Capítulo 57- Izzy

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Quatro horas antes

Acordo com meu celular despertando baixinho. Enfio minha mão depressa de baixo do meu travesseiro e pego o celular, desligando imediatamente o despertador para que Kevin não acorde.
Ele está dormindo atrás de mim com o braço passado me envolvendo em um abraço. Estou encolhida na frente dele, minhas costas contra seu peito e minhas pernas entre as suas. As poucas roupas que estamos usando são um reflexo dessa madrugada. E se não fosse por ele, com certeza ainda estaria acordada remoendo o que irá acontecer hoje.
Enquanto seguro meu celular com uma mão, a outra está por cima das mãos grandes e quentes de Kevin que estão relaxadas abaixo de meus seios. Tento ir mais para trás, na intenção de ficar mais próxima de seu corpo, mas a verdade é que não tem nenhum espaço entre nós dois.
Trago o celular para mais perto do meu rosto depois de baixar a luz da tela até o mínimo e vejo que já são quase 6h da manhã. Falta somente uma hora e meia para que eu pegue o voo de volta para Evermore. Falta somente uma hora e meia para que eu volte definitivamente para os Corvos.
Temo que Kevin acorde quando o mesmo se mexe atrás de mim, porém, ele não acorda. Somente aperta por uma fração de segundos o abraço.
É nesta hora que eu agradeço por ele ter um sono pesado e ser uma pessoa difícil de ser acordada. Tiro os braços que me envolvem e rolo para fora da colchão enquanto ele muda a posição que dorme e se ajeita sem me ter na cama.
Pego meu roupão que está pendurado atrás da porta do quarto e o visto. Depois que amarro a corda do roupão, sigo até o banheiro e fecho a porta cuidadosamente para que não faça barulho.
Ali, sozinha, me encaro no espelho tentando convencer a mim mesma que tudo vai ficar bem e que um dia vou poder voltar a ver e a jogar com minha verdadeira equipe.
Depois de ter escovado os dentes, saio do banheiro somente para pegar a roupa que usava ontem. Quando volto, tomo um banho rápido. Após já estar pronta e de já ter calçado o tênis, pego minha mala que eu já havia trago para cá semana passada e deixo na porta do quarto. Porém, antes de sair, vou até a pessoa que dorme na minha cama e agacho ao seu lado. Encosto minha cabeça na de Kevin e fico assim por alguns instantes, pedindo mentalmente para que me entenda e que não desista de mim ainda.

- Me desculpe por isso, por favor- sussurro. Minha voz sai trêmula a cada palavra dita, assim como meus olhos que ardem- Eu vou dar um jeito de ver vocês, eu prometo.

Me distancio dele o suficiente para que conseguisse olhá-lo. Estudo seu rosto tentando de alguma forma fotografar essa imagem na minha mente. Tentando de alguma forma guardar tudo para que eu consiga suportar esse tempo que ficarei com Riko em Evermore.
Levo meus lábios até sua testa e deixo um breve beijo ali. Me levanto e me afasto da cama tapando a boca quando as lágrimas começam a escorrer por meu rosto e não consigo fazer nada para impedi-lás.
Não irei mais poder vê-lo direito, e muito menos ter qualquer tipo de contato com ele. Não vou mais poder conversar com meus primos, com Nicky.
Com as Raposas, minha família.
A minha verdadeira família.
Respiro fundo engolindo o choro, e me obrigando a parar de chorar. Vou até minha mala e abro o zíper traseiro. A vontade de chorar volta a piorar quando tiro dali uma carta.
Estico meu braço o suficiente para que eu conseguisse deixá-la encima do móvel que fica do seu lado da cama. O papel está dobrado delicadamente três vezes quando coloco seu celular que carrega encima.
Dou uma última olhada nele antes de me virar e sair do quarto, fechando a porta atrás de mim.
Mesmo que eu soubesse que descer as escadas de uma vez seria mais fácil, não é isso que faço. Eu passo no quarto de cada um dos três. Nicky estava dormindo de bruço quando abri a porta o suficiente para que meio corpo pudesse ficar para dentro. Aaron estava dormindo de lado encolhido. Enquanto Andrew, em seu quarto, dormia virado para a parede e também encolhido. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas eu não emitia absolutamente nenhum som.
Fecho a porta do quarto de Andrew e desço as escadas rapidamente.
Enquanto ligo e celular, entrando no aplicativo de táxis, atravesso a sala em silêncio para não acordar Neil que dormia no sofá. Contudo, quando estou quase chegando na porta, ouço sua voz soar baixinho do outro lado da sala.

It's like that, and it always will be- AFTGOnde histórias criam vida. Descubra agora