Capítulo 29

18.6K 1K 396
                                    

Só consegui falar com Isabel na quinta à noite, quando ela apareceu na casa de Erin. Assim que abri a porta, ela deu um pulo em cima de mim de braços abertos.

- Ai, graças a Deus que você tá aqui! - me abraçou forte.

Ela desfez o abraço e agarrou meus ombros.

- Como você tá? Eu tava tão preocupada!

- Eu tô legal, não se preocupa. E você? - fechei a porta e a fui conduzindo pra o quarto de Erin.

- Em comparação a você, eu tô ótima.

- Como você conseguiu sair?

- Falei que tava doente e eles foram pra igreja, mas ele trancou todas as portas. Sorte que eu tinha uma chave na bolsa e saí correndo pra cá.

Chegamos ao quarto da minha amiga e nos sentamos na cama. A família de Erin tinha saído pra um jantar na casa de amigos, e apesar de terem me chamado várias vezes, preferi ficar em casa.

Ainda bem.

- Como tá tudo por lá?

- Difícil... - soprou. - Papai tá louco e mamãe só chora.

Foi difícil escutar aquilo.

- Eva já sabe?

- Não. Não sei quando ele pretende contar pra ela.

- Você acha que eu devia dizer primeiro?

- Aham. Vai ser bem melhor se você falar do que se ele falar.

- Durante esse tempo eu pensei em contar pra ela, mas fiquei com medo... Eu só... - passei a mão no rosto. - Depois do que aconteceu eu fiquei com muito medo da reação das pessoas.

- Ana, ele é louco. Ninguém tem que te julgar, a vida é sua.

Comecei a torcer os dedos de nervoso.

- Eu sei, mas é difícil. É difícil andar na rua e ver todo mundo apontando e falando, eu não quero isso.

- Você sabe que isso vai acontecer uma hora ou outra, é só não se importar.

- É fácil falar.

- Eu sei que é fácil falar, mas não tem outro jeito.

Fiquei calada.

- Desde o começo você sabia que não ia ser fácil, mas você tem que ser forte e enfrentar, Ana. - segurou minha mão. - As pessoas vão falar, mas e daí que falem? Ninguém vai criar seu filho, muito menos pagar suas contas.

- Você tá certa, mas ainda vai demorar um pouco pra eu colocar minha cara à tapa.

- Eu sei que vai, mas eu tô aqui, a Erin também.

- O que você acha que a Eva vai dizer?

- Não faço a mínima ideia.

A abracei novamente.

- O que aconteceu depois que eu fui embora?

- Ele disse que tinha te expulsado e a gente brigou.

Desfiz o abraço e a olhei alarmada.

- Eu não quero que você brigue por minha causa.

- Ele te expulsou de casa quando deveria ter te apoiado, Ana! Eu não ia ficar calada, você me conhece.

- Eu sei que você é esquentada, mas eu não quero você sofrendo consequências por minha culpa.

- Você é minha irmã e eu vou te defender. Ponto final.

9 Months of TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora