Capítulo 30 - Interceptação

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Caroline Novac

Quando o avião pousou dei graças a deus por estar em terra firme, não aguentava mais as sensações que aquele ambiente me trazia. Por mais que Stella estivesse me provendo distração, foi igualmente difícil lidar com a crise, era um desafio me manter no assunto enquanto sentia minha respiração falhando em meio ao processo, mas o importante é que conseguimos chegar no tão esperado hotel. 

Seu exterior possuía uma estrutura lisa e brilhante, sem muitos detalhes. Adentrando o local pôde-se ver uma grande área de recepção repleta de chaves em tons coloridos ao longo dos ganchos na parede, um homem em pé utilizando um terno vermelho e uma mulher com blusa social branca utilizando uma saia vermelha para completar seu visual. 

Quando nos aproximamos os olhares foram em minha direção e eu entendia exatamente o motivo. Basicamente estava vestida como uma adolescente dentro do conjunto roxo. A mulher que anteriormente folheava um caderno me olhou com uma expressão de nojo e sussurrou algo para o homem ao seu lado que riu em resposta. Juro que me segurei para não começar uma briga…

– Minha mente já está fudida o suficiente, não quero me estressar com esses filhos da puta zombando de mim. – Disse, sem me preocupar se eles me entenderiam.

– Não se preocupe, eu cuido disso. – Respondeu Stella, começando um diálogo em Italiano com os dois babacas. 

Me afastei e aproveitei para observar a decoração. Alguns lustres dourados eram espalhados pelo teto, as paredes eram todas em tom laranja e andando mais um pouco era possível ver uma pequena área dedicada à leitura, contendo uma pequena estante de livros, um sofá marrom, uma mesa redonda de centro e outras duas poltronas. Estando em meu momento "exploração", peguei o primeiro livro que vi pela frente e comecei a ler para me distrair. 

– Escolha interessante de gênero. – Uma voz grossa e carregada de sotaque ecoou pelo local.

Não pude evitar olhar para o homem alto e loiro em minha frente. 

– Meio que não escolhi, peguei por mero impulso. 

– Creio que irá gostar, é um dos meus preferidos.

– Talvez sim, me chamou atenção o fato do personagem já começar a história investigando um assassinato. 

– Vai se surpreender com os acontecimentos. – Ele disse, se sentando no sofá de frente para mim. – A propósito, me chamo Thierry Armand. 

– Caroline Novac…

– Está aqui de passagem ou pretende ficar?

– Apenas uma visita rápida que não deve durar mais do que alguns dias. 

– Possui algum acompanhante para mostrar -lhe a cidade?

– Não, ela não possui. Sua única companhia aqui sou eu. – A intrometida disse, direcionando um largo sorriso em minha direção – Prazer, Stella Graham, a amiga lésbica que namora.

A olhei intrigada e Thierry sorriu de maneira simpática para a mesma, levantou-se, checou seu relógio e disse:

– Preciso ir, estou atrasado para meu compromisso. Foi um prazer conhecê-las, principalmente você, Caroline Novac. – Ele se aproximou e deixou um cartão em minha mão – Caso queira um tour pela cidade.

Apenas sorri em resposta e no mesmo momento em que se afastou, perguntei:

– Que porra foi essa, Stella? Desde quando você é lésbica? 

– Ele estava visivelmente interessado, precisava ajudar de alguma maneira e manter o foco em você. – A desgraçada riu.

– Não estou no clima para encontros, na verdade… No momento não há clima para nada. – Comentei, fechando o livro. 

Traga o DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora