Capítulo 5

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Jack Parker era minha paixonite secreta desde o sexto ano. Durante esses 6 longos anos em que fui secretamente apaixonada por ele, somente Erin sabia. 

Jack sempre fora um dos garotos mais legais do colégio, todos queriam ser seu amigo, bonito e charmoso, sempre atraía muita atenção das meninas e eu, a boba, fui uma delas.

Só fui contar a Erin que eu gostava dele quando numa festinha de confraternização da escola, no oitavo ano, eu o vi agarrado com Amber McCartney, a menina mais linda do ensino fundamental e que era minha colega de classe, com seus longos cabelos loiros que reluziam um brilho descomunal, seus olhos de um tom mais azul que o mar, as bochechas sempre rosadas, suas feições delicadas e seu aparelho com ligas rosas, que fazia inveja a todo mundo, - porque, fala sério, todo mundo no ensino fundamental que usava aparelho era descolado -, escondidos no ginásio, perto do banheiro feminino. Ver aquela cena acabou com a minha festa.

Eu corri pra dentro do banheiro para deficientes e senti meu coração bater mais forte, minhas mãos tremerem e eu não entendia o que era aquilo tudo, até sentir uma queimação que vinha da garganta até o nariz e meus olhos encherem de lágrimas. Eu chorei e chorei muito.

Chorei por não ser tão linda como Amber McCartney, por não conseguir nem fazer Jack me notar, por eles dois estarem se agarrando, por não ser eu no lugar da Amber, por não poder estar no lugar da Amber e por eu ser uma idiota e estar chorando sentada no vaso de um banheiro pra deficientes.

Foi quando Erin saiu louca atrás de mim por ter sumido de repente e ter me achado nessa situação deplorável, com a cara inchada e o nariz escorrendo. Não consegui esconder e tive que contar.

Por anos ela foi meu ombro amigo quando eu ficava triste e chorava por ele, mas sempre me incentivava a me aproximar dele, mas como uma medrosa que eu sou, nunca tive coragem o suficiente pra ter uma conversa de mais de 2 frases, principalmente porque ele era mais velho e eu me sentia uma imbecil perto dele, nunca me achava boa o suficiente.

Depois de anos vivendo essa paixão platônica, eu aprendi a conviver com aquilo e não ficar triste e muito menos chorar ele. Sempre batia aquela pontinha de ciúme  quando eu o via agarrado com alguma garota na escola, e vale salientar, cada semana era uma diferente, e toda vez que eu o via, aquela conhecida sensação tomava conta de mim, mas eu aprendi a sobreviver àquilo.

Eu me conformei em saber que Jack nunca iria olhar pra mim "daquele jeito", ou ao menos olhar, porque eu era invisível aos olhos de todo mundo naquela escola, e era até provável que ele nem soubesse meu nome, e mesmo se por uma microscópica possibilidade, um milagre de Deus ou reza forte nós ficássemos juntos, meu pai nunca permitiria a união entre nós.

Jack não era um cara pra Ana Wentworth, em todos os sentidos. A vida já tinha feito seu trabalho de zerar minhas possibilidades com ele mas meu coração, sempre esse órgão estúpido e inconsequente, me lembrava disso todas as vezes que eu o via, com suas batidas descompassadas e borboletas dançantes.

Eu, Ana Wentworth, era boba apaixonada, patética, e a vida sempre dava seu jeitinho de ser bastante irônica comigo. Se tivesse na vida a opção de "desapaixonar" eu escolheria sem hesitar. Mas eu estou falando sobre a vida, ela nunca vai ser fácil, e principalmente a minha.

Erin me tirou dos meus devaneios me fazendo cócegas e provocando.

- Olha quem tá ali, pequena Ana, seu amado Jack. - ela riu e eu fechei a cara.

- Para com isso.

- Ué, só tô dizendo a verdade. - deu de ombros. - Já que hoje é o seu dia de sorte quem sabe ele não vem falar com você? - falou esperançosa.

9 Months of TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora