VERDADE OU CONSEQUÊNCIA? - Livro 3 da série A Ascensão do Alto Escalão

CAPÍTULO - SETE

SEBASTIÁN FONTANA

— Onde você se meteu?! — Cezar me abordou, assim que adentrei a casa às 7 da manhã. Eu realmente odiava esse horário, pelo simples fato de que ninguém deveria estar acordado a essa hora.

— Já sou bem grandinho. Sei me cuidar. — Rebato, impaciente. Ele revira os olhos, segurando meu braço antes que eu passasse por ele, me observando minuciosamente, como se fosse um cão de guarda.

— Não está fedendo a perfume barato. Que milagre! — Zombou, me fazendo contornar um sorriso de canto. Óbvio que eu não estava cheirando a perfume barato, pois minha noite foi com um dos príncipes do Alto Escalão. Me afasto de Cezar, retirando minha jaqueta e olhando em volta, procurando vestígios da mia principessa.

— Onde está a Cristine? — Questiono e ele me olha rapidamente.

— Ela não estava no jardim? — Questionou, e isso já foi o suficiente para eu encará-lo. Agora nós dois trocando olhares de preocupação.

— Não… Não estava. — Falo e ele pragueja. Isso já é mais do suficiente para saber que ela conseguiu sair novamente. O único problema, é que minha irmã nunca olha para onde anda. Ela sempre está com a cara enfiada nos livros e tem o dom de ler e caminhar ao mesmo tempo. — Eu vou atrás dela. — Resmungo, voltando a pegar minha jaqueta, saindo de casa e seguindo o caminho padrão que ela geralmente faz: caminhar perto da praia, pela praça e seguindo reto.

Felizmente, não demorei a encontrá-la, mas ela conversava com alguém, o que me fez cerrar os punhos, me controlando e caminhando até eles rapidamente.

— Cristine! — Grito, a assustando. Mas logo ela sorri, acenando e correndo em minha direção, me abraçando. Olho para o rapaz à frente, trajado em um uniforme dos soldados de elite. Em seu peito esquerdo havia um bordado com seu nome: Raphael.

— Seb! Eu estava caminhando e acabei me perdendo. — Cristine falou o óbvio, rindo da própria falta de senso de direção. — Acabei encontrando ele e pedindo ajuda. — Apontou para Raphael, que permanecia com a expressão indiferente, nos observando. Se não me engano, ele é o soldado de elite que acabou sendo covardemente caçado por nossos inimigos, e perdeu toda a família por conta disso. O ragazzo ainda era uma incógnita para mim, mas não me importa. Perdas são comuns no nosso meio.

— Quantas vezes já falei para prestar atenção?! Você não é mais criança, Cristine! — Resmungo, irritado. Ela fez bico, assentindo.

— Scusa, fratello…

— Certo, vamos… — Falo, segurando sua mão.

— Esperem. — Olho para Raphael, que se aproximava de mim. — O senhor é amigo de Vincenzo Giannini? — Questionou e eu prontamente assenti. — Ah, ele acabou se machucando hoje em uma missão. Está sendo cuidado. Se quiser vê-lo posso levá-lo até lá. — Falou, me deixando um tanto quanto surpreso.

Vincenzo era um dos melhores atiradores do nosso mundo, ele era o mais cuidadoso quando se tratava de missões. Ouvir que ele havia se machucado era um completo espanto para mim, porque, por mais chato e piadista que ele seja, ele sabe ser sério quando o momento pede.

Aceitei ir com Raphael, e Cristine fora com duas soldadas que ficaram encarregadas de levá-la para casa. Entro na Casa de Repouso, onde é o local para soldados que se feriram – sem ser algo grave – receberem os devidos cuidados. Me aproximo de Vincenzo, que parecia chateado, sentado em uma cama e com um curativo no antebraço.

— Está querendo morrer antes do tempo? — Resmungo, chamando sua atenção.

— Eu me distraí… foi um erro. — Balbuciou, me fazendo olhá-lo com certa descrença.