Traga o Desastre

Capítulo 1 - Adaptação

Caroline Novac

Acordei extremamente estressada e o dia mal tinha começado. Tomei uma ducha bem gelada e demorada para tentar relaxar, mas obviamente não adiantou. Sendo assim, vesti minha melhor roupa de caminhada: uma blusa branca, calça legging preta e meu tênis roxo. Minha casa ficava localizada na Madison Avenue, próxima a loja da Louis Vuitton, mas morar ali não me definia como membro da alta classe. Apesar de ter uma boa quantia em dinheiro guardada em pontos estratégicos do mundo não significava que deveria agir ou ser como eles. Já quase passei fome e jamais me esqueceria das dificuldades que presenciei em minha vida para me deixar sucumbir a uma vida mesquinha. De qualquer modo, morar lá tinha suas vantagens, pois era perto de tudo. Inclusive do Central Park, onde eu me preparava nesse exato momento para correr e manter meu físico extraordinário. Infelizmente obtive um empecilho ao destrancar a porta e fazer menção de sair, afinal, minha melhor amiga encontrava-se do lado de fora.

- O que está fazendo aqui? - Perguntei, desinteressada.

- Que recepção boa! Como posso ter tão digna de tanto amor? -Debochou, Bárbara.

- Eu tô estressada, não enche. -Disse, com 100% de vontade de sair correndo e deixá-la plantada ali mesmo.

- Aconteceu alguma coisa?

- A essa altura você já deveria saber que eu sou movida a estresse. Não precisa de um motivo específico para que eu me sinta assim.

- É seu dia de sorte então. Estou aqui para resolver todos os seus problemas de estresse. - Ela disse, me empurrando e indo direto para o sofá.

- Ah claro... E pretende fazer isso de que maneira ? Tentando me arrastar novamente para uma sauna, banho de lama, massagem terapêutica ou yoga ? - Questionei.

- Não, eu desisti de fazer as coisas do meu jeito. Agora nossos planos serão baseados nas coisas que você gosta de fazer, por mais estranhas que sejam.

- Gostar de sentir adrenalina correndo nas veias não é algo estranho, e sim, muito interessante.

- Com certeza...É muito legal passar o tempo tentando se matar pulando de paraquedas e saltando de bungee jump. Sinto muito, mas isso eu não encaro.

- Eu sei, por isso nunca te chamo.

- Pode até ser, mas nem isso tem feito ultimamente.

- Não mesmo, ando muito ocupada.

- Ocupada fazendo o que se ainda nem arrumou um emprego?

- Falou a amiga também desempregada. - Ironizei.

- Carol, faz meses que você se mudou e sua casa está desarrumada, repleta de caixas espalhadas por todos os cômodos.

- Não tive tempo de arrumar.

- Não teve tempo ou está tentando arrumar uma desculpa para ir embora novamente e deixando as coisas em prontidão para fazê-lo?

Olhei-a frustrada, mas respirei fundo e deitei em sua coxa.

- Me sinto perdida... Eu voltei para recomeçar, mas não vejo nada de diferente acontecendo em minha vida. Apenas passo meus dias fazendo sempre as mesmas coisas, sem contar que até agora não consegui aprovação de nenhum dos grandes jornais para um emprego, seja ele temporário ou não.

- Não se preocupe, as coisas vão melhorar. Tenho certeza que logo aparecerá uma grande oportunidade para você que mudará sua vida por completo.

- Como consegue ser tão otimista diante de toda merda que acontece? - Perguntei abismada.

- Sei lá, eu só acho que devemos aproveitar o pouco que a vida nos oferece e não nos deixar levar pelas coisas ruins que vem junto.