𝙾𝚜 𝚘𝚙𝚘𝚜𝚝𝚘𝚜 𝚜𝚎 𝚊𝚝𝚛𝚊𝚎𝚖! -𝔟𝔞𝔟𝔦𝔠𝔱𝔬𝔯- ©

Vinte e sete.

§Bárbara Passos§

-Trabalhando a está hora Barbara Passos? – Uma voz ate então desconhecida soou atrás de mim, um arrepio corre pela minha espinha e eu coloco a mão no meu coldre onde minha Glock descansa;
Me viro dando de cara com Victor Augusto, ele estava encostado na parede ao lado porta com as mãos  dentro de sua calça jeans escura, usava uma blusa preta apertada que deixava seus músculos visíveis ate demais, normalmente eu teria falado algo ou o mandado ir embora, mas depois daquele beijo, eu senti que precisava deixar Victor longe da minha vida.

-Surpresaaa - ele fala irônico e da um sorriso de canto.

Virei-me e continuei a digitar as fixas que estavam em cima da minha mesa, posso sentir seu olhar queimando nas minhas costas, ouço uma risada que ele soltou em seguida os seus passos, eu tentava fingir indiferença e torcia pra ele não notar minhas mãos trémulas digitando naquele teclado, ele contorna a mesa e se senta na poltrona  de frente pra mim colocando a panturrilha sobre a outra perna, continuo tentando focar no computador a minha frente e tentando ignorar meu peito que subia e descia desregulamente.

-Vai continuar me ignorando faixa rosa? – ele pergunta mexendo os dedos no braço da poltrona

-Não era faixa preta? – falo pela primeira vez.

-Era, mas resolvi mudar querida. – ele diz e posso ver um sorriso de canto se formar em seus lábios.

Continuo a digitar, me senti extremamente incomodada com a presença dele ali, mas a atenção que ele veio buscar ele não teria.

-Sabe Bárbara, hoje meu dia foi literalmente cansativo. - ele fala

-Sim eu sei, inclusive como está a Suelen? A bala foi retirada com sucesso? – pergunto ainda digitando e posso ver uma expressão de confusão se formar em seu rosto, ele estava totalmente surpreso.

-Como você soube? Por acaso anda fazendo ronda pelos hospitais também? – ele rir sem humor.

-Quando você esta indo, eu já estou voltando Victor. – digo sorrindo de canto, mas sem desviar o olhar.

-Ela esta bem, todos que trabalham comigo são fortes o suficiente pra aguentar qualquer provocação.

-Legal – respondo.

Já havia se passado alguns minutos, Victor continuava na mesma posição de antes, me olhando descaradamente, eu não olhei para ele em momento algum, eu já estava na vigésima ficha, quando ele tira um cigarro do bolso e acende o colocando entre os lábios e exalando fumaça de nicotina por toda minha sala, assim que o cheiro chega até minhas narinas, minha garganta automaticamente parece se fechar , eu tusso três vezes seguidas e um sorriso sapeca se forma na lateral de sua boca.

-Você poderia apagar essa porra, por favor, Victor? - Falo entre tosses.

-Isso te incomoda faixa rosa? – ele pergunta tragando novamente.

-Não imagina, e como perfume para minhas narinas – sorrio ironicamente.

-Eu ate apagaria, mas em troca, me beije... – ele fala sorrindo e eu me arrepio só com a ideia de minha boca fazer contato com a dele novamente, eu prometi pra mim mesma que isso nunca mais aconteceria.
Pela primeira vez foco meu olhar realmente nele, ele estava com os cotovelos sobre o joelho uma mão apoiava seu queixo e a outra segurava o cigarro entre os dedos, seu olhar estava diretamente em mim e ele sorria divertidamente.

-Acho que posso aguentar essa merda. – repondo voltando o olhar para meu computador.

-Você quem sabe meu bem – ele volta a tragar e eu sinto novamente o pigarro na garganta, que filho da mãe, eu mataria ele sem pensar duas vezes, SE eu estivesse normal.
Terminei as fichas tossindo exageradamente, assim que o primeiro cigarro acabou ele acendeu outro e mais outro.
Termino, desligo o computador e guardo as fichas. Pego minha garrafa as chaves do carro e fecho a janela, me viro e ele continua na poltrona, fecho as cortinas e quando eu me direcionava a porta meu braço e puxado e minhas costas se chocam com a parede, Victor está na minha frente, com uma mão a cima da minha cabeça e a outra na minha cintura, ele olha nos meus olhos, e meu maldito coração esquece como que se bombeia o sangue, respiro fundo procurando acalmar minha mente e encaro ele.

-Um, poderia me deixar passar moço? – pergunto com indiferença.

-Passar? Passar onde? Daqui pra minha cama? Claro. – ele fala e eu me arrepio.

Tento sair, mas ele me bloqueia, chega bem perto dos meus lábios e eu quase perco a linha de raciocino com seu hálito quente batendo sobre os meus lábios.

Com o resto de consciência que eu ainda tenho fingi me aproximar e consigo me virar ficando de frente para ele, e o mesmo encostado na parede, ele me prensa sobre ele e eu sinto seu volume, e quase que o senhor raciocino se vai de novo, roço meus lábios nos seus e luto comigo mesma para me afastar.

-Boa noite moço – falo sorrindo saindo de seus braços indo ate a porta com as chaves da delegacia e do meu carro.
Posso escutar um grunhido dele, quando passo pelo lado de fora da porta ele passa rapidamente entre ela com o cigarro nos dedos, tranco a porta e apago a luz, ele me segue, apenas as pequenas lâmpadas de suspensão iluminam o corredor, coloco as chaves no lugar e digito a senha com cuidado para que Victor não veja, odiei essa visita, ele conheceu cada passo da delegacia, ele observou tudo, e eu tenho medo disso!
Entro no elevador e ele entra em seguida, aquela merda demorou pra cacete, eu peguei meu celular e respondi algumas mensagens, e sentia que Victor não desviava o olhar de mim, ao chegar lá em baixo tranquei tudo e pude observar uma porscher panamera ao lado da minha mercedes benz.

-Noite faixa rosa, só seria boa se você fosse dormir comigo. – ele pisca e jogo um beijo no ar

-Seu sonho de consumo, falo pegando minha chave.

-Só é um sonho, até eu querer que seja realidade. –um arrepio sobe a minha espinha quando ele pronuncia estas palavras, mas eu ignoro e entro no meu caro, acelero e sumo dali.

Assumo pra mim mesma o quanto foi difícil ignorar tudo. Quando eu vejo Victor o que vem na minha mente, e o gosto do beijo dele na minha boca.