EMMANUEL SÁNCHEZ
— Atende… — Resmungo, andando de um lado para o outro, com o telefone no ouvido, sempre caindo na caixa postal quando eu tentava ligar para Sebastián. Já havia ligado para Cristine e Cezar, e nenhum dos dois sabia do Sebastián. Ele não tinha voltado para casa naquela noite, o que me deixou preocupado. Ele não estava respondendo minhas mensagens e nem atendendo minhas ligações. Cezar havia me dito que antes do sumiço dele, Sebastián estava na missão envolvendo Albert. A tortura pareceu ter sido interrompida, mas ninguém sabia exatamente dos detalhes.
Albert estava vivo. E Sebastián desapareceu.
Isso não era um bom sinal.
— Aconteceu algo? — Natalie questionou, saindo do quarto e me olhando preocupada.
— É coisa minha… eu preciso procurar uma pessoa… — Comento, pegando meu sobretudo rapidamente, olhando em volta. — Onde está a Dulce? — Questiono e ela me encara rapidamente.
— Achei que estivesse com você… por isso vim te ver.
— Papai! — Olho para trás, arregalando os olhos ao vê-la nos braços de Matías, que me encarava seriamente. Santiago estava ao seu lado e sua expressão não estava muito diferente.
Ah, ótimo…!
— Matías, San… — Balbucio, engolindo em seco. — Eu posso explicar…
— Então explique. — Santiago ditou, de braços cruzados. Suspiro, vencido, estendendo os braços para Dulce, que rapidamente estendeu os braços de volta, rindo inocente. Não tinha idade o suficiente para entender o problema que eu estava tendo agora.
— Não na frente dela. Conheço o temperamento de vocês. — Aponto, me virando para Natalie. — Dulce vai ter que mudar de escola. O mundo inferior já não é mais seguro para vocês…
— Emmanuel! — Matías trovejou, chamando minha atenção.
— Deixe-a brincando no quarto e venha. — Peço, vendo Natalie concordar, assustada, levando Dulce para o quarto, demorando alguns minutos e retornando.
Então seguimos meus irmãos até a sala principal, onde me sentei no sofá, com Natalie ao meu lado e meus dois irmãos de pé, na nossa frente, com olhares nada agradáveis.
— Uma filha…?! Você tem a porra de uma filha com uma inferior?! Como isso aconteceu?! — Matías trovejou, o tom tão grave e raivoso que me fez estremecer, fechando os olhos. Eu não tinha medo de ninguém, mas meus irmãos com raiva realmente me dava calafrios, porque eu os amava, não queria vê-los decepcionados comigo.
— Eu não tinha experiência… foi um deslize. Acabou acontecendo. Mas eu não seria irresponsável ao ponto de expor minha filha e fazê-la correr perigo. Eu tive que manter isso em segredo… — Murmuro, vendo Matías bufar, andando de um lado para o outro, agarrando seus cabelos com certa força.
— E como acha que isso vai acabar?! A menina é uma inferior! — Santiago exclamou, me olhando bravamente.
— Ela tem meu sangue! Também é minha filha! — Exclamo, e eles me encaram ao mesmo tempo, tão rapidamente que eu agradeci por estar sentado, ou iria desfalecer com o olhar duplo e cortante de ambos.
— Sabe o que vai acontecer se descobrirem ela?! — Matías questionou, me fazendo engolir em seco.
— Não vou permitir que a machuquem…
— Se Russel descobrir…
— Foda-se ele! — Exclamo, vendo ambos me encararem com espanto. Me levanto, irritado. — Eu sei das regras, foi um acidente. Eu não tinha noção das coisas naquela época. Estava mais preocupado em me tornar logo um homem feito, treinar, ser o adolescente que eu era, beber e curtir as noites livres. Aconteceu. Mas não vou permitir quem quer que seja que encoste um dedo na minha menina. Não importa se serão inimigos ou até mesmo o Supremo. Ela é minha filha. Tem a porra do meu sangue. Se não quiserem me entender… tudo bem. Eu entendo. Vocês também têm problemas para resolver. Mas dela cuido eu. Se não vão ajudar, não me atrapalhem! Sei que errei muito tendo uma filha com uma inferior… mas eu não ligo. Saibam que não importa as circunstâncias… eu vou protegê-la com minha própria vida se necessário! — Declaro, em alto e bom tom. Eles ficaram em silêncio, me olhando, talvez tentando decidir o que fazerem.
— Papai! — Dulce exclamou, no topo da escadaria, descendo degrau por degrau com todo o cuidado e então correndo até mim, pulando em meus braços. Sorrio fracamente, a beijando no rosto e olhando novamente para meus irmãos. Eles alternavam o olhar de Dulce para mim, parecendo divididos.
— Tem a casa de praia que compramos recentemente… — Matías comentou, baixo, olhando hesitante para Santiago, que limpou a a garganta, nervoso.
— Lá é seguro e… bastante vigiado… — Santiago falou, me fazendo sorri, emocionado, ao compreender o que eles estavam sugerindo.
— Podemos dizer que… contratamos uma governanta fixa para cuidar da casa… — Matías completou.
— Vocês vão me ajudar mesmo? — Questiono, sentindo as lágrimas correrem pelo meu rosto.
— Não chora, papá… — Dulce murmurou, passando suas mãozinhas em meu rosto, secando minhas lágrimas, me fazendo sorri, a beijando no rosto ao ouvi-la me chamar no espanhol pela primeira vez.
— Uma Sánchez… céus… — Matías sibilou, se aproximando, pegando Dulce nos braços. Santiago se aproximou deles, sorrindo para a menina.
— Como assim o pequeno Emmanuel teve filho antes da gente? — Santiago questionou, desacreditado, me fazendo ri fraco. Olho para Natalie, que parecia mais aliviada.
— Porque nós seguimos as regras. — Matías alfinetou, me olhando seriamente e depois sorrindo para Dulce. — Os nossos pais vão te matar… — Comentou, me olhando.
— Eles só vão saber se vocês contarem. — Rebato, chamando a atenção dos dois.
— Até quando pretende esconder isso? O que vai acontecer quando você casar e ter filhos legítimos? — Santiago questionou, o que me fez suspirar.
— Não quero casar, nem ter mais filhos. Esse dever é de vocês, não meu. Já sou realizado sendo pai da Dulce, e vou mantê-la protegida o quanto eu puder. Vou dá um jeito… e sobre nossos pais… tem outra coisa que preciso falar com eles… e com vocês também. — Falo e eles rapidamente me olham.
— O que você fez agora?! — Matías exclamou, me assustando.
— Hey, calma aí! Não é algo ruim… eu só… estou namorando. — Falo, e os dois ficam em silêncio novamente.
— Namorando? Com uma inferior? — Santiago questionou, tempo depois, me fazendo revirar os olhos.
— Não. É do Alto Escalão.
— E essa pessoa sabe que você tem uma filha? — Matías insinuou. Eu já sabia que ele usaria isso contra mim o resto da vida.
— Não… mas pretendo contar. Não quero segredos entre nós. Eu só… preciso encontrar ele.
— "Ele"? — Santiago questionou, arqueando as sobrancelhas.
— Já tenho uma suspeita, mas não quero me estressar ainda mais hoje. — Matías resmungou, me olhando em seguida. — Vai lá… vamos cuidar para que a menina fique segura. — Falou, me deixando nervoso. — Emmanuel, não somos seus inimigos. Não seja tão protetor assim. Esse papel é nosso. Vamos cuidar da nossa sobrinha, mas esse assunto não acaba aqui. — Insinuou, já que Natalie ainda estava presente. De qualquer forma, sorri fraco, pegando meu sobretudo e me despedindo deles, seguindo para fora de casa, procurando por Sebastián.
Eu rodei a cidade em sua busca, no carro. Procurei em bares, casas de BDSM, até resorts ou hotéis, mas nada dele. Até acabar passando por uma praça e avistá-lo sozinho em um balanço. Parei o carro tão bruscamente que se eu não estivesse com cinto de segurança, certamente meu corpo teria sido jogado para frente.
Abandono o veículo rapidamente, olhando para os dois lados da rua e a atravessando. Sebastián estava imóvel, de cabeça baixa, o que despertou ainda mais minha preocupação. E ao me aproximar, pude ver seu rosto machucado e sua roupa suja com algumas manchas de sangue.
— Seb… — Balbucio, chamando sua atenção. Ele me olhou vagarosamente, como se estivesse tentando processar o que estava acontecendo. Me aproximo dele, não precisando dizer mais nada e o abraçando fortemente. Ele retribuiu com a mesma intensidade, e mesmo tentando, ele não suportou e acabou desabando, chorando em meus braços. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas sabia que devia ter sido algo sério para ele estar assim. — Está tudo bem, meu amor… eu estou aqui.
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VERDADE OU CONSEQUÊNCIA? - Livro 3 da série A Ascensão do Alto Escalão
Romance"Mas você mentiu para mim. E isso vai me dá o direito de escolher uma consequência para isso. Não concorda?" PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3