- Ana? - senti um chacoalhar nos meus ombros. - Filha? - de novo.
Abri os olhos quase sendo cegada pelo sol da manhã que iluminava meu quarto.
Minha mãe tinha ido me acordar às 7 da manhã para ajudá-la com os afazeres domésticos. Ela só podia estar de brincadeira. 7 da manhã, nas férias, jura?
Vesti uma roupa, escovei os dentes e desci pra tomar café.
- Bom dia. - cumprimentei meus pais que já tomavam café.
- Bom dia, filha. - meu pai respondeu tirando o jornal do rosto para me olhar.
Tomamos café num clima ameno e logo fui informada que a louça do café era minha. Levei os pratos pra pia enquanto meu pai se ajeitava pra ir à igreja.
- Pai. - chamei ao vê-lo pegar as chaves do carro.
- Diga.
- Eu queria saber se... - eu estava nervosa. - Se eu podia sair com Erin esse final de semana.
Meu pai parou pensativo na bancada, me observando.
- Erin Peck? - balancei a cabeça afirmativamente.
- Tudo bem, mas pra onde vocês vão?
- Não sei, tomar sorvete, assistir um filme... - antes que eu pudesse terminar ele me interrompeu.
- Se for pra tomar sorvete que não seja na sorveteria do Harry! - falou firme. -Fiquei sabendo que aquilo ali é uma zona, só rola o que não deve, não é lugar pra uma moça direita ir. - assenti.
A sorveteria do Harry, ou a drogaria do Harry, como era chamada pelos adolescentes dali, era o ponto onde todo mundo se reunia. Rolava de tudo ali, de verdade, até drogas.
Nunca tinha ido, mas já tinha escutado várias histórias sobre o lugar, mas sendo ruim ou não, era onde toda a galera legal ia. Mentiria se dissesse que não tinha curiosidade de ir lá.
- Eu sei, não vou pra lá.
- Ótimo. Então você está liberada, confio em você. - ele veio até mim e beijou minha cabeça. - Mas já sabe que tem horário de voltar, de ligar pra gente... - assenti de novo.
- Eu sei.
- Tudo certo, então. - deu outro beijo na minha cabeça e foi embora.
Suspirei aliviada ao escutar a porta batendo. Não tinha sido difícil convencê-lo, Tania estava certa. Talvez ter aceitado sair com Oliver tenha melhorado os ventos pro meu lado.
Terminei meus afazeres pela manhã e de ajudar minha mãe com o almoço. Subi para tomar um banho e me ajeitar pra ir trabalhar.
A tarde também foi tranquila na biblioteca e de novo, eu e Tania extrapolamos o horário, mas era tão divertido ficar em sua companhia que eu nem notava o tempo passar.
Ela me contava histórias engraçadas dos garotos detentos e eu contei pra ela sobre eu ter pedido ao meu pai permissão pra sair com Erin no final de semana.
- E ele aceitou numa boa? - ela parecia surpresa.
- Sim, dá pra acreditar?
- Não! O pastor George te dando passe livre pra sair é realmente chocante. Pra onde vocês vão?
- Não sei, talvez tomar sorvete, ainda nem combinei com ela! - estava contente de finalmente fazer algo diferente.
- Aposto que você tá louca pra ir lá na drogaria... - ela disse irônica. - Opa, sorveteria do Harry. - nós gargalhamos.
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9 Months of Trouble
RomanceAna Wentworth é uma garota comum, filha caçula de três irmãs, aluna e filha exemplar. Vive numa pequena cidade do interior do Mississippi, lugar onde, ironicamente, constitui o bible belt. Seu pai, um pastor respeitadíssimo e rígido, não mede esforç...