Traga o Desastre

Capítulo 39 - HD

Caroline Novac

A noite foi uma loucura, a situação tomou uma proporção inimaginável, mas a experiência foi tão boa que acabei me deixando levar. Minha ficha ainda não caiu totalmente, afinal, eu estava meio fora de mim no dia anterior. Em parte identifico o que aconteceu como uma tensão sexual momentânea, embora outro lado meu queira me dizer que realmente gosto do que exerci com Stella. Acho que vou ter que repetir a dose estando completamente sóbria para descobrir… 

Felizmente o clima não estava estranho, Graham fazia com que tudo fluísse de maneira leve, não havia pressão alguma em meus ombros. Como prometido, ela deixou uma certa quantia em dinheiro nas mãos de Molly. Minha pequena preferiu guardar tudo no banco ao invés de gastar, o que julguei ser uma ótima escolha considerando a mãe que tem. A levei para casa tendo uma de minhas brigas rotineiras com Christ e me retirei do local extremamente puta. 

Meu celular começou a tocar incessantemente em meu bolso enquanto eu caminhava, o que me deixou ainda mais irritada e gerou o impulso de atender à ligação apenas na terceira tentativa da pessoa.

– Que foi, porra? – Falei, sem pensar.

– Caroline!! 

– Ah… É você Juliet. Está falando como chefe ou amiga? 

– Chefe.

– Ok… Então vamos começar novamente. – Respirei fundo e inseri meu deboche na conversa. – Oi, chefinha! Como vai? Que dia lindo está hoje… Qual o motivo de sua ilustre ligação?

– Compostura, Novac. O assunto é sério.

– Certo, estou ouvindo. – Disse, me sentando em um banco.

– Obtivemos informações adicionais referente à missão atual. Preciso que permaneçam na cidade por mais tempo e façam algo para mim.

– O que seria? 

– Vocês terão de invadir uma grande instalação que tem como fachada um depósito de rações e roubar um HD para que possamos descobrir seus próximos passos. 

– Você não está sugerindo o que estou pensando, está? – Me animei ao perguntar.

– Sim, você irá hackear o HD.

– Isso é música para os meus ouvidos! 

– Não se anime muito, terá autorização apenas para esse trabalho em questão. Stella me contou sobre o que fez com a entrevistadora, enquanto usar suas habilidades de forma impensada, não terá a confiança que gostaria para usar seus códigos.

– Tanto faz… Eu já sabia que ela seria fofoqueira a esse ponto. – Revirei os olhos e prossegui. – Reconheço meu erro, não se preocupe. Farei apenas o que mandou.

– Ótimo, Stella já possui conhecimento sobre o que deve fazer. Deixarei que planejem seus passos, até logo!

– Até! 

Durante toda minha conversa com Juliet meu foco voltou-se a um Chafariz transbordando água no meio da praça e as crianças que insistiam em percorrer o espaço brincando de pegar um ao outro. Tal momento me trouxe certa nostalgia, pois costumava partilhar essa alegria e inocência com Daniel, meu irmão. Vivíamos inventando joguinhos para dinamizar nossos dias, mas acabávamos sempre fazendo lutinhas. Eu nunca soube ser muito feminina... Ser agressiva está no meu sangue. 

O cenário em que eu estava era lindo, com certeza levaria minha sobrinha para passar uma tarde lá. A paisagem repleta de detalhes floridos trazia uma sensação de liberdade e vida. Os bancos de concreto ficavam espalhados ao redor do chafariz permitindo uma apreciação de tudo que havia ao redor, desde o céu límpido e aves cantando no topo das árvores, até um mural com histórias incríveis de casais que tiveram a oportunidade de iniciar um romance no local.