Traga o Desastre

Capítulo 8 - Life's a shit

Matthew Collins

Pegamos a planta da boate para analisar as possíveis rotas de fuga de Reuben e concluímos que ele provavelmente fugiria através da porta dos fundos, pois o segundo andar contava com um quarto exclusivo para atividades sexuais e uma porta que dava fácil acesso às escadas. A primeira parte do meu plano incluía passar na boate mais cedo e verificar se a planta estava correta para não sermos pegos de surpresa, mas esse planejamento tinha um ponto ruim… Eu teria que me disfarçar para não ser reconhecido a noite e odiava fazer missões disfarçado. Depois de muita insistência da parte de André aceitei fazer esse sacrifício, porém, ao invés de usarmos perucas, optamos por tingir o cabelo de outra cor para soar mais "natural". A tinta sairia depois quando tomássemos banho. Pintei meu cabelo de loiro e reparti para o lado na intenção de parecer o mais mauricinho possível, coloquei lentes verdes e providenciei nossos crachás falsos. André pintou o cabelo de ruivo, decidiu não colocar nenhuma lente por medo de não conseguir tirar depois e ambos estávamos vestindo calça preta, blusa social branca com gravata preta e um tênis social  também na cor preta. Para completar o disfarce entreguei uma maleta para André com alguns utensílios e fiquei encarregado de andar com uma prancheta fingindo anotar os pontos negativos e positivos referente ao lugar. 

– Por quê trocou meu nome? – André questionou, verificando o crachá que lhe dei.

– O nome que escolheu era uma droga! 

– É só um disfarce, Matt. Qualquer nome serve!

– Justamente, contente-se com esse. – Respondi, dando uma piscadinha para ele. 

Ele bufou em frustração e seguimos até a boate. Sabíamos que estaria fechada, mas teria alguém para nos atender, pois recebemos informações que algumas caixas estavam sendo descarregadas por lá. Abordamos os entregadores e pedimos para que chamassem o responsável pelo estabelecimento para liberar nossa entrada. O mesmo apareceu nos olhando de maneira mista entre confusão e surpresa. 

– Boa tarde, o senhor seria Alexander Jones? – Perguntei.

– Sou eu mesmo, do que se trata? – Ele rebateu a pergunta.

– Sou Oliver Griffins e esse é meu parceiro de trabalho, Henry Moore. Fazemos parte da EVS, uma empresa de vigilância sanitária e estamos aqui para avaliar a recém abertura de seu negócio. – André disse.

– Mas eu recebi uma visita de vocês faz uma semana. – Alexander comentou. 

– Certamente não se tratava de nossos colegas de trabalho e sim, de uma empresa concorrente. Gostamos de trabalhar com excelência e fiscalizar o local no dia de sua abertura para checar os padrões oferecidos pelo proprietário diante da proposta que foi passada para os cidadãos. Preferimos aparecer sem um aviso prévio para certificar que tudo está dentro dos conformes, como pôde perceber. – Disse, o deixando impactado com meu pequeno discurso sobre nossa falsa empresa. 

– Entendo… – Ele fez uma pose pensativa. – Antes de entrarem, posso dar uma olhada em suas identificações?

– Claro. – Respondi, mostrando meu crachá juntamente com André. – Se possuir alguma dúvida sobre nossa empresa pode ligar para este número, meu chefe certamente está de prontidão sentado em sua mesa esperando uma ligação. – Finalizei, o entregando um cartãozinho.

– Agradeço, irei ligar agora mesmo. Desculpem por isso, mas é que nunca ouvi falar sobre vocês. Toda cautela hoje em dia é importante. – Ele disse, se afastando.

– Entendemos perfeitamente, fique à vontade. – André disse.

Obviamente Alisson já estava com um roteiro em mãos para responder corretamente às perguntas de Alexander. Esperamos a chamada terminar e ele pareceu convencido, nos deixando finalmente entrar. Fomos todos pela área de carga e descarga de bebidas, começando nossa "fiscalização" por ali. O proprietário perdeu um bom tempo tentando nos impressionar falando sobre suas bebidas e André entrou no assunto discutindo seus gostos com ele. Deixei que a distração ocorresse e aproveitei o momento para implantar uma mini câmera na parede fingindo ver sua textura.