Capítulo 21

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O beijo de Jack teve um quê a mais naquele momento. Não sei se foi pela minha recente declaração, pela adrenalina da nossa recente fuga, do meu rompante de rebeldia ou da saudade acumulada, mas eu sabia que aquele era especial. Eu não sei quanto tempo durou nosso beijo, só sei que eu não queria parar nunca mais.

Por estar tão imersa em pensamentos, percebi durante o beijo que eu já estava encostada na escrivaninha, e com o impulso de Jack, sentei e automaticamente minhas pernas se entrelaçaram nos quadris dele. Interrompi o beijo por já estar sem ar, encostando minha testa na sua.

- Preciso ir embora. - falei ofegante.

- Tudo bem. - Jack também respirava com dificuldade.

Nenhum dos dois fez qualquer movimento pra sair daquela posição. Nossas respirações se misturavam e a maneira que suas mãos me prendia junto ao seu corpo, e as minhas embrenhavam-se no seu cabelo, eram um sinal claro de que nenhum dos dois queria ir embora. Segurou meu rosto com uma das mãos e fez um leve carinho com seu dedão na minha bochecha, mas sem tirar seus olhos dos meus. Aquele pequeno gesto me aqueceu por dentro e eu tive certeza de que existia uma pequena parte de Jack que se importava comigo, ao contrário do que eu duvidei várias vezes.

Jack voltou a me beijar com a mesma urgência de minutos antes, sua mão descia até minha coxa e a apertava, enquanto a outra segurava meu cabelo possessivamente, me fazendo estremecer. O aperto das minhas pernas em volta do seu quadril se intensificou, e uma das minhas mãos deslizou calmamente da sua nuca até seu abdome, e ao voltar, sua blusa levantou um pouco, o que me fez tocar acidentalmente na sua barriga com a ponta dos meus dedos. Seus lábios deixaram os meus para, lentamente, arrastar sua boa até meu ombro, onde plantou um beijo e depois trilhou beijos até o meu pescoço. Cada célula do meu corpo ardia de desejo e cada vez eu queria mais.

Eu tinha consciência que precisava parar com aquilo, mas era quase impossível. Eu devia parar, mas se era tão insanamente bom, por que parar? Reuni toda minha força e tirei minhas pernas do seu quadril, o empurrando de leve. Jack me olhou com uma cara confusa e quase frustrada, o que congelou meu cérebro e eu nem sabia mais porquê eu tinha parado.

- E-eu realmente... Preciso ir. - sussurrei.

"Antes que eu faça uma besteira." Adicionei mentalmente.

Pulei da escrivaninha e quase corri até a porta. Segurei o trinco e respirei fundo antes de abrir.

- Ana... - Jack sussurrou atrás de mim.

Me virei para olhá-lo e me arrependi. Estava muito claro pela sua expressão que ele não queria parar, e muito menos eu. Mas eu precisava, ou meu corpo me trairia e eu iria me perder na intensidade do momento. Desviei meu olhar do seu, e vi que tinha um calendário na parede, com vários "x's" marcados. Estávamos no final de julho e dali a exatamente um mês ele partiria. Meu coração doeu com a ideia e principalmente por estar tão próximo.

Voltei meu olhar pra ele, e tudo o que eu sentia por ele veio como uma avalanche. Eu gostava dele, até mais do que eu queria admitir. E o pouco tempo que passei ao lado dele me fez perceber o quanto ele me fazia realmente feliz. Em um verão, Jack tinha marcado minha vida de um jeito completamente novo, me fez ver atravessar a cerca que eu vivia, e me ensinou, mesmo que ele não soubesse, o quanto é bom estar perto de quem se gosta. Eu sabia que aquilo eu não encontraria em mais ninguém. Ele iria embora e nós dois seguiríamos caminhos diferentes, mas o que eu passei com ele ficaria gravado eternamente em mim.

Porque Jack era minha liberdade.

Decidi, por fim, que eu queria que ele tivesse algo meu marcado nele também, mesmo que não fosse da magnitude do que ele tinha feito comigo, mas era do meu jeito meio torto, meio ingênuo.

9 Months of TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora