer o colombiano por ter tranquilizado Sebastián. O pobrezinho tremia de medo.

Sebastián realmente tinha um gênio forte, que colocava terror em qualquer um, menos em Emmanuel… Ao colombiano ele não causava medo, nem intimidação. Ele só era um cão bravo que quer bancar o mal criado, mas no fim, não é capaz de morder seu dono.

E ele não era capaz de morder Emmanuel.

VERDADE OU CONSEQUÊNCIA? - Livro 3 da série A Ascensão do Alto Escalão Onde histórias criam vida. Descubra agora