Matthew Collins
– Olha o respeito, menino. Que negócio é esse de me chamar de "Você".
– Perdão, mãe. É que a senhora me pegou desprevenido.
– Viajei até aqui para vê-lo, era óbvio que algo não estava certo e agora entendo o motivo. – Ela disse, apontando para o meu braço.
– Como sabia? Não falamos nada. – Questionei.
– Meu filho… A essa altura já deveria entender que a mãe sempre sabe quando sua cria está com algum problema, seja ele qual for. – Virou-se na direção de André – E o senhorzinho, vamos ter uma conversa séria sobre ter mentido para mim.
– Foi o Matt quem pediu para não contar nada, eu me opus desde o início. – Levantou as mãos em rendição e sua toalha caiu causando um momento ainda mais constrangedor. – Puta que pariu, desculpa! Eita porra… Xinguei, desculpa… Ai droga, eu só tô me enrolando… Mil perdões, Dorothy. – Finalizou, correndo em direção ao closet para vestir algo.
– Não se preocupe, garoto! Eu já lhe dei muitos banhos nessa vida, mas devo dizer… Ainda possui uma boca muito suja para um homem da sua idade.
– Se ele nunca aprendeu a parar, não vai ser agora. – Comentei.
– Você não se meta, está tão errado quanto ele. Não deveria me esconder as coisas!
– Apenas queria evitar uma situação como essas em que você aparece toda preocupada querendo me repreender pelo que fiz. André já fez o papel de mãe, não se preocupe! – Debochei, lembrando do sermão no hospital.
– Acho bom me contar logo o que aconteceu, antes que eu te encha de pancada! Não dou a mínima se está machucado, te deixo ainda mais prejudicado.
– Antes de mais nada, chegue mais perto. – Pedi e assim ela o fez. – Senti tanto a sua falta… – Comentei, a abraçando da maneira que pude.
– Eu também, filho.
– Desculpa por tudo, não queria te preocupar e fazer vir aqui atoa.
– Não é atoa quando se trata de você, ainda mais estando assim. O que aconteceu? E não se atreva a mentir novamente.
Acabei rindo com sua atitude e quando André se juntou a nós me ajudou a explicar toda a situação e dar o suporte necessário para ela, pois diante de tudo que ouviu, era inevitável não desabar. Após muita conversa a convenci que não repetiria meu erro e provei que estava realizando um tratamento. Acabamos decidindo ver um filme para dissipar todo aquele clima ruim, mas eu prestava mais atenção em minha mãe do que no enredo em si. Aquela mulher me gerava grande admiração e eu me convencia cada vez mais do quanto iria me esforçar para ajudá-la com os trabalhos de costura. Sempre achei incrível o fato de criar roupas tanto para mim, quanto para si. Inclusive, estava utilizando um lindo vestido verde que valorizava suas curvas e combinava perfeitamente com seus olhos de mesmo tom. Seu cabelo estava cortado na altura do ombro e as pontas todas enroladas, certamente usou seus famosos "bobs" para moldar da forma que gosta.
– O que foi, filho? Você está estranho…
– Nada, não se preocupe. – Respondi, dando um sorriso para lhe passar segurança.
– Nossa, olha só isso… Costumávamos ir em uma montanha russa dessas quando crianças. – Disse André, apontando para a tv.
– O tempo os valorizou, mas sinto falta de antigamente, vocês cresceram rápido demais.
– Eu não fui o único que cresci. – André comentou apontando para as calças e começou a rir.
– Meu deus! – Acabei rindo com ele e mais ainda por ver minha mãe ficando tão vermelha quanto um pimentão.
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Traga o Desastre
AksiCaroline Novac teve sua vida reinventada após um trágico acontecimento, o qual a fez se tornar agente dupla buscando formas de sobreviver, mas os desafios se tornam ainda maiores quando se depara com um velho conhecido que alimenta grande ódio e res...