Só consegui falar com Isabel na quinta à noite, quando ela apareceu na casa de Erin. Assim que abri a porta, ela deu um pulo em cima de mim de braços abertos.
- Ai, graças a Deus que você tá aqui! - me abraçou forte.
Ela desfez o abraço e agarrou meus ombros.
- Como você tá? Eu tava tão preocupada!
- Eu tô legal, não se preocupa. E você? - fechei a porta e a fui conduzindo pra o quarto de Erin.
- Em comparação a você, eu tô ótima.
- Como você conseguiu sair?
- Falei que tava doente e eles foram pra igreja, mas ele trancou todas as portas. Sorte que eu tinha uma chave na bolsa e saí correndo pra cá.
Chegamos ao quarto da minha amiga e nos sentamos na cama. A família de Erin tinha saído pra um jantar na casa de amigos, e apesar de terem me chamado várias vezes, preferi ficar em casa.
Ainda bem.
- Como tá tudo por lá?
- Difícil... - soprou. - Papai tá louco e mamãe só chora.
Foi difícil escutar aquilo.
- Eva já sabe?
- Não. Não sei quando ele pretende contar pra ela.
- Você acha que eu devia dizer primeiro?
- Aham. Vai ser bem melhor se você falar do que se ele falar.
- Durante esse tempo eu pensei em contar pra ela, mas fiquei com medo... Eu só... - passei a mão no rosto. - Depois do que aconteceu eu fiquei com muito medo da reação das pessoas.
- Ana, ele é louco. Ninguém tem que te julgar, a vida é sua.
Comecei a torcer os dedos de nervoso.
- Eu sei, mas é difícil. É difícil andar na rua e ver todo mundo apontando e falando, eu não quero isso.
- Você sabe que isso vai acontecer uma hora ou outra, é só não se importar.
- É fácil falar.
- Eu sei que é fácil falar, mas não tem outro jeito.
Fiquei calada.
- Desde o começo você sabia que não ia ser fácil, mas você tem que ser forte e enfrentar, Ana. - segurou minha mão. - As pessoas vão falar, mas e daí que falem? Ninguém vai criar seu filho, muito menos pagar suas contas.
- Você tá certa, mas ainda vai demorar um pouco pra eu colocar minha cara à tapa.
- Eu sei que vai, mas eu tô aqui, a Erin também.
- O que você acha que a Eva vai dizer?
- Não faço a mínima ideia.
A abracei novamente.
- O que aconteceu depois que eu fui embora?
- Ele disse que tinha te expulsado e a gente brigou.
Desfiz o abraço e a olhei alarmada.
- Eu não quero que você brigue por minha causa.
- Ele te expulsou de casa quando deveria ter te apoiado, Ana! Eu não ia ficar calada, você me conhece.
- Eu sei que você é esquentada, mas eu não quero você sofrendo consequências por minha culpa.
- Você é minha irmã e eu vou te defender. Ponto final.
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9 Months of Trouble
RomanceAna Wentworth é uma garota comum, filha caçula de três irmãs, aluna e filha exemplar. Vive numa pequena cidade do interior do Mississippi, lugar onde, ironicamente, constitui o bible belt. Seu pai, um pastor respeitadíssimo e rígido, não mede esforç...