Capítulo 18 - Um favor

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Caroline Novac

Stella era a filha de minha chefe, Juliet Graham. A conheci realizando minha primeira missão de campo, onde sai gravemente ferida e tive de pedir apoio médico. Em meio minha solicitação Stella foi a única disponível, a qual se dispôs a me ajudar mesmo após me ver aterrissando no chão tendo me jogado por uma janela com a barriga baleada. No entanto, não para por aí... ainda a fiz estancar meu sangue enquanto pilotava minha moto em alta velocidade para nos levar a um lugar seguro. Inclusive, foi nesse dia que surgiu seu medo de andar em minha garupa.

Apesar de sermos amigas eu não recebia nada de forma privilegiada, fazia questão de ter o mesmo tratamento dos outros integrantes da agência. Não é certo receber algo que não merece porque alguém possui apego por você.

- Boa tarde, posso ter um minutinho da sua atenção? - Perguntei, batendo na porta de Juliet enquanto observava algumas mulheres se retirando da sala.

Grande parte da agência era composta por mulheres, pois Juliet achava importante a integração de poder feminino em nosso meio de trabalho. Afinal, ser um agente não é apenas ser capaz de exercer força bruta.

- Agente Novac, que bom vê-la. Não tenho muito tempo, mas pode entrar.

- Obrigada. - Disse, fechando a porta após o último indivíduo se retirar.

- O que está esperando para vir me dar um abraço? - Juliet perguntou, exibindo um largo sorriso e deixando de lado a postura de chefe.

Um pequeno sorriso escapou de mim e me aproximei para a abraçar.

Anos se passaram e eu ainda não me sentia muito confortável com demonstrações de carinho, mas me esforçava para que não magoasse ela e Stella.

- Gostaria de te pedir um favor. - Disse, me sentando em uma cadeira próxima a dela.

- Do que se trata?

- Você sabe que venho trabalhando muito e fazendo obras na casa dos meus pais, acaba não sobrando tempo para uma entrevista ou eu acabo as desmarcando. Não gosto de te incomodar, vou entender se não quiser ajudar.

- Conclua seu raciocínio, o que precisa de mim?

- Só preciso que me passe o número de alguns jornais, está ficando difícil arrumar desculpas para não fazer algo com a Bárbara e ter dinheiro "ilimitado" fingindo não ter um emprego.

- Entendo o peso do que é não poder contar a ela sobre o que faz, mas é necessário. Acho interessante você buscar o jornalismo como emprego de fachada, vai ser bom finalmente poder vê-la se expressando da forma que gosta.

- Eu também gosto do que faço aqui, mas você tem razão, estou usando isso como desculpa para participar de um meio que sempre visei estar.

- Estou feliz por seguir os seus sonhos, mesmo não sendo da forma que gostaria.

- Já tivemos essa conversa. Eu garanto que não vou abandonar a agência para seguir um sonho idealizado por mim quando criança. Abri mão de coisas demais para fazer o mesmo com o emprego que me tornou quem sou e me abrigou quando ninguém mais se dispôs a me ajudar.

- Não ficaria chateada se largasse, apenas quero te ver feliz. No entanto, tome decisões baseadas no que realmente quer e não por mera obrigação.

- Eu sei, eu sei... Só me passa os números, por favor.

- Tudo bem, aqui estão. - Ela disse, me entregando um papel com uma relação de nomes e números.

- Por que me parece que você guarda isso há muito tempo?

Traga o DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora