Passaram-se quinze dias desde a minha fatídica briga com meu pai. Todos os dias eu tinha bastante trabalho doméstico pra fazer, tanto em casa, como na igreja, fora que eu tinha que ajudar Eva com os bebês e também com a casa dela. A hora que eu ia dormir tinha virado a minha hora favorita do dia (o que era bastante irônico, uma vez que alguns dias atrás, ir pra biblioteca era minha hora favorita do dia.), já que eu ficava extremamente cansada, sem ânimo pra nada, o que vinha piorando a cada dia. E eu também me sentia muito sozinha, passava o dia em casa fazendo atividade doméstica enquanto minha mãe ajudava Eva, e meu pai arrumava qualquer coisa pra Isabel fazer pra não me ajudar com o serviço doméstico, ou seja, eu passava o dia sozinha em casa. O que me alegrava um pouco era ir pra os ensaios do coral e treinar as músicas, (como eu não tinha mais que trabalhar, sobrava muito tempo pra praticar) e quando eu ia pra casa de Eva.
Isabel estava extremamente brava com nosso pai pelo o que ele estava fazendo comigo, principalmente por ele não ter nenhuma prova contra mim. O que me deixava bem feliz, na verdade. Porém, eu tinha que implorar todos os dias pra ela não abrir o bocão e discutir com ele por minha causa.
- Ana, o Oliver chegou. - minha mãe falou.
Eu estava na cozinha, terminando de lavar os pratos, e sorrindo, corri até a porta.
- Oi. - o abracei rapidamente.
- Oi. - ele me cumprimentou.
Desfizemos o abraço e vimos minha mãe sorrindo pra nós dois.
- Vocês fazem um casal muito bonito.
Oliver pigarreou sem graça e eu senti minhas bochechas esquentarem.
- Vou deixar os pombinhos sozinhos. - ela piscou e saiu.
Assim que ela saiu do campo de visão, falei sem graça:
- Desculpa.
- Relaxa, já tô acostumado. - ele sorriu e nós fomos até a sala.
- Vou lá em cima me trocar, tá?
Oliver assentiu e eu fui até o quarto trocar de roupa já que tínhamos um "encontro".
Como eu só tinha permissão pra sair pra o culto e os ensaios do coral, Oliver era o único amigo. Eu tinha contado a ele sobre tudo o que tinha acontecido e ele ficou bastante sensibilizado. Fazia de tudo pra me ver dar, nem que fosse um pequeno sorriso, quando nos encontrávamos no culto. Estávamos bem próximos, nossa amizade ficava cada vez mais forte, o que só aumentava os rumores de que estávamos namorando, deixando nossos pais bastante felizes, e assim que ele pediu pra me levar pra outro encontro (para que eu pudesse sair por algumas horas do meu castigo), meu pai nem hesitou em deixar.
Assim que terminei de me arrumar, fomos até um restaurante.
- E como vai o namoro com a Marie? - perguntei empolgada.
- Bem. Muito bem. - sorriu.
Oliver estava namorando Marie, a garota que ele tinha me falado que estava gostando. Eu o tinha incentivado bastante pra ir atrás dela, assim como ele fez comigo.
- Tô muito feliz por você. - falei sincera.
- E você, como tá?
- Tô indo. - sorri fraco. - Meu pai não descobriu nada, o que é muito bom, então eu acho que o castigo não vai demorar tanto pra acabar.
- Espero que acabe logo. - sorriu.
Conversamos mais um pouco até que a ideia de ir atrás de Erin surgiu na minha cabeça, e ele concordou sem hesitar. Eu estava com muita saudade dela, e sabia que ela estava enlouquecendo sem notícia minha.
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9 Months of Trouble
RomanceAna Wentworth é uma garota comum, filha caçula de três irmãs, aluna e filha exemplar. Vive numa pequena cidade do interior do Mississippi, lugar onde, ironicamente, constitui o bible belt. Seu pai, um pastor respeitadíssimo e rígido, não mede esforç...