Capítulo quarenta e três.

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Victor Augusto

Eu estava na sala assistindo a porra do jornal, por que é sempre bom prestar atenção se não estão falando qualquer merda da minha facção; Quando aparece Bárbara na televisão. Ela usava o seu uniforme de rotina e o cabelo preso no alto da cabeça, seus lábios estavam marcados com um batom vermelho leve, e automaticamente vem na minha mente a ultima vez que nos vimos, quando busquei as meninas na academia, já havia se passado muito tempo, mas é como se fosse ontem, ela vestia uma calça de malha e uma blusa larga, e estava estupidamente gostosa, logo depois ela entrou em um civik cujo as películas eram totalmente escuras e eu não identifiquei o motorista.

Bárbara falava sobre um caso que aconteceu no ano passado, e sinceramente, a fita nunca mudam, eles continuam passando a mesma notícia.

-Eu sabia. – Larissa grita.

-O que? – Taina aparece na sala.

-Era ela.

-Ela quem Lari? – Eu pergunto.

-Na academia, aquele dia, era a Bárbara. – ela se explica e eu suspiro bebendo um gole da minha cerveja.

-A mesma que está com a nossa apreensão?- Lara pergunta.

-Exatamente. E ela olhou bastante pra mim, pra vocês, e principalmente pra você Coringa. – ela se direciona pra mim.

-Puts, a gente tem que tomar cuidado. – Táina fala mordendo suas unhas.

-É tem sim. – eu respondo. Logo em seguida a repórter muda de assunto perguntando Bárbara quais eram as próximas operações e apreensões de grande porte.

"São muitas, Brasília está cheia de delinquentes, mas ocupa em primeiro lugar com muita urgência, a facção C'rime bom e os demais que fazem parte da organização, juntamente com o morro do alemão." – Bárbara fala no microfone depois de hesitar um pouco.

-E por sinal, ela está de olho na gente. – Lara fala.

-É. – eu respondo e me levanto do sofá quando começo a subir as escadas eu escuto Tainá me chamar.

-Sim? – eu me viro no primeiro degrau da escada.

-Sim? E essa a sua reação? – Lara me pergunta colocando as mãos na cintura.

-O que quer que eu faça?

-Sei lá, é simplesmente uma cacetada de policiais atrás da gente, eles sumiram faz um tempo, você não tem medo do que posso vir ai? – ela fala elevando o tom de voz.

-Ah – dou uma risada sarcástica.

-Para de rir seu problemático. – ela cospe.

-O que você espera que eu faça? Pegue uma arma e invada a casa de cada um deles e estoure seus miolos?  Que eu desenvolva uma porra de uma magia e faça todos nos desaparecer? Nós somos criminosos, e não e de hoje que tem tira na nossa cola. E EU NÃO POSSO FAZER PORRA NENHUMA, A NÃO SER FUGIR. Ela já sabe o rosto de cada um de nós Lara. O que caralhos você quer que eu faça? – grito com raiva e muito ódio.

-Deveríamos ter um plano bolado, se você não tivesse a porra de um ego gigante e achasse que nunca fosse descoberto. – ela devolve.

-Acontece que eu achava que não iriamos. POR QUE NÃO ERA PRA SER.

-Isso tudo pelo seu ego gigante e achar que é o fodão e ninguém ia descobrir quem comandava a porra dessa sua facção. – ela grita de novo e eu sinto meu sangue ferver, serro os punhos, Lara era minha irmã, e uma mulher. Eu não encosto um dedo em mulher.

-CALA A PORRA DA BOCA LARA. – eu grito e pelo canto do olho observo que Tainá e Larissa me observam com os olhos arregalados. Lara tremia de raiva e vejo Suh entrando pela porta.

-A PORRA DA FACÇÃO, QUE TE ALIMENTA, VOCÊ DEVERIA TER DADO GRAÇAS POR EU TER ENTRADO NESSA VIDA PRA TE DAR COMIDA QUANDO A SUA MÃE DESAPARECEU DO MAPA E NOSSO PAI SE ENTUPIA DE BEBIDAS. –cuspo as palavras, mas me arrependo, os olhos de Lara ganharam uma cor fria e lagrimas surgiram.

Ela parte de onde ela estava e me acerta um tapa na cara.

-VOCÊ ACHA QUE EU NÃO ESTARIA VIVA SE VOCÊ NÃO TIVESSE ME AJUDADO? EU PODERIA TER PASSADO DIAS SEM COMER DIREITO MORANDO COM MEU PAI DEPOIS QUE A TIA ANGÉLICA SE FOI, E ME VIRADO DEPOIS. NUNCA DEPENDI DE VOCÊ. – ela grita apontando o dedo pra mim.

-Não aponta o dedo pra mim Larissa.

-VOCÊ NÃO FALA ASSIM DA MINHA MÃE DE NOVO, seu...- a voz dela falha e lagrimas descem sem parar, uma culpa imensa me invade. Suellen que segurava ela pela cintura passa a mão em seus cabelos e me olha feio.

-Sai daqui Victor. – Suelen ordena. Eu me viro pra subir as escadas e escuto Lara.

-Seu vazio, você é a porra de um vazio que só se preocupa com você. – ela tenta gritar, mas o que sai é um sussurro.

Bato a porta do meu quarto e abro uma garrafa de vodka, viro o liquido na minha boca, que desce como água, no calor do momento eu sempre falo algo que não devia. Lara nunca fala sobre sua mãe, ela tem certo gatilho sobre isso, a mãe dela saiu pra trabalhar e a deixou com sua irmã mais velha. E nunca mais voltou. As policias deram como sequestro ou algo do tipo. Então Lara veio pra cá, e ela foi um dos motivos pra que eu entrasse para o crime. Eu não deixaria minha irmã passar fome e sofrer enquanto meu pai tinha uma quase overdose todos os meses.

Com o tempo eu fiquei frio, mas quase nunca discutia a esse ponto com a Lara. E eu me sentia um covarde pelo o que aconteceu hoje.

Jogo a garrafa contra a parede que cai no chão em cacos. Xingo mentalmente pela burrice que eu havia feito.

-Que porra foi essa Victor? – Suelen abre a porta do meu quarto bruscamente e eu me arrependo de não ter fechado a mesma. Seus olhos caem sobre os cacos de vidro no chão ao lado da minha cama e ela me olha mais feio do que antes.

-Não enche .

Suellen era minha melhor amiga, sempre me dava conselhos e sabia de tudo – exceto da Bárbara-.

-Não enche uma porra. O que foi aquilo? A menina já ta mal por que ontem fez oito anos que a mão dela foi sequestrada, raptada, abduzida, fugiu, não sei o que rolou com ela, é você despeja um saco de merda sobre ela? Ela é sua irmã Victor. Qual a necessidade?

-Cara, eu estava de cabeça quente, soltei no calor do momento. Ela estava me irritando, fazendo perguntas desnecessárias.

-Mas. Qual. A. necessidade. De. Você. Falar. Tudo. Aquilo. Pra. Ela? – ela pergunta pausadamente tentando não gritar no meu ouvido.

-Nenhuma Suellen, acontece que saiu, eu falei,. – eu falo me sentando na beirada da cama apoio meu cotovelo no joelho e passo a mão pelo cabelo soltando uma grande quantidade de ar. Ela suspira e posso ver de relance que ela tira as mãos da cintura e relaxa o corpo.

-No Coringa. Foi um vacilo viu.

-É eu sei, ta tudo desandado por aqui.

-Cara cê ta precisando relaxar, os tira tá na nossa cola, cê ta muito estressado, vai tomar um banho e deitar, amanhã tu fala com ela. – ela fala equanto me olha.

-Valeu Su, de verdade.

-Que nada po. Eu tô sempre aqui, vem cá me da um abraço. – ela faz um gesto com a mão e me abraça.

Vou pro banheiro e tomo uma ducha fria, demoro um pouco com a esperança que a água carregue toda a minha raiva.

Saio e observo que os cacos de vidro já não estavam ali. Vesti um short é um casaco moletom. Desço as escadas e está tudo escuro. Pego as chaves da minha moto e saio de casa. Andar de moto me restaura, senti o vento frio me faz mais tranquilo.



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