Capítulo 25

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Abri os olhos na segunda de manhã e a realidade me atingiu como um raio: era início de Setembro e o primeiro dia de aula do novo ano escolar. E mais, Isabel iria embora.

Bufei e levantei pra me arrumar pra ir pra escola, começar a segunda parte da minha vida que eu carinhosamente nomeei: Minha Vida É Uma Tortura.

Como se não bastasse, o familiar enjoo matinal deu o ar da graça e eu tive que correr pra o banheiro com o máximo de cuidado pra não acordar minha irmã. E deixe-me dizer que ser cuidadosa quando se está louca pra vomitar não é muito confortável ou legal. Assim que terminei de limpar o vaso e escovar os dentes, eu comecei a chorar. Assim, sem mais nem menos. Quando me acalmei, me olhei no espelho e murmurei:

- Malditos hormônios!

Tomei meu banho e ao sair do banheiro, Isabel já estava acordada e colocando as últimas coisas na mala.

- Você caiu no vaso? - ela reclamou. - Papai já veio reclamar que eu tô atrasada! - correu pra o banheiro e fechou a porta num baque.

Minha irmã não falou nada de anormal, coisa de irmã mesmo, mas já foi o bastante pra me deixar borbulhando de raiva e querendo gritar em resposta: "Vai tentar esconder uma gravidez também, assim você não vai reclamar da próxima vez que eu tô tentando arrumar o banheiro pra ninguém perceber que eu quase coloquei meus órgãos pra fora!".

Respirei fundo, contei até 10, apesar de não ter ajudado tanto, e troquei de roupa. Coloquei um vestido soltinho, um cardigã por cima, e calcei os tênis. Fiquei uns cinco minutos me encarando no espelho em todas as posições possíveis, tentando achar qualquer evidência que pudesse entregar que eu estava grávida, contudo decidi parar com aquilo porque eu já estava ficando com paranoia e desci pra tomar café. Cumprimentei meus pais e antes que eu pudesse sentar à mesa, meu pai me chamou para ir até seu escritório.

"Meu pai descobriu tudo." Foi a primeira coisa que eu pensei e já estava planejando algum plano de fuga antes de chegar até o escritório dele, mas antes que eu pudesse começar a correr, ele abriu a porta e fez menção pra eu entrar.

Engoli seco e entrei.

- Faz um mês e três dias que você está de castigo. - falou enquanto se sentava atrás da mesa.

Abriu a gaveta e colocou o celular em cima, apoiando os cotovelos na mesa e apoiando o queixo nas mãos.

- Foi o castigo mais duro que eu já dei. - deixou os braços caírem e entrelaçou os dedos. - Mas eu tenho que te dar algum crédito e dizer que você realmente mostrou que aprendeu a lição. Estou certo?

Assenti.

- Ótimo. - ele empurrou o celular mais pra frente. - Já que você aprendeu, pode ter o celular de volta.

- Obrigada. - falei assim que peguei o celular.

- Mas saiba que eu vasculhei seu celular.

Gelei e já estava olhando pra janela pensando em quantos segundos eu teria pra correr e pular antes do meu pai me pegar pelos cabelos.

- Também procurei saber na cidade o que você estava fazendo...

Ele me olhou por alguns segundos, analisando minha expressão, e eu tentei ficar o mais calma possível, mesmo estando quase tendo um ataque.

- E foi por isso que eu decidi te liberar do castigo hoje.

Eu quase soltei o suspiro de alívio.

- Fiquei particularmente... Aliviado em não saber nada desagradável sobre você. Mas deixei você mais tempo nesse castigo pra você aprender de vez a me obedecer.

9 Months of TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora