De repente tudo foi silenciado a minha volta. Eu nem conseguia raciocinar direito, parecia até que alguém tinha batido na minha cabeça. Eu só fiquei parada, encarando aqueles três testes positivos na minha mão, chocada demais até pra começar a entrar em desespero.
- Ana? - escutei Erin me chamar baixinho, bastante apreensiva. - Ana?
- Isso tá errado. - minha voz saiu falha. - Isso tá errado. - repeti.
- Ana, olha só... - ela começou a falar.
- Não, Erin, isso tá errado. - falei firme. - Eu já li que isso aqui não é confiável, e um deu negativo. - ergui o teste negativo.
- Mas três deram positivo. - falou depois de algum tempo, bem baixinho.
- Mas você mesma disse que uma barra significa negativo, e só tô vendo uma barra nesse aqui. - chacoalhei o teste na frente dela. - Os outros devem estar errados. É impossível, eu não tô grávida. - falei rápido. - Deu negativo. - apertei o teste com mais força e baixei a cabeça.
- Ana, eu sei que é difícil enxergar os fatos agora...
- Não é um fato, é uma possibilidade! - a interrompi, já sentindo a visão embaçar pelas lágrimas.
- Eu sei, eu sei... Mas olha só, antes de você começar a surtar, a gente precisa se acalmar. - colocou a mão no meu ombro.
- Eu tô calma! - uma lágrima teimosa escorreu pela minha bochecha e eu a enxuguei com força. - Não tem nada de errado, porque está claro que eu não tô grávida.
- Ana, olha... - Erin passou a mão pelo rosto. - É difícil, eu sei, mas você não pode ficar nessa negação pra sempre.
- Eu não tô em negação. - enxuguei mais lágrimas.
- Você tá sim! - ela me segurou pelos ombros. - A gente precisa fazer o exame de sangue pra ter certeza, tá bom?
- Eu não vou fazer exame, Erin, eu não...
Foi aí que tudo dentro de mim despencou como uma avalanche. A realidade me atingiu com um raio e eu me joguei nos braços da minha amiga. As lágrimas pareciam ser infinitas, nem elas ou as palavras reconfortantes, o abraço carinhoso e o afago nos meus cabelos aliviavam meu desespero. Pelo contrário, cada segundo parecia ser pior. Cada tique do relógio só me aproximava mais da realidade.
Realidade não, pesadelo.
- Vai ficar tudo bem. - Erin soprou no meu ouvido.
Balancei a cabeça negativamente e desfiz o abraço para encará-la.
- Como? - sussurrei com a voz entrecortada.
- A gente vai dar um jeito. - enxugou minhas lágrimas. - E outra, a gente não tem certeza, então para de se desesperar na véspera.
- O que eu vou fazer, Erin? - falei entre soluços.
- Primeiro a gente vai jogar isso no lixo. - ela tirou os testes da minha mão. - E a gente precisa marcar o exame de sangue.
- E como eu vou fazer isso sem ninguém saber? - uma nova onda de lágrimas escorreu pelas minhas bochechas.
- Olha só, minha tia é enfermeira. Eu posso ligar pra ela e explicar a situação, eu tenho certeza que ela vai ajudar, e na próxima semana você já tá com esse resultado.
- Não, não, não. - passei a mão pelo cabelo. - Eu não vou nem conseguir dormir hoje, muito menos esperar pra próxima semana.
- Se você quiser eu ligo pra ela agora e peço pra ela encontrar a gente no hospital, e lá a gente vê o que faz.
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9 Months of Trouble
RomanceAna Wentworth é uma garota comum, filha caçula de três irmãs, aluna e filha exemplar. Vive numa pequena cidade do interior do Mississippi, lugar onde, ironicamente, constitui o bible belt. Seu pai, um pastor respeitadíssimo e rígido, não mede esforç...