SEBASTIÁN FONTANA
Passamos a noite entre carícias e maratonando filmes e séries. Emmanuel era divertido e quando o filme era de terror ele ficava brincando e torcendo para o assassino, no entanto, descobri que ele gostava quando eram pessoas reais matando. Quando se tratava de espíritos ou sobrenatural no geral, ele morria de medo, escondendo o rosto em meu peito, o que me fazia ri. Esses filmes quase o impediram de dormir, mas consegui distraí-lo e ele adormeceu em meu peito. No dia seguinte, nos despedimos após eu levá-lo até sua casa. Então retornei para a minha.
Para a minha surpresa e desgosto, Albert estava ali, na sala principal, me deixando estático à princípio, querendo entender como infernos ele havia entrado, sendo que sua presença não era bem vinda.
— O que faz aqui?! Como entrou?! — Exclamo, em fúria. Ele se virou, me olhando em silêncio por alguns segundos.
— Eu deixei ele entrar. — Cezar desceu as escadarias, chamando minha atenção.
— Você está indo longe demais, Cezar! — Ralho e ele apenas suspira, cruzando os braços e me olhando seriamente.
— Vou deixar vocês à sós. Não exploda, Sebastián. Apenas ouça o que ele tem a dizer. — Resmungou, passando por mim e saindo do ambiente. Volto minha atenção para o homem parado à minha frente, a quem eu nutria tanto ódio.
— Me parece calmo demais para quem está sendo alvo novamente do Supremo. — Insinuo e ele suspira, sorrindo fraco e enfiando as mãos nos bolsos, me olhando.
— Já estou sabendo… por isso estou aqui…
— Não vamos te ajudar. — O corto, irredutível.
— Não vim aqui para mendigar proteção. Posso me cuidar sozinho, como fiz por anos. Vim… pedir desculpas. — Balbuciou, chamando minha atenção, me deixando confuso à princípio.
— O quê?
— Desculpas… por tudo que… eu fiz. Sebastián, sei que me odeia e não vou tentar convencê-lo a sentir algum tipo de empatia por mim. Você protege sua família, algo que… eu não fui capaz de fazer…
— Você matou sua esposa! — Acuso e ele me olha seriamente.
— Justamente. Já estou pagando o preço por isso. Sei o quanto o Supremo pode ser cruel com traidores. Eu só… vim até aqui para caso aconteça de… eu ser eliminado de vez pelo Supremo. Só quero dizer que não te desejo nenhum mal. Estou torcendo para que consiga seu cargo de Consiglieri. Você será o melhor, sem dúvidas.
— O que está querendo com toda essa conversa fiada?! — Resmungo, impaciente. — Não sou meu irmão que acredita no seu papinho de gente arrependida! Suma daqui! — Exclamo e ele se aproxima, o que me fez entrar em alerta.
— Não vai me prender e levar ao Supremo? — Questionou, calmamente, o que me fez engolir em seco, não o respondendo. Ele sorriu fraco, suspirando.
— Você não me odeia completamente, Sebastián… fico mais aliviado de saber disso.
— Está enganado! Eu odeio você! Tenho nojo só de sequer ouvir seu nome! Não vou esquecer tudo que fez aos meus irmãos! — Exclamo e ele balança a cabeça.
— Certo… está no seu direito. De qualquer forma, cuide-se, meu menino. Já fico satisfeito de ver o homem de garra que você se tornou. — Falou, sorrindo e passando por mim, saindo da mansão.
Permaneço imóvel, sentindo meu peito arder pela raiva e angústia. Cezar voltou minutos depois, parando na minha frente.
— Sebastián… — Não falo nada, apenas passo por ele, subindo para o quarto e me jogando na cama. Abraço o travesseiro, irritado. Eu devia tê-lo prendido, levado na hora para o Supremo, mas… — Sebastián. — Cezar abriu a porta, adentrando meu quarto.
— Vá embora… — Resmungo, mas ele me ignorou, vindo até mim e puxando uma cadeira para se sentar próximo a cama.
— Desculpa ter causado isso. Só achei que… precisavam ter essa conversa.
— Não foi uma conversa! — O encaro, irritado. — Ele estava me provocando, contando mentiras, como sempre!
— Não vou mais discutir com você sobre isso. Se decidiu que ainda não acredita nele então tudo bem. Que seja. Eu não quero te ver assim. Não quero dormir estando brigado com meu irmão, com meu futuro Consiglieri… — Murmurou, o que me fez suspirar, vencido, me levantando e indo até ele, o puxando para um abraço. Ele riu fraco, retribuindo, dando tapinhas em minhas costas.
— Ti voglio bene, fratellino.* — Cezar murmurou, me arrancando um curto sorriso.
— Ti voglio bene, fratellino. — Repito, me afastando do abraço, voltando a me sentar na cama.
— Mas e você? Não quer me contar nada? — Insinuou, me fazendo olhá-lo sem entender.
— Do que está falando? — Ele riu, balançando a cabeça.
— Emmanuel. — Citou, me fazendo sorri instantaneamente, entendendo o que ele estava insinuando.
— O que tem ele?
— Vocês não se desgrudam mais. E já o vi pelado em sua cama. Não venha me dizer que passaram a noite jogando cartas. — Resmungou, me fazendo ri.
— Estamos juntos. Satisfeito? — Falo e ele arregala os olhos, me encarando com espanto.
— Sério?! E pretende dizer aos nossos pais? — Dou de ombros, indiferente.
— Se eles fazerem questão… por mim tudo bem.
— Eu te invejo, sabia…? — Murmurou, chamando minha atenção.
— Por quê?
— Você não tem medo dos sentimentos. Você os sente e aceita. Se ama, você consegue dizer. Eu queria sentir essa facilidade… — Balbuciou, me lembrando de uma conversa recente que tivemos.
— Você ainda não me disse de quem está gostando. — Falo e ele me encara, parecendo cogitar em me contar, mas balançou a cabeça, se levantando.
— Deixa pra lá. Não vai mudar nada mesmo. Melhor eu focar no trabalho. Até mais, fratellino. — Ditou, saindo do meu quarto sem esperar uma resposta. Cezar pode amar o quanto for, mas eu sei que ele sempre coloca as responsabilidades na frente. E casaria mesmo sem amor com uma filha do Alto Escalão, simplesmente porque é isso que ele deve fazer. Ele é responsável, mas esquece de fazer as próprias vontades por conta disso. Ele sempre acaba priorizando o trabalho.
Isso me preocupa…
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VERDADE OU CONSEQUÊNCIA? - Livro 3 da série A Ascensão do Alto Escalão
Romance"Mas você mentiu para mim. E isso vai me dá o direito de escolher uma consequência para isso. Não concorda?" PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3