Capítulo 48 - Medíocre

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Matthew Collins

Uma vez meu pai me chamou de  medíocre. 

Não sabia o significado, mas senti o impacto. 
 
Imaginei ser uma palavra ruim, mas guardei a raiva dentro de mim.

O conhecimento veio e percebi que não queria ser assim.

Meu passado ensinou que não posso ser mediano.

Devo lutar pelo meu direito de ser humano.

Pois quem nada faz, se torna incapaz.

Através do meu esforço mostrarei do que sou capaz.

Minhas mãos foram em direção ao rosto com gotículas de água pela segunda vez buscando algum tipo de calmaria em meio a tempestade que se formava dentro de mim naquele instante. Elizabeth havia convocado uma reunião com toda a equipe de produção que estava cuidando dos preparativos para o evento que em breve seria realizado e eu fui escolhido para palestrar. Apesar de já ter tido experiências assim na agência, nunca foi uma situação confortável. Sempre que temos uma responsabilidade em mãos nos vemos perdidos sobre como prosseguir ou nos pegamos em um questionamento sobre estarmos cumprindo com êxito a nossa obrigação. Só sei que é muita pressão e talvez eu ainda não esteja preparado para passar por isso novamente. 

Respirei fundo e tomei coragem para sair do banheiro, mas acabei batendo a porta em alguém. Assustado, me desculpei e logo estendi a mão oferecendo ajuda.

– Perdão, não foi minha intenção.

– Porra! Você não presta atenção nas coisas?! – Disse, negando meu gesto e se levantando. 

–  Você é quem parece não olhar por onde anda. – Mudei minha postura por ver quem havia derrubado.

– Olha Matthew, eu só não te bato porque acabei de recuperar o emprego… 

– Nossa, mas que bravinha… Pretendia me bater de que maneira? Porque a única coisa que tem batido aqui é a porta na sua cara. – Sorri em deboche.

– É melhor não me provocar, quando se trata de machucar alguém, tenho ideias muito interessantes… – Comentou, se aproximando de meu ouvido e discretamente apertando minhas bolas me arrancando uma respiração pesada.

– Caroline… Aí não é lugar de brincar. – Falei, tentando não me render a dor que ela estava me causando.

– Penso de forma diferente. – Ela sorriu.

– Se não me soltar, vou te fazer passar vergonha em frente à empresa inteira quando menos esperar. – Rebati.

Seus olhos reviraram e sua mão foi retirada lentamente de minhas calças. 

– Tem sorte que estou de bom humor. 

– Que pena, é divertido te ver com raiva.

– Não tem nada melhor pra fazer? – Perguntou, caminhando ao meu lado.

– Até tenho, mas dialogar com você é sempre muito agradável… Poder sentir esse seu ar de superioridade exalando por todos os corredores. – Provoquei.

– Falou o babaca engomadinho. 

– Então… Qual chantagem você fez pra ser aceita de volta?

– Eu tenho cara de golpista por acaso?! 

Dei um sorriso sugestivo e ela bufou.

– Óbvio que estavam desesperados atrás de você para fazer a matéria, mas não te aceitariam de volta só por causa disso. Pelo menos, não depois de você ter entrado em conflito com Elizabeth.

Traga o DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora